Austríaco admite ter abusado da filha durante 24 anos

O caso foi descoberto após uma das filhas de Elizabeth ser internada em estado grave

Agência Estado

Joseph Fritzl, de 73 anos, confessou nesta segunda-feira ter mantido sua filha Elizabeth, de 42, presa no porão de sua casa durante 24 anos, sem nenhum contato com o mundo exterior. Num caso que chocou a Áustria, Fritzl disse ter abusado sexualmente de sua filha, com quem teve sete filhos. Segundo jornais austríacos, o caso foi descoberto após uma das filhas de Elizabeth ser internada em estado grave e a polícia receber uma ligação anônima denunciando os abusos, o que indicaria que alguém saberia – ou pelo menos suspeitaria – de Fritzl.

Dos sete filhos, apenas três viviam com Elisabeth: Kerstin, de 19 anos, Stefan, de 18, e Felix, de 5. Os outros – Lisa, de 15, Monica, de 14, e Alexander, de 12 – viviam com Fritzl e sua mulher, Rosemarie, que aparentemente não sabia dos abusos. O irmão gêmeo de Alexander morreu logo depois do parto e seu corpo foi incinerado por Fritzl.

À família, o austríaco, que era engenheiro elétrico, disse que a filha havia fugido para viver com uma seita. Para justificar a presença dos filhos de Elisabeth, Fritzl disse que a filha os havia abandonado em sua porta, com uma carta afirmando não poder cuidar das crianças.

A Áustria tentava entender nesta segunda-feira como uma atrocidade de tal tamanho passou despercebida durante tantos anos. A descoberta de domingo lembrou o caso da austríaca Natascha Kampusch, que em 2006, escapou de um cativeiro, após passar oito anos seqüestrada. “Esse é um crime terrível. Não conheço nenhum caso igual na Áustria”, afirmou o chefe de segurança da Baixa Áustria, Franz Prucher.

O caso começou a se desenrolar quando Kerstin, de 19 anos, foi internada por Fritzl em estado grave, aparentemente sofrendo de uma doença degenerativa, que indicaria incesto. Então sem informações sobre a mãe da menina, as autoridades fizeram um apelo na TV. Elizabeth teria convencido o pai a deixar que ela e os outros dois filhos deixassem o cativeiro, para que pudessem conversar com os médicos. Segundo o hospital onde Kerstin está internada, ela está em coma induzido.

Uma denúncia anônima levou a polícia a deter Fritzl e Elisabeth quando estavam perto do hospital. Não está claro se a polícia austríaca já sabe quem foi o autor da denúncia. Segundo a CNN e o jornal Austria Today Elizabeth teria colocado um recado pedindo socorro num bolso da filha, mas essa informação também não foi confirmada.

Elizabeth só revelou os abusos de seu pai após a polícia garantir que ela e seus filhos nunca mais teriam de ter contato com Fritzl. Segundo autoridades, a austríaca e seus filhos, que nunca viram a luz do dia, foram internados com “trauma profundo” Stefan e Felix sofreriam de distúrbios visuais e de pele, resultado da falta de exposição à luz solar. Hoje, a polícia divulgou imagens do cativeiro construído por Fritzl ao longo dos anos.