Morreu ontem, aos 58 anos, o presidente venezuelano Hugo Chávez. Ele estava internado em um hospital militar de Caracas após passar dois meses em Cuba tratando um câncer. A morte foi anunciada pelo vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em rede de rádio e televisão.
Maduro pediu que o povo venezuelano enfrente este momento com o amor que Chávez ensinou e com união. O vice-presidente encerrou a fala com a frase: Viva Hugo Chávez! Viva para Sempre. Desde que sua enfermidade foi diagnosticada, em junho de 2011, Chávez passava longos períodos em Cuba, onde tratava a doença.
Presente na vida política da Venezuela há pelo menos 20 anos, o tenente-coronel da reserva Hugo Rafael Chávez Frias atraiu ódio e amor da população na mesma medida. Seus partidários o viam como o líder que tirou milhões da miséria e reduziu a pobreza de 42% para 9,5%. Os detratores o descreviam como um caudilho populista que vergou ao limite as regras da democracia, eliminando a independência entre os poderes, manobrando programas sociais em troca de votos e perseguindo a imprensa.
Chávez apareceu pela primeira vez no cenário político venezuelano ao tentar derrubar o então presidente Carlos Andrés Pérez em um golpe de Estado frustrado, em 1992. O militar foi preso e cumpriu pena por 2 anos. Em 1998, decidiu aderir ao processo democrático. Organizou uma campanha centrada no contato próximo da população mais pobre e foi eleito com 56% dos votos.
Em outubro de 2012, foi eleito para um quarto mandato que o credenciava a permanecer por 20 anos seguidos na presidência da Venezuela. Com 55% dos votos, o líder bolivariano havia prometido, durante a comemoração da vitória, ser um presidente melhor do que tem sido. Logo após a vitória, Chávez nomeou o então chanceler Nicolás Maduro como seu vice-presidente.
Câncer — O maior abalo de Chávez ocorreu em 2011, quando descobriu que sofria de um câncer pélvico. Os detalhes da doença e do tratamento nunca foram divulgados. Chávez passou por quatro cirurgias em um ano e meio, a última ocorreu em dezembro de 2012.
O presidente chegou a dizer, em 2011, que estava livre do câncer após ser tratado, mas em dezembro de 2012 anunciou que células malignas haviam retornado e ele precisaria de mais uma intervenção cirúrgica.
O líder bolivariano foi a Havana novamente para realizar uma nova cirurgia e retornou para Caracas apenas em fevereiro deste ano. Em dois meses, apenas uma foto do presidente foi divulgada. Com isso, a oposição pressionou o governo diversas vezes para que anunciassem a ausência do presidente e convocassem novas eleições, o que não ocorreu.