Os EUA chegam Ă s eleições de meio mandato com a maior inflaĂ§Ă£o dos Ăºltimos 40 anos, sĂ£o 8,2% nos Ăºltimos 12 meses. A situaĂ§Ă£o Ă© pior com os alimentos, que aumentaram 11,2% e a energia, que subiu 19,8%. O fantasma da recessĂ£o assusta o eleitor que decidirĂ¡ na terça-feira quem terĂ¡ o controle do Congresso.
Como o voto nĂ£o Ă© obrigatĂ³rio, muitos podem se sentir motivados a ir Ă s urnas como resposta ao descontentamento com um governo que parece nĂ£o controlar as consequĂªncias econĂ´micas da pandemia e da guerra na UcrĂ¢nia.
Segundo pesquisa da Universidade de Chicago, a inflaĂ§Ă£o lidera a lista de preocupações dos jovens. Para 24% deles, ela Ă© o problema mais importante. Crescimento econĂ´mico, desigualdade e meio ambiente empatam em segundo lugar, com 6% cada.
Cerca de 78% dos americanos classificam as condições econĂ´micas do paĂs como “pobres” ou “muito ruins”, de acordo com uma pesquisa realizada pelo SSRS para a CNN em setembro e outubro.
Com o debate dominado pela economia, os republicanos chegam com vantagem. Metade dos americanos diz que as polĂticas do presidente Joe Biden pioraram a vida, apenas 32% aprovam suas medidas contra a inflaĂ§Ă£o.
Crise global
O professor da Universidade de Northwestern, Alvin Tillery, especialista em polĂtica, tambĂ©m acredita que a inflaĂ§Ă£o seja o fator mais importante na hora do voto. “É um problema global, mas nĂ£o acho que os democratas tenham feito um trabalho forte quanto a isso”, disse. “Biden teria falhado em comunicar que parte da responsabilidade Ă© do presidente russo, Vladimir Putin.”
Para Tillery, os democratas erram ao afirmar que a questĂ£o foge do controle dos EUA. “NĂ£o acho que eles tenham feito um bom trabalho de comunicaĂ§Ă£o”, analisa Tillery, apesar de o problema afetar vĂ¡rios paĂses do mundo.
Com isso, mesmo nĂ£o tendo planos concretos para conter a inflaĂ§Ă£o, os republicanos se beneficiam simplesmente pelo fato de serem a oposiĂ§Ă£o, diz Tillery. “A polĂtica nĂ£o Ă© apenas sobre o que vocĂª conquistou, mas tambĂ©m sobre o que seus oponentes estĂ£o oferecendo”, afirmou.
Para Mark Hamrick, analista da consultora Bankrate, “os republicanos sĂ£o vistos como mais competentes” em temas econĂ´micos. “O que os democratas deveriam estar fazendo Ă© uma combinaĂ§Ă£o do que Barack Obama fez, dizendo Ă s pessoas que estamos diante de um panorama ruim, mas que o outro lado nĂ£o tem soluções para resolver esses problemas”, disse.
A lei de reduĂ§Ă£o da inflaĂ§Ă£o, aprovada pelos democratas no Congresso em agosto, Ă© uma medida que nĂ£o deve reduzir os nĂºmeros da inflaĂ§Ă£o no curto prazo e influenciar os votos. Para Hamrick, Biden apostou em conter a inflaĂ§Ă£o reduzindo o dĂ©ficit, diminuindo os preços dos medicamentos e investindo na produĂ§Ă£o de energia limpa, o que pode ter um impacto apenas no longo prazo.
“NĂ³s vimos um declĂnio nos preços da gasolina, mas isso nĂ£o Ă© suficiente para derrubar a inflaĂ§Ă£o em geral”, pondera Hamrick. “Os eleitores estĂ£o fazendo esses julgamentos e vamos ver como fica.”
Mudança
Por isso, a resposta do eleitor Ă© a mudança. Seguindo o clima eleitoral, essa cacofonia desestimula os eleitores democratas, alĂ©m de inflar os indecisos e descontentes com a atual situaĂ§Ă£o. Como Justin Williams, funcionĂ¡rio pĂºblico do Estado de Nova York, que foi votar na High School of Art and Design.
Ele Ă© filiado ao Partido Republicano e espera que a inflaĂ§Ă£o influencie o resultado. “Espero que o candidato republicano para o governo estadual ganhe, porque isso seria Ă³timo para o Estado de Nova York.”
Outros eleitores ouvidos pela reportagem incluem a criminalidade em sua lista de preocupações. Como o investidor de ações Louis Basile, de 61 anos. “O que mais influencia o meu voto Ă© o crime em Nova York, que estĂ¡ fora de controle.”
O casal, Diane e Robert, que acabava de depositar seu voto, tambĂ©m aponta o aumento da criminalidade como fator motivador de sua escolha eleitoral, mais do que os nĂºmeros da inflaĂ§Ă£o. Apesar de admitir que a economia nĂ£o estĂ¡ em seu melhor momento. “TerrĂvel! Os gastos, a economia, e Ă© hora de uma mudança”, enfatiza Robert.
Alguns eleitores, no entanto, culpam o ex-presidente Donald Trump pela crise. Rachel Anderson disse que a inflaĂ§Ă£o nĂ£o influenciou seu voto. “Estamos saindo de um perĂodo muito longo de agitaĂ§Ă£o por causa da pandemia e precisamos ponderar.”
Para ela, o governo acaba de aprovar medidas para ajudar as pessoas que realmente precisam de um alĂvio. “As pessoas acreditam no que quiserem. Mas foram os problemas do Ăºltimo governo que nos colocaram aqui”, disse. “SĂ³ se passaram dois anos. Precisamos de um mandato completo para resolver isso.”
As informações sĂ£o do jornal O Estado de S. Paulo.