O presidente Luiz InĂ¡cio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 19, durante entrevista coletiva em Bruxelas, que o presidente do Chile, Gabriel Boric, Ă© “sequioso [sedento]” e “apressado” devido Ă s suas crĂticas sobre a resistĂªncia de algumas nações latino-americanas que se recusam a condenar a RĂºssia pela invasĂ£o na UcrĂ¢nia e vetaram menções ao paĂs de Vladimir Putin na declaraĂ§Ă£o final.
Segundo o petista, a juventude do presidente chileno, de 37 anos e sua “falta de costume” justificam a pressa, mas Ă© importante lembrar que cĂºpulas como as que ambos participaram tĂªm interesses de vĂ¡rias nações sobre a mesa.
Lula e Boric, considerados os dois principais lĂderes de esquerda na AmĂ©rica do Sul, falaram em Bruxelas, na BĂ©lgica, onde participaram de uma cĂºpula entre a UniĂ£o Europeia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
Na terça, 18, Boric defendeu uma postura mais firme do continente contra a guerra da UcrĂ¢nia. Boric defendeu que a declaraĂ§Ă£o final da cĂºpula adotasse uma postura mais enfĂ¡tica contra a invasĂ£o russa na UcrĂ¢nia. O documento, divulgado nesta terça, manifesta apenas “profunda preocupaĂ§Ă£o” com o conflito, e nĂ£o cita a RĂºssia.
Na ocasiĂ£o, o presidente chileno disse: “Estimados colegas, hoje Ă© a UcrĂ¢nia e amanhĂ£ pode ser qualquer um de nĂ³s. NĂ£o duvidemos disso devido Ă complacĂªncia que se poder ter em um momento ou outro com qualquer lĂder. NĂ£o importa se gostamos ou nĂ£o do presidente de outro paĂs. O importante Ă© o respeito ao direito internacional, que foi claramente violado aqui por uma parte que Ă© invasora, a RĂºssia”.
Boric queria uma declaraĂ§Ă£o conjunta mais contudente contra a RĂºssia, mas, segundo ele, a declaraĂ§Ă£o estava travada porque “hoje em dia alguns nĂ£o querem dizer que a guerra Ă© contra a UcrĂ¢nia”.
Lula afirmou que “jĂ¡ teve a pressa de Boric”, afirmando que durante reuniões internacionais em seu primeiro mandato queria que tudo fosse solucionado no mesmo instante. “Mas nĂ£o, nĂ£o sĂ£o sĂ³ os interesses do Brasil. Ontem estĂ¡vamos discutindo a visĂ£o de 60 paĂses e temos que entender que nem todo mundo concorda com a gente”.
“Eu nĂ£o tenho por que concordar com o Boric, Ă© uma visĂ£o dele. Eu acho que a reuniĂ£o foi extraordinĂ¡ria, Possivelmente, a falta de costume de participar dessas reuniões faz com que um jovem seja mais sequioso, mais apressado, mas as coisas acontecem assim”, declarou Lula.
Para Lula, a reuniĂ£o que chegou ao fim na terça “foi extraordinĂ¡ria” e a “mais madura reuniĂ£o da qual eu participei entre a AmĂ©rica Latina e a UE, onde se discutiu os temas que se deveriam discutir”. A conclusĂ£o final, disse ele, foi “extremamente razoĂ¡vel”.
“Foi a mais madura reuniĂ£o que eu participei entre AmĂ©rica Latina e UniĂ£o Europeia, foi a mais importante. Onde se discutiram os temas que precisa se discutir, e se chegou a um documento extremamente razoĂ¡vel”, prosseguiu.
Segundo Borrell, a discussĂ£o centrou-se em como “fazer as eleições avançarem de forma inclusiva, eleições livres que possam ser reconhecidas pela comunidade internacional”. No encontro, Borrell voltou a oferecer o envio de uma missĂ£o de observaĂ§Ă£o eleitoral Ă Venezuela, desde que o paĂs siga as recomendações que os enviados de Bruxelas formularam apĂ³s as Ăºltimas eleições.
Na semana passada, o principal negociador do governo e presidente do Parlamento venezuelano, Jorge RodrĂguez, descartou o envio de uma delegaĂ§Ă£o eleitoral da UE para as eleições de 2024. O envio dessa missĂ£o nĂ£o ficou decidido, disse Borrell. “Apenas ofereci essa possibilidade”, afirmou.
A UE enviou uma missĂ£o de observaĂ§Ă£o Ă Venezuela no final de 2021 para as eleições regionais e municipais – as primeiras desde 2006 – e destacou os avanços, mas tambĂ©m criticou “a inabilitaĂ§Ă£o arbitrĂ¡ria de candidatos”.
No fim de junho, a ditadura de Maduro tornou inelegĂvel por 15 anos MarĂa Corina Machado, uma das prĂ©-candidatas favoritas. Ela se junta a outros dois nomes importantes da oposiĂ§Ă£o que jĂ¡ haviam sido barrado da disputa eleitoral: Juan GuaidĂ³ e Henrique Capriles.
(com agĂªncias internacionais)