Mais de cem monges budistas protestaram hoje no norte de Mianmar, na primeira manifestação pública desde que o governo reprimiu uma série de demonstrações no mês passado, disse um religioso envolvido na passeata.
O protesto ocorreu em Pakokku, no norte birmanês, e durou cerca de uma hora. Os religiosos entoaram somente cânticos religiosos, sem entoar palavras de ordem.
Apesar disso, um monge ouvido pela rádio Voz Democrática da Birmânia, com sede na Noruega, disse tratar-se de uma continuação dos protestos do mês passado. Birmânia era o nome de Mianmar na época da colonização britânica.
“Andamos pela cidade e entoamos cânticos. Estamos dando seqüência aos protestos do mês passado, uma vez que ainda não alcançamos nenhuma de nossas reivindicações”, disse o monge, que não teve a identidade revelada.
“Nossas exigências são a redução dos preços, a reconciliação nacional e imediata libertação de Aung San Suu Kyi”, líder do movimento pela democracia em Mianmar, prosseguiu o religioso.
Segundo ele, houve pouco tempo para organizar a passeata, motivo pelo qual ela teria sido pequena, e “haverá novos protestos, maiores e melhor organizados, em breve”.
Pakokku é um centro de conhecimento budista com mais de 80 monastérios. A cidade situa-se a 630 quilômetros de Rangum, a maior cidade do país. A repressão a uma manifestação de monges no mês passado insuflou protestos contra a junta militar que vinham ocorrendo havia algumas semanas em Rangum.
No auge, as manifestações reuniram dezenas de milhares de pessoas – as maiores em duas décadas. A repressão aos protestos em Rangum resultou na morte de pelo menos dez pessoas, segundo números oficiais. Opositores do regime dizem que cerca de 200 pessoas teriam morrido.