O papa Bento 16 chorou neste domingo (18) ao encontrar oito vítimas de abusos sexuais cometidos por religiosos em Malta, afirmou um dos participantes da reunião.
“Vi o Papa chorar de emoção”, disse Lawrence Grech, que revelou ainda que não esperava que o pontífice se desculpasse, “mas vi nele e no bispo de Malta (Dom Paul Cremona) a humildade de uma Igreja que, naquele momento, representava todo o problema da Igreja moderna”.
Bento 16 “apoiou sua mão sobre a cabeça de alguns dos participantes do encontro, abençoando-os. Senti-me liberado e aliviado de um grande peso”, continuou.
Grech contou ainda que “não ia mais às missas e havia perdido a fé”, mas agora se sente “um católico convicto”.
O encontro com o papa foi “o maior presente que recebi depois do nascimento da minha filha”, completou o fiel que, inclusive, não pôde participar da festa da menina, que neste domingo celebrava o seu terceiro aniversário.
Hoje com 35 anos, Grech foi uma das oito crianças abusadas sexualmente por padres em um orfanato católico da localidade de Santa Venera, na década de 1980. O grupo foi recebido pelo papa na Nunciatura Apostólica, em Rabat.
Bento 16, por sua vez, expressou sua “consternação” diante dos episódios e “a vergonha e dor por aquilo que as vítimas e suas famílias sofreram”.
A reunião aconteceu na tarde deste domingo, após a celebração de uma missa na Praça dos Celeiros, em Floriana, e era um dos momentos mais esperados da visita, embora não estivesse no programa oficial.
Bento 16 conclui hoje sua viagem apostólica ao arquipélago de Malta, realizada em ocasião do 1950º aniversário do naufrágio de São Paulo. O retorno a Roma está previsto para as 20h45 locais (15h45 no horário de Brasília).