BILIN, Cisjordânia, 04 (AE-AP) – Numa decisão embaraçosa para o governo de Israel, a Suprema Corte do país ordenou o Exército a redesenhar o traçado de uma barreira de separação construída na Cisjordânia na região onde se situa uma aldeia palestina que simboliza a oposição ao emaranhado de cercas, muros e trincheiras.
Moradores da aldeia de Bilin haviam ingressado com uma ação na justiça alegando que o traçado original da barreira de segurança os impediria de trabalhar em seus campos de cultivo.
Ao longo dos últimos dois anos e meio, moradores de Bilin e simpatizantes israelenses e estrangeiros protestaram no local da barreira todas as sextas-feiras, muitas vezes entrando em choque com as forças de segurança de Israel. Dezenas de pessoas ficaram feridas nesse período.
O governo israelense argumentava que o traçado era necessário para proteger os moradores da colônia judaica de Modiin Illit, construída nas proximidades. O muro que separa os moradores de Bilin de seus campos e pomares já foi erigido.
Por unanimidade, os três juízes da Suprema Corte rejeitaram hoje os argumentos do governo e ordenaram aos estrategistas de defesa do país que alterem o traçado do muro para reduzir os danos provocados aos habitantes do vilarejo palestino.
“Nós não fomos convencidos de que isso é necessário por razões de segurança ou militares”, escreveu o magistrado Dorit Beinish, presidente do painel.
Os juízes ordenaram ao governo que apresente um novo traçado dentro de “um período razoável de tempo”.
Esta não é a primeira vez que a Suprema Corte de Israel ordena uma mudança no traçado do emaranhado de cercas, muros e trincheiras.
Em Bilin, os moradores celebraram a decisão com mais um protesto diante da barreira. “Eles derrubaram o Muro de Berlin. Queremos pôr abaixo o Muro de Bilin” entoavam os manifestantes.
Por meio de um comunicado, o Ministério da Defesa de Israel informou que “a decisão será estudada e respeitada”.
Israel começou a construir a barreira de 680 quilômetros de extensão em 2002 sob a alegação de que o emaranhado de cercas, muros e trincheiras é necessário para impedir incursões de militantes radicais palestinos em seu território.
Entretanto, a barreira de segurança invade em diversos pontos a Cisjordânia e deixa aldeias palestinas no “lado israelense” da barreira.
Os palestinos denunciam a barreira como uma tentativa israelense de tomar territórios nos quais a Autoridade Nacional Palestina (ANP) pretende fundar um Estado independente e soberano, inviabilizando sua emancipação.