O principal tribunal da Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu hoje (3) que a Sérvia não cometeu genocídio contra os croatas e que a Croácia não cometeu genocídio contra os sérvios, na guerra que opôs os dois países entre 1991 e 1995.

A Corte Internacional de Justiça anunciou hoje os vereditos de dois processos: um interposto pela Croácia contra a Sérvia e outro apresentado pela Sérvia contra a Croácia. Em ambos os casos, o tribunal considerou que as alegações de genocídio não ficaram comprovadas.

A Croácia não foi capaz de provar as alegações de que foi cometido um genocídio, afirmou o juiz presidente Peter Tomka, numa audiência pública em Haia.

O coletivo de 17 juízes considerou que os atos cometidos pelos sérvios no início do conflito não tinham por objetivo destruir fisicamente o grupo étnico croata das regiões da Croácia reclamadas pelos separatistas sérvios, mas antes deslocá-los pela força.

Quanto ao segundo processo, Tomka afirmou que a Sérvia não foi capaz de provar um ato de genocídio contra sua população.

Mesmo provando que os líderes croatas pretendiam retirar a população sérvia do território da Croácia, não há prova de que o objetivo fosse sua destruição física, afirmou.

A proclamação da independência da Croácia, em 1991, foi seguida de uma guerra entre as forças croatas e os separatistas sérvios da Croácia, apoiados por Belgrado, que pretendiam integrar um Estado sérvio etnicamente puro.

A guerra servo-croata, uma das que abalaram os Balcãs nos anos 1990, fez cerca de 20 mil mortos.

A Croácia recorreu à Corte Internacional de Justiça em 1999 para que o tribunal culpasse a Sérvia por genocídio e cobrasse reparações financeiras.

Em 2010, a Sérvia respondeu com uma contraqueixa em que acusava a Croácia de genocídio na operação militar que acabou por pôr fim ao conflito. Segundo a Sérvia, 200 mil pessoas foram então obrigadas a fugir da Croácia.