Nova iluminacao
Nova iluminação cênica na Paróquia Santa Cândida. Curitiba, 20/08/2025. Foto: Hully Paiva/SECOM

Cartão-postal de Curitiba, a Igreja do Santa Cândida, ganhou uma nova iluminação para celebrar os 150 anos da imigração polonesa no Paraná. A iluminação será inaugurada na Festa de Santa Cândida, padroeira da Igreja Matriz do bairro, celebrada no dia 29 de agosto. Erguido em estilo neogótico, a igreja construída no alto de uma colina sempre foi um marco da paisagem, visível de diversos bairros ao redor.

Leia mais:

A nova iluminação será em tecnologia LED, que ilumina com mais eficiência e menor consumo energético, para deixar ainda mais atrativa e destacar a arquitetura, a fé, a cultura e história das famílias que vieram da Europa e contribuíram na construção e desenvolvimento da cidade. Neste ano, a imigração polonesa na Colônia Santa Cândida completa 150 anos. As luzes cênicas serão um presente do município pelo reconhecimento da trajetória dos europeus na capital paranaense.

Localizada na Rua Padre João Wislinski, o prédio atual, cuja arquitetura é inspirada nas igrejas medievais dos séculos XII a XV, começou a ser construído em 1929 e foi inaugurado em 1936. Junto havia uma capela que foi demolida em 1940. Atualmente, a edificação é uma Unidade de Interesse de Preservação.

Para o dia da festa de Santa Cândida

Para que seja acesa na presença dos fiéis na data da celebração da padroeira, a igreja já recebe as obras para a nova iluminação. Desde o início da semana, equipes da Engie, empresa com a concessão da iluminação publica da cidade, trabalham na implantação da infraestrutura subterrânea necessária para a instalação dos equipamentos de iluminação em LED e na instalação dos novos projetores. A ação tem a fiscalização da Secretaria Municipal de Obras Púbicas (Smop).

A nova iluminação será um convite para que fiéis e visitantes visitem o templo que tem no altar principal a imagem de Santa Cândida, uma relíquia histórica talhada em cedro, com 80 cm de altura, trazida de Portugal e presenteada por Dom Pedro II à colônia, em 6 de janeiro de 1877.

A imagem estava na Catedral de Curitiba e foi levada à primeira capela construída na colônia em junho de 1876, em uma procissão que reuniu mais de 2 mil fiéis e moradores do local.

Reconhecimento aos poloneses

O arquiteto e urbanista Thales Sinhorini, do Departamento de Iluminação Pública da Secretaria Municipal de Obras Públicas (Smop), destaca que a iluminação cênica na igreja vai além da valorização do patrimônio arquitetônico. Representa também o reconhecimento à comunidade polonesa.

“A arte de iluminar conecta à arquitetura quando os elementos decorativos recebem devido destaque. E assim, valorizamos a releitura dos fortes e contrafortes da arquitetura gótica, os detalhes e fenestrações ogivais, além de utilizar a gradação de temperatura de cor para dar destaque à verticalidade da torre que é tão característica deste estilo arquitetônico”, explica Sinhorini.

Segundo o arquiteto, a proposta da nova iluminação é a de usar luzes e sombras para criar um percurso que provoque a curiosidade e atraia as pessoas à igreja. “Como o templo é visto de longe, as várias perspectivas sob efeito da luz instigarão a aproximação”, completa Sinhorini.

Elementos neogóticos da Igreja, cartão-postal de Curitiba

Assim como as demais edificações históricas e monumentos da cidade receberam projetos luminotécnicos que preservam e destacam suas características, a Igreja Matriz do Santa Cândida recebe um projeto que valoriza os elementos decorativos neogóticos aplicados às fachadas e à imponente torre.

“Através de uma gradação de temperaturas de cor, que partem de 4000K no nível do piso e chegam à 6500K no ponto mais alto da torre, pensamos em promover uma sensação de elevar o olhar para o alto”, explica Thales.  

Para que esse efeito seja visto estão sendo instalados 127 equipamentos entre projetores embutidos no piso, projetores direcionáveis e perfis lineares embutidos no piso. Considerando a tonalidade dos acabamentos do templo, estão sendo usadas as temperaturas de cor de neutra à fria, com diversas fotometrias que permitem um degradê na tonalidade da projeção da luz.

Moradores comemoram

A pesquisadora Danusia Walesko, que vive no bairro desde que nasceu e é bisneta de um dos primeiros imigrantes que chegaram ao bairro Santa Cândida, considera que a nova iluminação vai deixar a igreja mais bonita, elevar a autoestima dos moradores e estimular a fé.

“Um templo deve ser um lugar de aconchego, beleza e luz. Iluminando o templo iluminamos simbolicamente nosso caminho espiritual. Nessa época de tantos obscurantismos é sábio que venha a luz”, comentou Danusia.

Para Maria Marli Bastos, que é ministra da eucaristia na igreja há 20 anos, a nova iluminação que chega para marcar a história do bairro e reverenciar a padroeira vai servir também como cartão de visita para o local, que ela considera ser um dos mais bonitos do bairro.

“Da janela de casa eu posso contemplar a torre e já acho maravilhoso, imagina depois que estiver com a iluminação nova! O que já é bonito ficará ainda mais, vai atrair mais pessoas e melhorar ainda mais esse importante espaço urbano”, disse Maria Marli.

História da igreja de Santa Cândida

A construção da Igreja Matriz de Santa Cândida começou em 1929, conduzida pelo padre Paulo Warkocz, que iniciou a obra de um templo grandioso, com três naves, 36 metros de comprimento e 13 de largura. Os trabalhos avançaram até a cobertura, mas foram interrompidos em 1930 devido à Revolução, ano em que o padre Paulo foi transferido para Irati.

Em 1931, assumiu a paróquia o missionário polonês padre João Wislinski, recém-chegado dos Estados Unidos e com ampla experiência pastoral. Ele mobilizou a comunidade para retomar a construção, concluindo a torre, a fachada e as janelas. A falta de recursos, no entanto, paralisou novamente a obra, que só foi retomada em 1935.

Finalmente, em 11 de outubro de 1936, o arcebispo Dom Áttico Eusébio da Rocha realizou a bênção solene e a inauguração da igreja que, pela imponência e beleza, tornou-se um marco visível de longe e motivo de orgulho para a Arquidiocese.

A Matriz de Santa Cândida é um dos grandes símbolos da imigração polonesa em Curitiba e, desde sua inauguração, permanece como espaço de fé e tradição, onde gerações de famílias se reúnem para casamentos, batizados e celebrações que marcam a vida da comunidade.