146 anos da conquista do Marumbi: como é subir uma das mais desafiadoras montanhas do Paraná

Dia em que se alcançou o cume mais alto do maciço no litoral paranaense é considerado o marco inaugural do montanhismo no Brasil

Rodolfo Luis Kowalski
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O conjunto Marumbi visto desde a Estação no pé da montanha (Foto: Rodolfo Luis Kowalski)

Nesta quinta-feira comemora-se o Dia Nacional do Montanhismo, uma data que exalta um feito paranaense. Foi no dia 21 de agosto 1879 que uma comitiva de desbravadores chegou ao ponto mais alto do Pico do Marumbi. Essa foi, também, a primeira vez que alguém subiu uma montanha com fins meramente esportivos. Uma empreitada sonhada e planejada ao longo de quase uma década por Joaquim Olímpio Carmeliano de Miranda. Hoje, inclusive, ele nomeia o cume mais alto do conjunto, o Olimpo, também numa alusão ao monte homônimo na Grécia, a morada dos deuses.

Localizado em Morretes, no litoral do Paraná, o Conjunto Marumbi é formado por diversos picos que superam os 1.000 metros de altitude. Por questões de segurança e preservação, no entanto, autoriza-se o acesso a apenas a apenas cinco dos seus principais cumes. São eles: Pico Olimpo (1.539 m), Gigante (1.487 m); Ponta do Tigre (1.400 m); Abrolhos (1.200 m); e Morro Rochedinho (625 m).

As trilhas do Marumbi

No local, são duas as trilhas principais, que o Bem Paraná percorreu por duas vezes ao longo do último mês. Uma delas é a vermelha (noroeste), que leva à bifurcação que dá acesso ao Abrolhos, de um lado, e à Ponta do Tigre, Gigante e Olimpo, do outro. A outra é a trilha branca (frontal), um caminho mais íngreme e direto até o ponto mais alto do conjunto, o Pico Olimpo. É possível, inclusive, fazer uma circular: subir pela trilha vermelha e descer pela branca, ou vice-versa.

Além disso, o Morro Rochedinho, opção mais fácil de todo o conjunto, possui também uma trilha própria, de 2 quilômetros a partir da Estação Marumbi. Uma ótima opção para quem está começando no montanhismo e quer ter uma primeira experiência no Marumbi. Outra boa opção para quem já tem alguma prática é subir só o Abrolhos, pela trilha vermelha, um caminho que já oferece um desafio técnico de nível razoável, já que são muitos os grampos (ou degraus) a serem subidos ao longo do percurso.

Como chegar até o conjunto

É possível acessar a sede do Parque Estadual Pico do Marumbi de trem. Outra opção é pegar um ônibus de Curitiba até Morretes e seguir a pé, táxi ou Uber até o vilarejo de Porto de Cima. Já quem vai de carro pode seguir pela BR-116 e entrar na Estrada da Graciosa (PR-410), seguindo até o vilarejo de Porto de Cima (PR-411) e chegando no receptivo do IAT de Prainhas. Este trajeto também pode ser feito pela BR-277, virando na PR-408 (acesso a Morretes), seguindo pela PR-411 chegando no receptivo do IAT de Prainhas.

Partindo do receptivo de Prainhas até a Estação Marumbi existe um trecho de aproximadamente 5 quilômetros. É possível percorrer isso a pé, de bicicleta ou de carro com tração 4×4.

O desafio de subir o Marumbi

Para fazer o Conjunto Marumbi, primeiramente é necessário estar atento ao horário. A primeira base do IAT, nas Prainhas, começa a liberar o acesso até a Estação Marumbi a partir das 5 horas. Já no pé da montanha, propriamente, os montanhistas são autorizados a começar a caminhada a partir das 6 horas, só que o horário limite para o início das trilhas vermelha (noroeste) e branca (frontal) é 9 horas. No Rochedinho, por sua vez, é possível começar a subida até 17 horas.

A trilha vermelha é um pouco mais longa do que a branca, mas também um pouco menos íngreme. Ainda assim, são diversos os trechos com cordas e grampos pelo caminho, com aproximadamente 5 quilômetros de extensão e 1.000 metros de desnível, com declividades que variam de 45 a 75%. A trilha branca já é mais curta, com aproximadamente 3 km, mas também é mais íngreme, com ganho de altimetria de 1.100 metros. Basicamente, passando a Cachoeira dos Marumbinistas, ainda no começo da trilha, você vai começar a subir quase que incessantemente, passando por muitos grampos.

Embora as duas trilhas possam parecer relativamente curtas, o ganho de altimetria é grande por quaisquer dos caminhos, o que torna a dificuldade elevada e exige um bom preparo físico. A vista lá de cima, no entanto, recompensa o esforço. É possível ver, do maciço do Marumbi, a Serra da Baitaca, da Farinha Seca e também o Ibitiraquire, onde ficam os famosos Pico Paraná (montanha mais alta da região Sul do Brasil) e o Siririca (considerada a montanha mais difícil do Paraná).

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Vista panorâmica no cume do Olimpo, o ponto mais alto do Marumbi (Imagens: Rodolfo Luis Kowalski)

Festival Marumbi: celebração da montanha

Nos dias 23 e 24 de agosto de 2025 a Praça do Porto de Cima, em Morretes, recebe a quarta edição do Marumbi Festival. O evento é uma homenagem aos 146 anos da primeira subida ao Pico do Marumbi e reunirá amantes da natureza, do esporte e da cultura, celebrando a montanha que é referência no ecoturismo nacional.

Entre as atividades previstas estão apresentações de capoeira, contação de histórias, oficinas de arte, práticas de yoga na praça e até passeios de cicloturismo. Os visitantes também terão a chance de ouvir as tradicionais histórias de pé de serra, que mantêm viva a memória local.

Na parte musical, o festival contará com shows de Pias do Djanho, da consagrada A Banda Mais Bonita da Cidade e do reggae vibrante do Djambi. Os shows acontecem na Praça do Porto de Cima, em meio ao cenário natural de Morretes.