fas
Carioca, que é dependente química, relatou à equipe da FAS que queria reencontrar os pais (Foto: Pablo Maestá)

Depois de meses de saudade, a jovem Abigail Alves das Neves, de 28 anos, está novamente junto de sua família. O reencontro aconteceu nesta segunda-feira (6 de outubro), e ela agora retornou para sua casa, em Cachoeiras de Macacu, no Rio de Janeiro. Carioca, técnica de enfermagem e dependente química há cinco anos, Abigail terá agora a oportunidade de um recomeço.

Segundo a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Curitiba, o reencontro foi possível graças à atuação conjunta da Fundação de Ação Social (FAS) e da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba. Tudo começou na última quinta-feira (2 de outubro), quando Abigail procurou o Centro Intersetorial de Atendimento a Pessoas em Situação de Rua (FAS SOS), por causa de um problema no olho. Quando esteve no local, falou sobre a vontade de reencontrar os pais.

A equipe da FAS ouviu a história de Abigail e localizou a família. A coordenadora do Centro POP – que funciona dentro da FAS SOS -, Eridan Rocha, descobriu na internet o telefone do trabalho dos pais de Abigail, e falou com a mãe da jovem, que expressou o desejo de receber a filha de volta.

“Quando ela falou que queria reencontrar a família, percebemos que ali podia haver uma oportunidade de recomeço. Fizemos o contato, a mãe atendeu e ficou feliz de ter notícias da filha. Desde então, acompanhamos todo o processo até o retorno”, contou Eridan.

Segundo a coordenadora, a escuta e a empatia são essenciais nesses casos. “Cada pessoa tem sua história e seu tempo. Nosso papel é oferecer caminhos e apoio para que possam retomar os vínculos e reconstruir a vida.”

O reencontro: “A pior dor é a saudade”

Abigail passou por atendimento de saúde e foi acolhida pelo município até esta segunda-feira, quando o pai, Gesse Pinheiro das Neves, 65 anos, chegou a Curitiba para buscá-la. As passagens de retorno foram fornecidas pela Casa de Acolhida e do Regresso (CAR), da FAS.

O pai contou que nunca desistiu da filha. “Enquanto houver esperança, a gente vai lutar para que ela se restabeleça”, disse. Segundo Gesse, a família está pronta para apoiá-la no tratamento. “Ela vai ter acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Tem tudo para dar certo, agora depende dela.”

Abigail, por sua vez, se alegrou ao ver o pai. “Ele já veio me buscar outra vez. Tenho pais bons, e estou ansiosa para voltar pra casa, ver minha mãe e minhas filhas. A pior dor é a da saudade”, comentou.

Ela agora quer manter o tratamento de saúde no Rio de Janeiro e reconstruir a vida. “Quero ajudar minha mãe a cuidar das minhas filhas e procurar um emprego na minha área. Quero fazer tudo o que um dependente químico precisa fazer para voltar a ter uma vida normal.”

Retorno familiar

O retorno familiar é um dos objetivos do trabalho da FAS com pessoas em situação de desabrigo e de rua. Desde o último dia 1º de janeiro, a FAS fez 332 retornos familiares de pessoas que aceitaram voltar para suas casas e familiares.

De acordo com Eridan, cada retorno familiar representa uma nova chance de reconstruir vínculos, histórias e vidas.