Flores no calçadão da Rua XV: é até provável que a maioria dos curitibanos não conheça a história da origem do apelido da via (Franklin de Freitas)

Uma das principais vias de Curitiba, a Rua XV de Novembro, no Centro da Capital, já teve outros nomes. O primeiro deles foi o de Rua das Flores, escolhido pela Câmara Municipal para batizar um caminho aberto entre os anos de 1820 e 1830 e que abrangia cerca de três quadras, ligando a Rua das Lisboas (atual Riachuelo) à Rua do Jogo da Bola (atual Dr. Muricy). Ironicamente, no entanto, na época em que ganhou o florido nome, a Rua das Flores praticamente não tinha… flores!

Segundo conta o historiador Ruy Wachowicz em reportagem publicada em 1994 no jornal Nicolau (intitulada “História das Histórias da Rua XV”), até é possível que naquele tempo existissem mesmo flores em alguns lotes baldios que ficavam na via e que tal fato tenha influído na escolha do nome da nova rua. Mas o que havia de fato na “Rua das Flores” (nome escolhido principalmente pela influência da então capital da Província, São Paulo, que tinha também uma rua batizada de “das Flores”), e em abundância, era excrementos quadrúpedes e lixo jogado aos cantos.

Quase dois séculos depois de sua inauguração, a Rua das Flores cresceu de tamanho e mudou de nome. Em 1880 passou a se chamar Rua da Imperatriz, após uma visita do casal imperial ao Paraná. Com a queda do Império e a proclamação da República, veio o nome atual: Rua XV de Novembro.

Curiosamente, porém, o nome original nunca fez tanto sentido como agora, por vezes até mesmo ofuscando o nome oficial da via. Um processo de transformação que teve início na década de 1970, quando o então prefeito da cidade Jaime Lerner fechou o leito da Rua XV, tornando-a calçada com Petit Pavê e exclusiva para pedestres.

Mais recentemente, foi vez de uma floricultura “revitalizar” o antigo nome. É a Erva Doce Floricultura. Localizado próximo da esquina da Rua XV com a Rua Mons. Celso, o ponto é tocado desde 2018 por Valter Peruzzo Filho. E apesar do espaço pequeno, de 16m², o lugar se destaca pela quantidade e variedade de plantas – grande parte delas colocadas do lado de fora da loja, enfeitando a antiga Rua das Flores.

“Só de suculentas, que é o nosso carro-chefe hoje, tenho mais de 300 espécies diferentes aqui para pronta-entrega”, conta o empresário, relatando ainda que a loja oferece também uma linha grande de temperos e chás, além da parte de paisagismo, com plantas voltadas para ambientes internos, uma vez que boa parte dos clientes moram em apartamentos que ficam na região. “Vou te falar que tem floricultura grande aí que às vezes não tem a mesma diversidade de plantas que a gente tem aqui nesse espacinho”, complementa ainda ele.

Com uma diversidade tão grande de plantas, não surpreende que muita gente chegue a associar a loja ao antigo nome da rua. “Eu já coloco todas essas flores do lado de fora justamente porque eu acho que tem muito a ver com o antigo nome da rua, né? A Rua das Flores. Quando o pessoal chega aqui, até tem turista que chega a acreditar que o nome Rua das Flores era por causa desse ponto aqui, até por causa dessa variedade de plantas que temos. O nome da rua não é por causa disso, mas também aproveitamos a história desse nome pra gente, né?!”, comenta o comerciante.


Em cinco anos, negócio já cresceu cerca de 50%
Desde que assumiu o ponto há quase cinco anos, em setembro de 2018, Valter conta que o volume de vendas da empresa já cresceu cerca de 50%. A pandemia, inclusive, acabou de certa forma ajudando o negócio, uma vez que muitas pessoas passaram a ficar mais tempo em casa e resolveram começar a cuidar mais do espaço onde viviam, decidindo ter algum verde na residência. “Isso abriu um pouco mais o mercado para nós”, afirma o empresário.

A loja funciona de segunda a sábado, durante a semana atendendo os curitibanos das 9 às 18 horas e nos sábados funcionando das 9 às 16 ou 17 horas, dependendo do movimento. E para 2023, as expectativas são positivas para a floricultura.

“O começo de ano foi meio de vagar, pessoal parecia meio de ressaca e a gente vinha também de um final de ano conturbado: teve eleição, Copa do Mundo, as coisas acontecendo muito próximas umas das outras. Então a primeira quinzena de janeiro não foi lá grandes coisas. Mas eu tive agora o meu melhor mês de março desde que eu abri aqui, o Dia das Mulheres surpreendeu todas as floriculturas, todo mundo ficou satisfeito com o volume de vendas. E agora em abril está dentro da média”, comenta Valter, que tem em sua loja opções para todos os gostos, bolsos e idades.