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Hoje no Brasil, o tratamento odontológico em portadores de autismo é limitado devido às dificuldades de interação com o dentista, pois as ações dos profissionais podem ser tidas como invasivas. As pessoas em condições autistas são hipersensíveis, apresentam uma capacidade sensorial acentuada e isso causa um desconforto com toques físicos e até sons desconhecidos. Um principal requisito para o sucesso do atendimento é manter o paciente calmo, trazendo segurança e mantendo o ambiente tranquilo para maior bem-estar do paciente.

Liderada pelo empresário Leo Puglisi, a clínica odontológica SmartClear oferece um atendimento humanizado para pessoas em condições autistas, visando garantir um bom atendimento, com confiança e expectativas alinhadas. Conversamos com a Dra. Ana Carolina Corazza Pedro, mestre e doutora em odontopediatria pela FOUSP, é especialista no atendimento humanizado e personalizado para crianças e adultos com autismo. A mesma afirma que ainda é um desafio para os profissionais, visto a complexidade e a heterogeneidade dos pacientes.

O acolhimento familiar e a humanização do atendimento são tidos como fundamentais para o processo do tratamento odontológico. “É de extrema importância entender as expectativas e alinhá-las da melhor forma possível com os cuidadores dos nossos pacientes, assim como explicar o nosso papel como profissional e organizá-los com os demais profissionais envolvidos na abordagem multidisciplinar dessas crianças.” afirma Ana Carolina, especialista em odontopediatria.

A dentista adiciona que o principal desafio, de forma geral, para a odontopediatria, são as urgências, pois isso demanda uma intervenção imediata, muitas vezes não ofertando a oportunidade de manejar o comportamento dos pacientes, sendo necessário o uso de estabilizações protetoras. “As estabilizações são sempre realizadas com muita empatia e carinho, para o melhor tratamento dos nossos pacientes e para solucionar a urgência. Também entendemos que quanto maior o nível de suporte que o paciente atípico demanda, muitas das vezes mais difícil é a abordagem em ambulatório, o que por sua vez torna necessária uma abordagem dentista/médico para atendimentos com sedação ou até mesmo anestesia geral.”

As formas de abordagem variam dependendo do grau do paciente, utilizam técnicas de modelagem de comportamento com pelúcias para gerar previsibilidade do tratamento, também como distração com músicas ou contagem de números a fim de estabelecer um limite para o fim do processo.

Ana Carolina conclui dizendo que é imprescindível o respeito pelos mecanismos de autorregulação dos pacientes, dando pequenos intervalos para haver uma estabilização emocional, física e mental. “Não há um tempo mínimo para que o paciente atípico passe a “colaborar” no consultório, deve-se entender a limitação dos nossos pacientes, respeitar as suas particularidades e ser honesto com os familiares”.

Leo Puglisi, CEO da SmartClear, acrescenta: “Desde que nossos clientes entram pela porta, nós buscamos colocar seu bem-estar no centro de tudo o que fazemos. Nossa equipe é estruturada justamente para fazer com que eles se sintam valorizados e cuidados.”