acidente motocicletas
Acidente envolvendo motocicleta em Curitiba (Foto: João Frigério)

Acidentes envolvendo motocicletas estão entre os mais frequentes no Paraná. Só em Curitiba, foram mais de 7 mil acidentes com motos registrados em 2024 – o equivalente a 19 ocorrências por dia, segundo o Departamento Estadual de Trânsito do Paraná (Detran-PR).

Em muitos desses casos, a notícia sequer chega a surpreender ou chocar. Devido à frequência com que se multiplicam os registros, a população passou a encarar como parte da rotina urbana. A campanha Maio Amarelo deste ano, que tem como tema “Mobilidade Humana. Responsabilidade Humana”, engloba esse e outros desafios do trânsito e convoca a sociedade a rever comportamentos, buscar investimentos em segurança para o trânsito e fortalecer práticas de segurança viária.

Para Everton Pedroso, presidente da Associação Paranaense de Inspeção Veicular (APOIA), o que deveria ser um alerta diário à sociedade está se tornando uma estatística invisível. “A frequência dos acidentes com motociclistas está anestesiando a população. Em sua maioria são homens jovens. Todos têm nome, história, família. É preciso reeducar o trânsito e investir em processos que contribuam para aumentar a segurança. É necessário frear essa banalização da morte”, afirma.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal no Paraná (PRF-PR), em 2024, 119 ocupantes de motocicletas morreram em sinistros nas rodovias federais que cortam o Estado. Ao todo, foram registradas 605 mortes no trânsito pela PRF-PR, um crescimento de 8,2% em relação ao ano anterior. Ao todo, 19,7% dos óbitos envolviam condutores de motos. A faixa etária mais afetada está entre 20 e 39 anos, justamente a mais ativa economicamente.

Nas rodovias federais do Paraná, mais da metade das mortes ocorrem em trechos de pista simples, com destaque para colisões frontais — geralmente provocadas por ultrapassagens perigosas.

EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL

Em países como Espanha, Alemanha e Japão, onde a inspeção veicular de motos é obrigatória, os índices de mortes no trânsito envolvendo motociclistas são consideravelmente menores que no Brasil. A regularidade da fiscalização técnica é apontada como um dos fatores que contribuíram para a queda sustentada das fatalidades.

Para a APOIA, isso começa com medidas objetivas: inspeção veicular obrigatória, campanhas educativas permanentes e mais fiscalização. Mas passa, principalmente, por um compromisso de todos com o valor da vida. “Enquanto as mortes se acumulam nas ruas, a indiferença cresce. Precisamos recuperar a capacidade de nos indignar — e agir. Um trânsito mais seguro depende de escolhas conscientes”, reforça Pedroso.