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Praia no Paraná: verão concentra 83% das ocorrências de afogamento (Geraldo Bubniak)

O período de festas entre o final de um ano e o começo de outro tem sido marcado por tragédias no Paraná. Na terça-feira (2), por exemplo, o Corpo de Bombeiros encontrou o corpo de um jovem de 24 anos, morador de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), que havia se afogado numa praia em Matinhos, no litoral paranaense. O trágico acontecimento, no entanto, não foi único: desde o começo de dezembro, pelo menos outras 15 vidas foram perdidas por conta de afogamentos, com o número de ocorrências atendidas pelos bombeiros tendo disparado em relação ao período anterior.

Os dados, levantados pelo Bem Paraná através do Sistema de Estatística de Ocorrências do Corpo de Bombeiros do Paraná (SYSBM), mostram que desde o dia 1º de dezembro de 2023 até esta terça (2 de janeiro de 2024) um total de 595 ocorrências de afogamento foram registradas no estado. Nos últimos 33 dias, então, a corporação atendeu uma média de 18 ocorrências diárias. O número, contudo, tem se intensificado nas últimas semanas, coincidindo com o período de festas e a chegada do verão. Prova disso é que só no dia 29 de dezembro foram 80 pessoas salvas de afogamentos, enquanto nos dois primeiros dias de 2024 houve 42 registros.

Na comparação com o período anterior (1º de dezembro de 2022 a 2 de janeiro de 2023), nota-se um expressivo aumento nas ocorrências, que saltaram de 399 para 595 (um crescimento de 49%). Desde o final de 2017 e o começo de 2018, pelo menos, não eram registrados tantos afogamentos entre o final de um ano e o começo de outro – o recorde anterior havia sido estabelecido em 2017-2018, quando 534 ocorrências foram registradas entre o final da primavera e o começo do verão.

O número de mortes registradas nessas ocorrências, por sua vez, também é expressivo. Contando com o desfecho do caso envolvendo o morador de Piraquara, 16 mortes já foram registradas desde dezembro. É o mesmo número de mortes de 2022-2023, mas um valor que supera o registrado em 2021-22 (11 mortes), 2020-21 (10 óbitos) e 2019-20 (15). Já entre o final de 2018 e 2019 e o mesmo período de 2017 e 2018 foram registradas, respectivamente, 42 e 28 mortes por afogamento no Paraná, recordes para o período analisado.

Tragédias em família

Aumenta ainda o nível de dramaticidade do cenário atual o fato de que muitas das ocorrências envolvendo afogamentos envolvem famílias que estão em momento de lazer. No caso do jovem da Grande Curitiba que se afogou em Matinhos, por exemplo, o rapaz estava na praia acompanhado de um tio quando se afogou no Balneário Ipacaraí. Ele e uma outra pessoa estariam se afogando, mas o homem conseguiu sair da água em segurança, enquanto o jovem acabou afundando. Foram quase 24 horas de busca, até o corpo ser encontrado próximo ao Pico de Matinhos, a 7 quilômetros de distância do local onde houve o afogamento.

Outra tragédia familiar foi registrada na Represa do passaúna, no último dia 30, onde um homem de 54 anos se divertia com a mulher e duas filhas em um bote. A embarcação, contudo, acabou virando e o homem se afogou enquanto tentava salvar uma das meninas. No final, a esposa e as duas crianças foram resgatadas, mas o pai da família acabou falecendo.

“Temporada” de afogamentos

No Paraná, os meses com mais casos de afogamento são justamente aqueles no período de verão, estação mais quente do ano: janeiro (605 registros entre 2021 e 2022, ou 32,4% do total), dezembro (589, ou 31,6%) e fevereiro (361, ou 19,3%). Ou seja, o trimestre entre dezembro e fevereiro concentra 83 de cada 100 casos de afogamento no Paraná.

Em caso de afogamentos e emergências, deve-se acionar imediatamente o Corpo de Bombeiros (193) ou a Defesa Civil (199). Os bombeiros, inclusive, destacam que o conhecimento das instruções sobre segurança em rios, cachoeiras, praias e piscinas é fundamental para garantir um verão tranquilo e prevenir incidentes.

Nas praias, é preciso se atentar para banhos apenas em áreas protegidas por guarda-vidas, que podem ser identificadas pelas bandeiras de cor vermelha sobre amarelo. Também é importante respeitar a sinalização, as bandeiras e orientações dos guarda-vidas, evitando entrar no mar próximo a pedras, estacas e píeres. Fundamental também que os banhistas procurem entrar no mar sempre acompanhados, que mantenham a supervisão constante sobre crianças e evitem consumir bebidas alcoólicas antes de nadar.

No caso de outras fontes de água, os cuidados se mantêm. Em piscinas, é preciso instalar grades de proteção ao redor para que as crianças não caiam na água e quando a piscina estiver sendo usada o filtro deve permanecer desligado para evitar a sucção de cabelos. Em rios, é desaconselhável saltar de cabeça, especialmente em locais em que não se conhece a profundidade e a presença de pedras. Assim como na praia, dispositivos flutuantes (bóias de braço e de cintura, colchões infláveis, câmaras de ar, pranchas) não devem ser utilizados, pois estão sujeitos a ação de correntezas que podem levar o banhista para áreas mais profundas.

Afogamentos no Paraná

AnoOcorrênciasMortes
2023 (ano todo)1.32585
2022 (ano todo)1.004101
2023-24*59516
2022-23*39916
2021-22*36011
2020-21*25810
2019-20*33115
2018-19*34742
2017-18*53428
* 1º de dezembro a 2 de janeiro

Fonte: Sistema de Estatística de Ocorrências do Corpo de Bombeiros do Paraná (SYSBM)