
Para começar essa conversa, é importante dizer que para ter em casa certos tipos de animais é preciso autorização, ou você cometerá um crime. Chamados de pets não convencionais, eles podem ser silvestres ou exóticos e existe uma lista de quais são permitidos.
“Os exóticos não são originários da nossa fauna, já os silvestres e selvagens podem ser daqui. Todos são pets não convencionais e é preciso verificar em cada Estado quais espécies são pernitidas”, esclarece Eduardo Felipe Koerbel, sócio da Vida Livre, clínica pioneira no atendimento a estes animais.
Entre os mamíferos, os coelhos são os mais comuns nas residências; entre as aves, as calopsitas; e entre os répteis, a tartaruga tigre d’água. O coelho, embora tenha origem europeia, é muito presente na nossa fauna e considerado por muitos como um animal doméstico. O Papagaio Verdadeiro, o Amazona Aestiva, é um não convencional silvestre e o tutor precisa obedecer as normativas do Ibama. Chinchila, hamster, papagaio, canários e periquitos também são espécies não convencionais permitidas, observa Koerbel, acrescentando que a Vida Livre não atende peçonhentos. “Muita gente tem galinha como animal de estimação e o porco também está sendo introduzido como pet não convencional”, explica o médico, que atesta o aumento da presença dos não convencionais pelos atendimentos diários na clínica.
Eduardo escolheu a profissão na infância. Por volta dos 11 anos, seu pato começou a mancar e ele imobilizou a pata do bichinho por uma semana, observando a melhora. Na casa do pai, ele teve contato com vários espécimes por conta de uma chácara vizinha que recebia até macacos visitantes. No apartamento da mãe, a companhia animal também era liberada. “Cheguei a ter 30 coelhos na casa do meu pai, que tinha também galinhas, pato, passarinhos, tartaruga, aves, aquários”, conta, ressaltando a importância de verificar o que é permitido. “Foi autorizado o anfíbio Axolote, um tipo de salamandra que não passa pela metamorfose; e o Ouriço Pigmeu, está em vias de ser extinto”, explica.
O Axalote, estrela de um jogo infantil, é o novo sonho do jovem Antonini Zanlorensi. Ele é quase um dr. Dolittle, conta a mãe, Priscila Santos Zanlorensi. “No zoo, os bichos vinham até ele, como se fizessem carinho pelo vidro. Passarinho fica na mão dele, sempre foi assim. Tem um bosque perto de casa e ele tem sempre um bicho no colo”.
Enquanto aguarda o novo morador da casa, ele cuida muito bem de três pequenos caranguejos, peixes e de uma tartaruga. Eles são bem diferentes um do outro, conta o menino. “A tartaruga é mais alegre. Os caranguejos são mais calmos, gostam de ficar na toca. Ela passeia pela casa e tem um aquaterrário para dormir”, completa ele. Antonioni gosta de falar sobre cada espécie. “Não sabemos o sexo da minha tartaruga, só depois de três anos. Já os caranguejos a gente consegue saber porque o macho tem garra maior e a fêmea tem duas garras pequenas”, explica, sobre a tartaruga Flofinha, Jeferson (o caranguejo maior), Jorge (o menor) e a Karanguejinha. “Caranguejo imita os movimentos que o Antonini faz”, conta a mãe. “Eles aprendem. Fiquei girando o dedo e ela começou a girar a patinha junto”, completa o garoto, empolgado.
A família tem a consultoria de um profissional especializado em aquários, também por conta do Axolote, que ao que tudo indica deve aumentar a família em breve.
“Ele é muito bonitinho, vários tons de cores. Tem que ficar a 10 graus, agua gelada, já fomos pesquisar. Gosta de coração de galinha, mas come de tudo, até seu dedo se não cuidar. Um amigo teve um, mas ficou muito grande”, conta ele.
Bichos diferentes também exigem cuidados diferentes
Kevin, o Pet Jabuti – O Jabuti é um animal muito querido, que cria vínculos com quem convive, diz o professor de fotografia Paulo Henrique Batista, sobre o xodó da casa, o pet jabuti Kevin. Ele foi salvo pela adoção da família, que tem também cães, gatos e abelhas nativas. Todos se dão muito bem. No caso da família – Helena, Ana (16) e Alice (11) –, a guarda é coletiva, embora Ana seja apontada oficialmente como a ‘mãe do pet Jabuti’. Ela é vista em fotos até lendo para o bichinho, que a ouve e segue.
“O Jabuti é de região mais quente, não curte o bioma do Sul, precisa de cuidado e tem que ser comprado de criadouro autorizado”, explicam os pais. “Ele é conhecido por ser mais lento, acham que ele hiberna, mas não. Ele só paralisa pra economizar energia. Inicialmente pensamos que era ela, porque o jabuti macho muda o formato da parte de baixo do casco”, completa Ana, que tinha sete anos quando resgatou o jabuti de um vizinho que não cuidava bem. Agora ele é o ‘neném da casa”, adora participar das atividades domésticas familiares e até e se comporta feito cão, latindo no portão ao lado do amigo. “Ele é bem carinhoso, acho que eles se apegam mais que cão e gato e tem memória muito boa”, afirma Ana. “Ele fica olhando para ela, é muito impressionante!”, garante Paulo. “Muitos bichos exóticos são tratados mais como ornamentais do que como amigo, e assim se cria distanciamento acredita Paulo. “O Kevin tem fases, no calor fica na adrenalina. Ele sobe no patinete dela, quer dropar como skatista”, brinca.
O carneiro Ozzy é famoso e sua história com a menina Eduarda, conhecida. Por duas vezes ele recebeu indicação para ser sacrificado. E segue firme e feliz. E a amizade entre Ozzy e Duda é inspiradora. Quando a menina ficou doente, ambos caíram em depressão e Ozzy foi visitá-la no hospital acelerando a recuperação. Depois, Ozzy sobreviveu a uma cirurgia e todo o tempo teve a presença de Duda na clínica. “A Eduarda ficou posando com ele na clínica no pós operatório. E assim continua sendo, eles estão sempre juntos. Ozzy é da família”, diz a mãe, Ani Michele.
Serviço
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