Depois de deixar rastro de destruição no Paraná, as tempestades de granizo, raios e muita água se afastam do Estado nesta quarta (27), segundo previsão do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar). Em Castro, cerca de 600 casa ficaram destruídas pelo granizo e 2 mil pessoas foram afetadas. Também houve registro de granizo em Telêmaco, Curitiba, Quatro Barras e Colombo, além de volume considerável de chuva em outras cidades paranaenses. Na Capital, várias ruas ficaram alagadas. A previsão é de que, durante a noite, a chuva vá perdendo força e nesta quarta-feira (27) o sol volte a predominar no Paraná.
A chuva foi irregular em Curitiba, atingindo dentro de uma mesma cidade alguns bairros com mais intensidade do que outros. Em Curitiba, por exemplo, a estação meteorológica do Simepar no Jardim das Américas registrou um acumulado de 28,2 mm até as 16h. Já a estação meteorológica da prefeitura de Curitiba no bairro Boa Vista atingiu apenas 7,6 mm de chuva, e a de Santa Felicidade registrou um acumulado de 7,8 mm no mesmo intervalo de tempo. O bairro Campo Comprido teve registro de granizo.
Os bairros com o maior índice de chuvas foram Portão, com 25 mm, CIC com 24 mm e Bairro Novo com 22,80 mm, segundo dados da Defesa Civil de Curitiba. A Defesa Civil relatou a ocorrência de granizo nos bairros Campo Comprido, CIC e Fazendinha. Ainda no Fazendinha houve o comunicado de uma situação de alagamento na CIC.
Após a tempestade, não deve chover até o dia 7 de setembro em Curitiba
Em Curitiba, segundo o Simepar, não deve chover até pelo menos o dia 7 de setembro. Nesta quarta (27), as temperaturas permanecem amenas capital paranaense, entre 11 e 15 graus. Na quinta (28), sobre um pouco: vai de 12 a 19 graus, assim como na sexta (29), quando vai variar de 13 a 19 graus.
Um novo veranico deve chegar a Curitiba no dia 3 de setembro, com previsão de máxima de 27 graus. Nos dias 5 e 6 de setembro, há previsão de máxima de 32 graus, de acordo com o Simepar.
Vórtice ciclônico de altos níveis
O granizo que atingiu várias cidades do Paraná foi causado por um vórtice ciclônico de altos níveis. “Isso está associado a um sistema um pouco maior que está predominando sobre o Paraná, Santa Catarina e também São Paulo, que nós chamamos de vórtice ciclônico de altos níveis”, detalha Reinaldo Kneib, meteorologista do Simepar. Um vórtice ciclônico é um sistema de baixa pressão bem desenvolvido que se forma a cinco quilômetros de altitude e propicia a formação de tempestades.
“Ao longo da quarta-feira, esse sistema meteorológico se afasta para São Paulo, para a região do Oceano Atlântico, e aí a tendência é o sol voltar a predominar no Interior, com temperaturas máximas se aproximando novamente dos 30°C. Já na Capital ocorrerá um pouco mais de nebulosidade, céu encoberto em alguns momentos e temperaturas mais amenas”, afirma Kneib.
Segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), a tempestade na região de Castro foi causada pelo deslocamento de um vórtice ciclônico de altos níveis pelo Estado.
“Esse granizo foi associado a uma tempestade severa que se formou nas últimas horas no Centro do Estado, que por conta da topografia da região dos Campos Gerais, contribuiu para se intensificar como uma tempestade severa”, explicou o meteorologista do Simepar Reinaldo Kneib. “A circulação dos ventos dentro dessa tempestade gera gotas resfriadas, o granizo, dentro da nuvem”.
Maiores acumulados de chuva no Paraná, nesta terça (26)
Araucária: 52,2 mm
Guarapuava: 44 mm
Candói: 38,2 mm
Guaratuba: 38,2 mm
Campo Largo: 38 mm
Fazenda Rio Grande: 36 mm
Pinhão: 31,6 mm
São José dos Pinhais: 30,4 mm
União da Vitória: 29,8 mm
Porto Vitória: 29 mm
Porto Amazonas: 28,2 mm
São Mateus do Sul: 26,6 mm
Antonina: 25,2 mm
Curitiba: 24 mm
Ponta Grossa: 23,6 mm
Cruz Machado: 23,2 mm
Ivaí (INMET): 22,8 mm
Morretes: 22,6 mm
Rio Negro: 22,2 mm
Quatro Barras: 21,6 mm
Pinhais: 21,2 mm
Lapa: 20,6 mm
Campina Grande do Sul: 20,4 mm
Paranaguá: 20 mm
Tempestade destruiu 600 casas em Castro
Mais de 600 casas foram danificadas pela tempestade em Castro, na região dos Campos Gerais do Paraná, segundo o Corpo de Bombeiros. Mas, o número de pessoas que procura ajuda continua a aumentar no início da tarde – pelo menos 2 mil já estão sendo atendidas. Não há registros de feridos e ainda está em levantamento o número de desalojados e desabrigados.
A chuva de granizo durou poucos minutos mas atingiu vários bairros da cidade e do interior por volta das 9 horas da manhã, deixando tudo coberto por uma espessa camada de gelo. A tempestade atingiu com mais força a região Sul da cidade, com telhados danificados no Jardim Termas de Riviera, Jardim Perpétuo Socorro, Jardim Alvorada, Jardim das Araucárias, Núcleo Habitacional Padre Piva, Centro, Jardim Bela Vista e Vila Rio Branco. Na área rural, as localidades mais atingidas foram as do Passo dos Bois e Tronco.
Uma força-tarefa integra equipes da Prefeitura, Defesa Civil municipal, Corpo de Bombeiros e Exército no atendimento das famílias que procuram auxílio. A orientação é para que pessoas em situação de emergência liguem para o 193 (Bombeiros) e moradores que precisam de apoio com telhas, madeira, abrigo temporário e benefícios da Assistência Social liguem para o 153 – a Guarda Municipal está ajudando na triagem dos casos. A Copel informou que 812 residências, a maioria na área rural de Castro, estão sem luz. As equipes estão a campo para normalizar o fornecimento de energia na região dos Campos Gerais.
Prédios públicos também tiveram danos. O Centro de Atividades Físicas da Secretaria Municipal de Esporte suspendeu os atendimentos por tempo indeterminado.
Na Saúde, foram registrados estragos em várias unidades básicas e o atendimento está suspenso nas UBSs Araucária, Jeovah Ribeiro, na Sala de Fisioterapia da anexa à UBS Jeovah Ribeiro e no Ambulatório da Pele anexo à UBS Araucária. “Algumas unidades foram muito danificadas. Estamos trabalhando para reparar esse prejuízo e reconstruir as unidades. Foram prejuízos materiais, mas felizmente nada aconteceu com nossos pacientes e colaboradores”, conta Matilvani Moreira, secretário de Saúde.
Na Educação, além do almoxarifado da Secretaria Municipal que teve infiltração e descolamento de parte do forro, escolas ficaram alagadas e tiveram danos nos telhados. Estão suspensas hoje e nesta quarta-feira (27) as aulas nas escolas municipais Dr. Lourival Leite de Carvalho, Profª Marilda de Fonseca Fadel e do Jardim Bela Vista. “Muito triste. Nas escolas mais prejudicadas, os pais foram avisados e foram buscar as crianças. Mas já estamos trabalhando para consertar tudo e normalizar as atividades o quanto antes”, enfatiza a secretária da pasta, Luciane Farias.
Sobre o Simepar
Com uma estrutura de 120 estações meteorológicas telemétricas automáticas, três radares meteorológicos e cinco sensores de descargas atmosféricas, o Simepar é responsável por fornecer dados meteorológicos para órgãos como a Coordenadoria da Defesa Civil e a Secretaria do Desenvolvimento Sustentável, de modo a facilitar ações de resposta a situações extremas. São monitoradas desde situações causadas por chuvas extremas, como enxurradas, deslizamentos e alagamentos, até situações como incêndios e secas.
Dados mais detalhados da previsão do tempo para os 399 municípios paranaenses estão disponíveis no site www.simepar.br. A previsão tem duas atualizações diárias. Para cada cidade é possível saber o quanto deve chover, temperaturas mínimas e máximas previstas, umidade relativa do ar e vento, com detalhamento por hora para a data e o dia seguinte.