Extensamente consumido na década de 1970, o LSD (Dietilamida do Ácido Lisérgico), está voltando com tudo no Brasil, abastecendo sobretudo as festas raves. Neste final de semana, mais 4,5 mil pontos da droga foram apreendidos pela Polícia Federal (PF) no Aeroporto Internacional Afonso Pena. Na terça-feira da semana passada, a PF já havia apreendido outros 10 mil pontos da droga na Capital.

“O LSD nos preocupa porque é uma droga muito nociva que está em evidência outra vez”, conta o agente responsável pela comunicação social da Superintendência da PF no Paraná, Altair Menosso. A apreensão do fim de semana tem relação direta com a da semana passada. Conforme a PF, a partir das informações obtidas após aquela prisão, a Polícia Federal passou a investigar um jovem de 23 anos, morador de Curitiba, que deveria receber um grande lote de LSD.

No final da manhã de sábado, um comerciante de 29 anos, natural do interior de São Paulo desembarcou no Afonso Pena vindo de Salvador. Quando ele repassava a droga para o curitibano, os policiais federais os abordaram. Com ele foram encontrados os 4,5 mil pontos, 500 escon didos na cueca, e 2 mil em cada um dos sapatos.

O comerciante paulista disse que trouxe o LSD de Portugal. Disse ainda, que o jovem de Curitiba comprou suas passagens aéreas para a Europa. Os dois foram presos em flagrante por tráfico internacional de drogas, e estão recolhidos na custódia da Superintendência da PF em Curitiba.

Segundo A PF, esse lote de 4,5 mil pontos provavelmente era trazido para substituir o lote de 10 mil pontos apreendidos na semana passada. “Eles são bem rápidos para repôr as perdas. Basta embarcar logo ali e ir para a Holanda e voltar com o LSD, ao contrário da maconha e da cocaína, que fazem muito volume”, aponta Menosso.

O retorno do LSD tem muitos motivos. Ele praticamente só consumido em festas raves, boates e casas noturnas, por um público mais qualificado. Também é uma alternativa mais barata que outras drogas similares, como o ecstasy, além de representar uma lucratividade bem maior. Um ponto de LSD é vendido a R$ 10 no Brasil, em média, e é comprado a 1 euro na Holanda (cerca de R$ 2,70). O ganho é muito alto. Um comprimido de ecstasy custa entre R$ 50 e R$ 70 para o consumidor. O efeito do LSD também é alto. Dura de 8 a 12 horas.

Efeitos — O LSD é uma substância sintetizada em laboratório. Popularizada pelo movimento hippie nos anos 60, ela produz alucinações sensoriais profundas. De acordo com o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), o uso do LSD pode produzir aumento da temperatura corporal, dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, suores, perda de apetite, falta de sono, boca seca, tremores e dilatação das pupilas.

Entre os efeitos mentais estão alterações na percepção de tempo, do espaço e do próprio corpo — as viagens podem conter confusão nas percepções sensoriais como “ver sons” e “ouvir cores”. Por outro lado, as perturbações podem causar sensações de paranóia e depressão ou perda da habilidade de avaliar situações de risco — o que pode provocar acidentes se o usuário tomar o volante de um carro ou julgar-se com capacidades irreais, como voar. Também são comuns relatos de “flashbacks” — a volta das sensações dias ou semanas depois do uso da droga. Não há relatos de que o uso continuado produza dependência química.

Maconha e haxixe — Ainda na noite de sábado, policiais federais em investigação em Ivaté, no Noroeste do Estado, apreenderam 450 quilos de maconha em um caminhão que seguia para a Grande São Paulo proveniente do Paraguai. O motorista de 48 anos foi detido em flagrante.

Já na noite de domingo, policiais do Núcleo de Repressão ao Tráfico de Drogas (NRTD) da Divisão de Narcóticos (Dinarc) de Londrina evitaram que 1,750 quilo de haxixe chegassem até São Paulo. Um homem de 34 anos, foi preso na Rodoviária de Londrina, quando chegava em um ônibus de Guaíra, no Oeste do Paraná, com a droga presa com fita adesiva no tornozelo. Ele contou que pegou o haxixe em Pontaporã e que levaria a droga até São Paulo.