Paraná Montanhismo

As cinco montanhas mais desafiadoras para você encarar perto de Curitiba

Berço do montanhismo brasileiro, o Paraná é também onde estão algumas das mais desafiadoras montanhas do país

Rodolfo Luis Kowalski
Pico Paraná

O majestoso Pico Paraná, que faz parte do conjunto Ibiteruçu, na Serra do Ibitiraquire: a maior montanha da região Sul do Brasil (Foto: Rodolfo Luis Kowalski)

Serra da Baitaca, Serra do Ibitiraquire, Serra da Farinha Seca, Serra da Prata, Pico do Marumbi… A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e o litoral do Paraná são privilegiadas para quem gosta de passar um tempo imerso na natureza, especialmente se for subindo uma montanha. E há trilhas para os mais diversos níveis de praticantes do montanhismo.

Numa reportagem anterior, o Bem Paraná já apresentou algumas trilhas para quem quer começar a se aventurar na Mata Atlântica. Morro do Cal (em Campo Largo), Pão de Loth (em Quatro Barras) e Getúlio (em Campina Grande do Sul) são algumas boas opções.

Agora, a ideia é ir para o outro extremo.

Afinal, quais são as trilhas mais desafiadoras que podemos encarar pertinho de Curitiba?

IMPORTANTE: Fazer trilhas exige preparo físico e conhecimento básico sobre o local que será acessado. Antes de se aventurar, planeje bem o roteiro que será seguido, avalie o quanto de água será necessário levar e observe com antecedência as condições climáticas. Evite se aventurar sozinho em lugares que não conhece, sendo sempre o ideal fazer trilha acompanhado por uma ou mais pessoas.

Para mais dicas, confira outras reportagens do Bem Paraná, AQUI e AQUI.

Pico Paraná

O Pico Paraná, mais ao fundo, visto desde o cume do Tucum (Foto: Rodolfo Luis Kowalski)

Localização: Serra do Ibitiraquire, entre Campina Grande do Sul (na RMC) e Antonina (no Litoral)
Altitude: 1.877m

A trilha do Pico Paraná, que é a maior montanha de toda a região Sul, começa em Campina Grande do Sul, mas quando você chega no cume do gigante já está em Antonina. Para estacionar o carro, é possível parar na Fazenda Rio das Pedras ou na Fazenda Pico Paraná, sendo obrigatório se cadastrar na base do IAT antes de começar a subida.

Trata-se de uma caminhada longa, que começa já com uma subida um pouco mais intensa na subida até o Morro do Getúlio (uma espécie de morro de passagem para acessar as montanhas de um lado da Serra do Ibitiraquire). Ao longo da trilha há alguns pontos para abastecimento de água, mas para utilizá-los o ideal é ter formas de purificar essa água antes de consumi-la.

Ao longo de quase todo o seu trajeto, a trilha que leva ao Pico Paraná oferece um sobe e desce constante, com escalada em raízes e alguns grampos. As últimas partes da trilha, no entanto, são as que oferecem as maiores belezas e, também, as maiores dificuldades. Ali a subida fica mais vertical, com mais pedras. É necessário ir contornando numa crista e passar na beira do precipício por alguns locais onde tem mais rochas expostas com ‘escadinhas’. Além disso, não há uma cobertura vegetal que proporcione sobra, o que pode tornar a caminhada, com sol a pino, mais desgastante.

Conjunto Marumbi

O conjunto Marumbi visto de frente, desde a Estação Marumbi (Foto: Rodolfo Luis Kowalski)

Localização: Parque Estadual Pico do Marumbi, em Morretes (no Litoral)
Altitude: 1.539m

Localizado em Morretes, o Marumbi é o berço do montanhismo no Brasil. Trata-se de um conjunto formado por diversos picos, a maioria com mais de 1.000 metros de altitude. Por questões de segurança e preservação, no entanto, autoriza-se o acesso a apenas a apenas cinco dos seus principais cumes. São eles: Pico Olimpo (1.539 m), Gigante (1.487 m); Ponta do Tigre (1.400 m); Abrolhos (1.200 m); e Morro Rochedinho (625 m).

As duas trilhas principais são a vermelha (noroeste), que leva à bifurcação que dá acesso ao Abrolhos, de um lado, e à Ponta do Tigre, Gigante e Olimpo, do outro. A outra é a trilha branca (frontal), um caminho mais íngreme e direto até o ponto mais alto do conjunto, o Pico Olimpo. É possível, inclusive, fazer uma circular: subir pela trilha vermelha e descer pela branca, ou vice-versa.

E fazer essa circular, definitivamente, é o desafio mais técnico do montanhismo paranaense. São diversos trechos com cordas, correntes e paredões de pedra com grampos pelo caminho. Embora as trilhas pareçam relativamente curtas, observando-se apenas a distância, o ganho de altimetria é elevado por quaisquer dos caminhos.

Siririca

O cume do Siririca, com suas famosas placas, visto desde a trilha do Pico Paraná (Foto: Rodolfo Luis Kowalski)

Localização: Serra do Ibitiraquire, entre Campina Grande do Sul (na RMC) e Antonina (no Litoral)
Altitude: 1.705m

Também localizado entre Campina Grande do Sul e Antonina (assim como o Pico Paraná), o Siririca (ou Ciririca) é conhecido como o K2 paranaense (porque o Everest das Araucárias, certamente, é o Marumbi). Famoso por suas enormes placas, facilmente identificáveis até da BR-116 nos dias limpos. O equipamento, hoje abandonado, foi instalado no local em 1960, com a finalidade de repetir os sinais de rádio entre Curitiba e a Usina Parigot de Souza.

O nome desse Pico, por sua vez, merece um destaque à parte. De acordo com o naturalista Fernando Costa Straube, o nome “Siririca” vem do verbo tupi “siririk”, que significa “escorregar”. Possivelmente, uma referência a algumas das dificuldades que aguardam quem se aventura pelo local. É que a caminhada passa por diversos vales e até cachoeiras (como a do Professor). Já perto do cume, há ainda uma subida em rocha exposa, bastante vertical, feita com o auxílio de cordas. Em dias mais úmidos, o caminho fica bastante escorregadio.

Ferraria

O Ferraria, morro logo atrás do fotografado: desafio “muito difícil” (Foto: Josué Chiquitti)

Localização: Serra do Ibitiraquire, entre Campina Grande do Sul (na RMC) e Antonina (no Litoral)
Altitude: 1.745m

Na Serra do Ibitiraquire, quem acessa os morros Itapiroca, Caratuva, Taipabuçu ou Pico Paraná acaba passando, depois do Morro do Getúlio, por um vale onde há algumas placas indicando por onde segue cada trilha. Ali, o caminho que leva ao Pico Paraná é classificado como “Difícil”. A trilha que leva ao Ferraria, por sua vez, seria “Muito difícil”. E não é à toa.

Primeiro, para acessar o Ferraria (1.745m de altitude) você vai ter de antes subir o Taipabuçu (1.734m). Outra opção, ainda mais desafiadora, é subir o Ferraria por sua face leste, iniciando a trilha no caminho histórico da Conceição e percorrendo toda a sua crista, ascendendo 1.500 metros na montanha.

Pela trilha mais tradicional, passando pelo Taipabuçu, o caminho é longo, também proporciona grande ganho de elevação e oferece um desafio diferente por sua vegetação mais fechada, já que a trilha não é tão acessada quanto outras da região. No final da subida, há uma corda mais difícil de se subir, numa fenda entre rochas que ficam estreitas. Na hora de voltar, é possível pegar o mesmo caminho ou seguir por uma trilha ainda mais fechada e também bela, descendo para o Ferreiro e depois seguindo até a Fazenda Rio das Pedras.

Torre da Prata

Cume da Torre da Prata, no Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange (Foto: Peterson García)

Localização: Na Serra da Prata, dentro do Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange, em Morretes (no litoral)
Altitude: 1.497m

Das cinco montanhas listadas aqui, essa é a única que o Bem Paraná ainda não acessou – o que deve ocorrer em breve, no entanto. Por isso, o relato sobre a trilha se baseia no depoimento de montanhistas que já subiram a Torre da Prata e também em textos escritos no Wikiloc sobre a aventura.

Com aproximadamente sete quilômetros de extensão, a trilha que leva para a Torre da Prata começa na Estrada da Limeira, em Morretes, e atravessa o Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange, que protege uma importante área de Mata Atlântica. No começo da trilha, é possível estacionar no Sítio do Seu Jaime, pagando-se uma taxa módica por pessoa ou veículo. Não há, contudo, estrutura de banheiro ou camping no local. Além disso, o ideal é realizar o cadastro de visitantes de entrada e saída no site do Parque Nacional, através do seguinte link: https://parnasainthilairelange.wordpress.com/cartilha-caminhante-consciente/

O caminho conta com sinalização, através de fitas refletivas fixadas nas árvores, o que permite a orientação do visitante mesmo à noite com o uso de lanternas. Há, contudo, muitos caminhos secundários, o que torna altamente recomendável a utilização de aplicativos de geolocalização para orientação.

No início, a trilha apresenta inclinação baixa. Depois do primeiro terço da caminhada, contudo, começa-se a subir uma crista já com inclinação mais exigente. Depois, o nível de dificuldade sobe, tornando-se necessário escalar rochas com o auxílio de cordas e grampos instalados. Nem todas as pedras tem material de apoio, no entanto, o que aumenta o risco de quedas. Nos campos de altitude, o solo se torna muito barrento, em especial nas descidas aos vales, o que também exige atenção.