FRANKLIN DE FREITAS
(Franklin de Freitas)

Uma audiência pública debateu soluções para evitar acidentes com trens em Curitiba e Região Metropolitana. A Audiência Pública aconteceu na noite da terça-feira, na Assembleia Legislativa.

A iniciativa foi do deputado Ney Leprevost (União), presidente da Comissão de Obras, Transportes e Comunicação. O encontro abordou os principais problemas e entraves e buscou soluções. Nas últimas semanas, acidentes em Curitiba acenturam o problema que vem de décadas.

Segundo Leprevost, há grande preocupação do poder público e da sociedade, já que Curitiba é a segunda capital do país com maior número de mortes causadas por acidentes com trens.

“É claro que a culpa não é do trem, mas precisamos tornar o trânsito mais seguro nos bairros de alta densidade demográfica, onde moram muitas pessoas. Ainda neste fim de semana, um menino autista sofreu um acidente e sobreviveu por milagre. Queremos discutir mais sinalização, um possível desvio das linhas que cruzam áreas muito habitadas — não a retirada dos trilhos de carga —, cancelas automáticas, enfim. Estamos abertos a sugestões e prontos para apresentar propostas à Agência Nacional de Transportes Terrestres, já que, em 2027, ocorrerá a nova concessão. O governo federal precisa estabelecer normas de segurança.”

Mônica Guimarães, da área de relações governamentais e institucionais da Rumo Logística — concessionária das linhas férreas que cortam Curitiba —, abriu a audiência com uma explanação sobre a atuação da empresa, presente em 500 municípios de 12 estados.

Entre as ações para reduzir acidentes, citou o trabalho de educação no trânsito e a inclusão do modal ferroviário na Escola Pública de Trânsito. “Precisamos mostrar à população a forma segura de conviver com a ferrovia.”

Ela apresentou ainda a PN Sensoreada, tecnologia que integra semáforos rodoviários e ferroviários, registrando em fotos veículos que invadem a área segura após o fechamento do sinal. São 24 equipamentos em testes no Paraná, cinco deles em Curitiba. “Estamos obtendo resultados excelentes, mas aguardamos a homologação dos órgãos competentes.”

Segundo Mônica, acidentes atribuídos à concessionária diminuíram 83% entre 2019 e 2024. “Nos casos externos, conseguimos reduzir apenas 13%. Por isso, é fundamental contar com o apoio da comunidade e do poder público.”

O deputado Denian Couto (Podemos) questionou a Rumo sobre a retirada do ramal Rio Branco do Sul–Curitiba, que causa transtornos ao trânsito. “Somos uma prestadora de serviço que cumpre um contrato. Se for definido pelo governo federal, vamos cumprir.” Com base na resposta, Denian propôs elaborar documento pedindo a desativação.

Felipe Ferreira de Ferreira, fiscal da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), explicou que o contrato atual não prevê investimentos da concessionária para amenizar problemas. “Só seria possível com reequilíbrio contratual. Nos contratos mais recentes, como o da malha paulista e da Vale, a ANTT já incluiu obras para resolver conflitos urbanos. Podemos inserir essas obrigações no próximo contrato.”

Ele ponderou, porém, que a construção de contornos ferroviários — defendida por muitos — não é considerada solução definitiva pela agência. “Envolve obras complexas, como barreiras e desvios.” Sobre a sugestão de Denian, afirmou que “a retirada do ramal é decisão política e não compete à ANTT”.

Ferreira destacou que a ANTT, junto com o DNIT, já mapeou pontos críticos que precisam de melhorias. “O DNIT possui documento que ranqueia cidades prioritárias, e Curitiba está em primeiro lugar.”

O superintendente de Trânsito de Curitiba, Bruno Pessuti, afirmou que, a pedido do prefeito Eduardo Pimentel, há esforços para retirar a linha férrea do Eixo Norte da cidade. “Já estivemos reunidos duas vezes com o Ministério dos Transportes e também com a Votorantim, usuária do trecho.”

Como medidas imediatas, a prefeitura revitalizou toda a sinalização passiva e vertical nas 46 passagens regulares e estuda opções para sinalizações ativas.

Alexsander Marques, representante das empresas de ônibus, defendeu modernização da sinalização ativa e passiva, além de melhorias como iluminação, sinais sonoros, barreiras físicas, faróis giratórios e cores de alto contraste para aumentar a visibilidade.

Outras participações

Régis Sartori, promotor das Comunidades do MP-PR, ressaltou que o objetivo do Ministério Público não é judicializar, mas garantir a segurança dos moradores no entorno das linhas. Ele parabenizou a Assembleia, afirmando que a audiência vale mais que muitos procedimentos judiciais.

Melissa Puertas Sampaio, diretora da Escola Pública de Trânsito, falou sobre projetos integrados de educação no trânsito. “Quanto mais a educação estiver presente na vida das pessoas, melhor será nossa colheita.”

Também participaram Bruno Rossi, vereador de Curitiba; Douglas Bienert, presidente da Comissão de Direito da Mobilidade Urbana da OAB/PR; o capitão do BPTran, Lucas Martines; e Mauro Magalhães, da Setransp.