
O mundo da ciĂªncia e da conservaĂ§Ă£o da biodiversidade vive um momento de celebraĂ§Ă£o. Em diferentes cantos do planeta, duas aves rarĂssimas, consideradas Ă beira da extinĂ§Ă£o, deram sinais de resistĂªncia e reacenderam a esperança de especialistas. Uma delas nasceu no ParanĂ¡ e a outra retornou a seu habitat natural na Nova ZelĂ¢ndia.
No dia 12 de julho de 2025, o Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, no Oeste, registrou o nascimento do primeiro filhote de rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis) sob cuidados humanos.
Esse feito nunca havia sido registrado em nenhum lugar do mundo e representa um marco para a conservaĂ§Ă£o da espĂ©cie, que hoje conta com apenas cerca de 15 indivĂduos conhecidos em vida livre.
A conquista Ă© fruto de um trabalho iniciado em 2023, quando o Parque das Aves recebeu os primeiros exemplares da espĂ©cie para criar uma populaĂ§Ă£o de segurança.
Atualmente, cinco rolinhas-do-planalto vivem no local, divididas em dois casais reprodutivos. O objetivo Ă© manter um grupo saudĂ¡vel e geneticamente diverso, capaz de garantir a sobrevivĂªncia da espĂ©cie e, no futuro, permitir a reintroduĂ§Ă£o no Cerrado, seu habitat natural.
A ave que desapareceu por mais de 70 anos
Classificada como Criticamente em Perigo pela UniĂ£o Internacional para a ConservaĂ§Ă£o da Natureza (UICN), a rolinha-do-planalto Ă© endĂªmica do Cerrado brasileiro, nĂ£o existe em nenhum outro lugar do mundo.
Depois de ter sido descrita em 1823, a espĂ©cie praticamente desapareceu dos registros. Foi vista em 1904, depois em 1941, e sĂ³ voltou a ser redescoberta em 2015, em Minas Gerais. O sumiço estĂ¡ relacionado Ă destruiĂ§Ă£o de seu habitat, jĂ¡ que ela vive em ambientes muito especĂficos, associados a afloramentos rochosos e vegetaĂ§Ă£o de campo rupestre.

Pequena, com cerca de 16 centĂmetros de comprimento, a rolinha apresenta plumagem marrom com detalhes azulados metĂ¡licos nas asas e olhos azul-escuros marcantes. Seu reaparecimento em cativeiro Ă© considerado uma vitĂ³ria da ciĂªncia e uma oportunidade Ăºnica de preservar um patrimĂ´nio natural ameaçado.
O retorno do tacaĂ©-do-sul na Nova ZelĂ¢ndia
Enquanto o Brasil comemora a chegada de uma nova vida, do outro lado do planeta, a Nova ZelĂ¢ndia celebra o retorno de um sĂmbolo cultural: a tacaĂ©-do-sul, uma ave nĂ£o voadora que chegou a ser considerada extinta no sĂ©culo 19.
Redescoberta em 1948 nas montanhas de Murchison, a tacaĂ©-do-sul protagoniza hoje uma das histĂ³rias de conservaĂ§Ă£o mais bem-sucedidas do mundo. Em 2025, um grupo de 18 aves foi solto no Vale de Greenstone, na Ilha Sul, em uma cerimĂ´nia carregada de significado espiritual para os povos maori.
Com penas verde-azuladas e comportamento Ăºnico, o tacaĂ©-do-sul jĂ¡ ultrapassa a marca de 500 indivĂduos vivos, graças a programas intensivos de reproduĂ§Ă£o em cativeiro, criaĂ§Ă£o de santuĂ¡rios e controle rigoroso de predadores invasores, como furões, ratos e gatos selvagens.
Na Nova ZelĂ¢ndia, o renascimento do tacaĂ©-do-sul Ă© tambĂ©m cultural. Para os povos indĂgenas maori, essa ave Ă© considerada sagrada, guardiĂ£ de tradições e sĂmbolo da conexĂ£o com o mundo espiritual.