O bairro Portão é hoje um dos maiores de Curitiba, quase uma cidade à parte dentro da Capital. Com shoppings, museus, praças, escolas, hospitais e uma rede completa de serviços, ele se consolidou como um dos locais mais desejados para morar. Mas, por trás dessa imagem moderna e valorizada, está uma história que começou há mais de dois séculos, marcada por tropeiros, conflitos e até um portão de madeira que deu nome à região.
No século 18, tropeiros vindos da região dos Campos Gerais passavam por um atalho rumo a Paranaguá, destino estratégico para o comércio da época. O problema é que, ao atravessarem plantações, entravam em conflito com os agricultores locais.
Para organizar esse fluxo e evitar novos atritos, foi criado um posto de fiscalização com um grande portão. Foi desse marco que nasceu o nome Portão, hoje associado a um dos bairros mais movimentados da capital.
A partir do fim do século XIX, a região ganhou ainda mais importância com a chegada da estrada de ferro que ligava Curitiba a Paranaguá e depois se estendia até Ponta Grossa. O transporte de madeira e erva-mate, principais produtos da economia local, impulsionou o desenvolvimento da área. Décadas depois, já no século XX, o Portão passou por forte urbanização e se transformou em um polo comercial e residencial.
Como é o Portão atualmente
Atualmente, o bairro é símbolo de infraestrutura completa. Ele abriga dois grandes shoppings, Ventura e Palladium, além do terminal de ônibus que integra diferentes regiões da cidade. No entorno está o Portão Cultural, maior centro cultural de Curitiba, que reúne o Museu Municipal de Arte (MuMA), o Cine Guarani, a Casa da Leitura, o Centro de Arte Digital e o Teatro Kraide.
Outro espaço para visitação é o Bosque dos Mundiais, inaugurado em 2014, com pistas de caminhada, academia ao ar livre, parque infantil e um memorial em homenagem aos clubes que jogaram na cidade em Copas do Mundo.
A religiosidade também se mantém presente na Paróquia Senhor Bom Jesus do Portão, inaugurada em 1928. Com estilo arquitetônico eclético, a igreja recebeu anos depois os sinos vindos da Alemanha, tornando-se um dos marcos culturais e religiosos do bairro.
Índice de criminalidade
Apesar de toda a infraestrutura, o Portão também enfrenta desafios. De acordo com levantamento do Bem Paraná, com base em dados da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp), o bairro está entre os dez com maior número de crimes contra o patrimônio em Curitiba, registrando 1.491 ocorrências no primeiro semestre de 2025, número que inclui furtos, roubos, estelionatos e outros crimes.
Bairro tem alta valorização imobiliária
Se por um lado a criminalidade preocupa, por outro, o setor imobiliário celebra os números da região. A localização estratégica, próxima a bairros nobres como Água Verde e Batel e à Cidade Industrial, tem impulsionado a valorização dos imóveis. Segundo levantamento da plataforma Agente Imóvel, em janeiro de 2025 o Portão registrou a 4ª maior valorização do metro quadrado em Curitiba, com crescimento de 15,4%.
Outro levantamento, realizado pelo Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), apontou que o metro quadrado para locação residencial no Portão chegou a R$ 29,11 no primeiro semestre de 2025, quase o mesmo valor do tradicional Batel, onde o preço era de R$ 29,95.
Já o Radar Imobiliário do DataZAP, divulgado em junho de 2024, mostrou que o Portão figura entre os três bairros mais procurados para compra de imóveis na capital, ao lado da Cidade Industrial e do Água Verde.