Quem pensa que soltar balões é uma prática das pessoas da periferia, moleques sem instrução, engana-se. O graduando de uma universidade particular da Capital D.A.C., de 21 anos, mostra que essa tese está equivocada, até porque o “hobby”  perigoso exige grandes investimentos. Em conversa com a reportagem do Jornal do Estado, ele contou como funciona a rede de baloeiros da Grande Curitiba, que espanta pela organização.
Segundo D.A.C., o grupo se comunica poucas horas antes do balão ser solto, geralmente em algum lugar afastado nas cidades da Região Metropolitana de Curitiba. O estudante tenta justificar a prática criminosa, por causar incêndios e queimadas, como um “hobby”. “Tem gente que gosta de pescar, e eu gosto de soltar balão. É muito bonito de ver ele subir”, diz ele. Soltar balões é crime, segundo a Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal nº 9605/98). O infrator está sujeito a uma pena de um a três anos de detenção, além de poder ter que pagar uma multa de até R$ 5.593,99 (cinco mil quinhentos e noventa e três reais e noventa e nove centavos) por balão apreendido.
O “hobby” reúne famílias nas fazendas em que são soltos os balões, agrupando até 70 pessoas por encontro. Nestes dias, geralmente aos sábados e domingos, se houver condição climática favorável, ou seja, pouco vento e ausência de chuva, balões de até 20 metros podem ser levantados. Outra justificativa dada por D.A.C. é que esses grupos, por praticarem a atividade como esporte, incitando a competição entre as pessoas, têm uma visão muito mais responsável que os baloeiros que soltam em casa. “Uma das características é o resgate: os grupos acompanham o balão, se comunicam por celular, e já sabendo onde ele vai cair”, explica. Mas o próprio universitário admite o risco ao  relatar um acidente que aconteceu. “Uma vez os foguetes estouraram antes de o balão subir. Acabou pegando fogo na casa do caseiro da fazenda”, conta. “Responsáveis”, eles arrecadaram dinheiro para reconstruir a moradia.
Segundo D.A.C., há vários tipos de competição. Entre eles está o balão com foguetes e o com bandeiras – que ele define como um “trabalho artesanal”. “Corta-se milhares de quadradinhos de seda de várias cores. Daí pegam uma foto no computador, transforma em pixels, para ter noção de quais cores vão precisar, para depois montar a bandeira”, explica.
Há ainda aqueles que soltam balão em casa. Como os materiais são simples de se conseguir, infelizmente qualquer pessoa pode construí-lo. Seda, papel higiênico, vela e um arame são os ingredientes necessários para fazer um balão, e, por consequência, um incêndio de grandes proporções. D.A.C. tem consciência dos estragos que podem ser causados por essa atividade, mas para ele, “é um hobbie que vem desde criança. Tem família que vai e desde pequeno tem gente nesse meio”, diz.