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A cada duas tartarugas marinhas que encalham lesionadas no litoral do Paraná, uma tem lesões causadas por interação com embarcações, segundo levantamento do Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Desde o início do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Campos (PMP-BS), há sete anos, são feitos registros de animais com lesões associadas a embarcações. De 2015 até 2022 já foram encontradas 153 tartarugas marinhas com lesões, sendo 76 casos classificados como interação com embarcação, draga ou hélice.
Infelizmente, em alguns casos as interações com barcos acarretam na morte do animal, como aconteceu com a CM054058, uma tartaruga-verde (Chelonia mydas) juvenil, encontrada morta em Guaratuba.
A necropsia mostrou uma grave interação com hélice de barco. Havia três cortes extensos perfurando a carapaça do animal e um quarto corte passando pelo ventre da tartaruga.
A presença de hematomas em torno das fraturas indica que essa lesão aconteceu quando o animal ainda estava vivo, o que causou sua morte.
A colisão com embarcações preocupa ainda mais os cientistas ao considerar que o litoral paranaense é o berçário de muitas espécies, tendo deslocamento de mães e filhotes na região, e por ser uma área de alimentação de alguns animais, principalmente na fase jovem da vida.
“A sensibilização da sociedade e o cuidado ao navegar em áreas que compartilhamos com os animais são essenciais para garantir a sobrevivência de tartarugas marinhas, golfinhos e diversos outros animais marinhos no litoral paranaense”, pondera Camila Domit, coordenadora do PMP-BS na UFPR.