
A Mel era uma cachorrinha idosa, mas com muita saúde e disposição. Fez 15 anos neste mês. “Um cachorro desta idade, você sempre pensa que vai falecer de forma natural, mas nunca da forma que foi”, lamenta a tutora Allana Waromby. A cachorra morreu após sofrer agressões durante tosa em pet shop de Curitiba no último dia 26 de dezembro. A família já fez Boletim de Ocorrência na Polícia Civil do Paraná contra a funcionária do pet shop, que no vídeo de segurança aparece escovando a cachorrinha com violência, o que teria causado um trauma cranioencefálico, que veio a culminar na morte de Mel. “No vídeo, é nítido que, de forma totalmente desproporcional, a ‘profissional’ bate e puxa os pelos com a rasqueadeira e pentes metálicos”, disse Allana. “Esperamos que a tosadora seja responsabilizada criminalmente em razão dos maus-tratos, que culminaram na morte da nossa cachorrinha”.
Cachorrinha Mel: “Machucadinho” era trauma cranioencefálico
No dia 26 de dezembro, às 13h30, Paulo, marido de Allana, levou a Mel para banho e tosa no pet shop. Às 14h24, funcionária do Pet Shop enviou mensagem para os tutores questionado se tinham conhecimento de que a Mel estava com um “machucadinho” na cabeça. Ele informou que não tinha conhecimento, mas que se deslocaria para retirá-la. “Informamos que demoraríamos um pouco pois estávamos longe do estabelecimento Se prontificaram, então, a levá-la ao hospital. Só então percebemos que era algo grave. Pedimos foto e demoraram um pouco para nos enviar. Quando a foto chegou, ainda assim, não dava para ter muita noção do ocorrido. Conseguimos pegá-la no pet às 15h35 e levamos diretamente para um hospital veterinário de confiança. Lá, foi constatada uma lesão na pele que, à princípio parecia corte de tesoura”, contou Allana à reportagem do Bem Paraná.
Leia mais
- RG de pet: governo inicia em janeiro cadastro nacional de cães e gatos
- Cachorro é resgatado do lado de fora do quinto andar de prédio em Curitiba
Mel então ficou internada para exames e levou sete pontos na cabeça, o que é muito para tamanho dela, afinal a cachorra da raça Yorkshire era de porte pequeno com apenas 2,5 quilos. Às 19 horas, o hospital ligou para a família informando que a Mel já está pronta para a alta. “Nos informaram que ela ainda estava um pouco sonolenta por conta da sedação, mas que logo se recuperaria Chegando em casa, ela acabou tomando um pouquinho de água. Tentou caminha um pouquinho, mas percebemos que mal conseguia parar em pé. O pouco que caminhava, praticamente o fazia em círculos. Acreditávamos que isso estava ocorrendo ainda por conta dos efeitos da sedação Passei a madrugada atendendo ela e percebi que com o passar do tempo passou a reagir menos No dia 27 pela manhã, retornei ao hospital e acabaram deixando ela internada”, contou Allana.
Imagens da câmera revelam o que aconteceu com a cachorrinha Mel
O casal solicitou à proprietária do pet shop as imagens da câmera para entender o que havia acontecido com Mel. Por volta das 10h30, ela cedeu uma prévia via WhatsApp, mas não dava pra ter muita noção, pois a imagem estava cortada. Eles solicitaram a íntegra da gravação, o que foi prontamente atendido. “Retiramos o pendrive com as imagens por volta das 14h30 e começamos a analisar Até então, nós e o hospital estávamos trabalhando com a hipótese de que ela havia sido cortada com tesoura. Imaginávamos que isso poderia ter ocorrido, talvez, na hora de cortar o lacinho antigo que estava na cabecinha dela. Somente após a análise das imagens é que vimos que ela sofreu impactos na cabeça
Fomos ao hospital para visitar a Mel logo em seguida e nos informaram sobre a piora do quadro dela. Conversando com as profissionais sobre o ocorrido, mostramos as imagens das câmeras e elas nos informaram que, a partir dali, teriam de mudar a conduta, pois tratava-se também de trauma cranioencefálico”, afirmou a tutora Allana.
As 22h03, o hospital contatou a família informando sobre a irreversibilidade do quadro dela, que apresentou piora importante do nível de consciência e episódio de crise convulsiva. “Assim, diante da irreversibilidade do quadro, optamos pela eutanásia para evitar ainda mais sofrimento para ela”, afirmou a tutora.
Do vídeo, é nítido que, de forma totalmente desproporcional, a tosadora bate e puxa os pelos com a rasqueadeira e pentes metálicos. “Nítido, também, que a profissional estava irritada. Interrompia o atendimento do animal para envio de mensagens e para atender/efetuar ligações. Foi após retornar de uma dessas ligações que as agressões ficaram mais violentas”, disse Allana.
Família quer que tosadora seja responsabilizada
Ao perceber a lesão que causou, ela se mostra assustada e pede ajuda pra colega. “Gostaria de deixar claro que a proprietária do pet shop, até o momento, tem se mostrado solidária, nos prestando todo auxílio. Nos cedeu as imagens de forma voluntária, e tem cumprido com todas as suas responsabilidades civis, enquanto prestadora de serviço. Por este motivo, não gostaríamos de divulgar o nome do estabelecimento.”, explicou Allana. A funcionária já foi demitida.
“Nossa intenção com a postagem é dar visibilidade ao caso para que as autoridades policiais deem atenção para este caso que, consideramos inadmissível”. O Boletim foi feito n dia 27 de dezembro no 4º Distrito Policial, com a promessa de que seria encaminhado para a Delegacia do Meio Ambiente.
Allana contou que o vazio em casa sem Mel é imenso: “E as crianças nos perguntando quando a Melzinha voltará pra casa”.