Cada acidente de trânsito com ferido grave custa até R$ 100 mil ao SUS no Paraná

No Hospital Cajuru, ciclistas e motociclistas respondem por mais de 57% das internações

Rodolfo Luis Kowalski

Franklin de Freitas

Um momento de desatenção no trânsito ou uma pisada mais fundo no acelerador pode custar caro, muito caro. Quando não custa uma vida, o valor de um acidente de trânsito em Curitiba pode desfalcar em até R$ 100 mil o Sistema Único de Saúde (SUS), considerando-se os casos mais graves, em que o paciente necessita de atendimento de emergência, cirurgias, internação numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e etc.

O dado foi levantado pelo diretor geral do Hospital Universitário Cajuru (HUC), doutor Juliano Gasparetto. Também professor da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Ontem ele participou de audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) e debateu o “Maio Amarelo – Formas e Meios para Redução dos Acidentes de Trânsito no Paraná”, e tratou justamente dos custos da violência no trânsito para o SUS, que é seu objeto de estudo no doutorado.

De acordo com os registros do Hospital, anualmente são atendidas cerca de 5 mil pessoas vítimas de acidente de trânsito, ao custo de R$ 10 milhões por ano. Se considerado o número de pessoas atendidas e o custo total ao SUS, temos a média de R$ 2 mil gasto com cada paciente vítima desse tipo de ocorrência. Nos casos mais graves, porém, o custo pode multiplicar por 50.

“Hoje, atendemos no HUC de 4 a 5 mil pacientes no Pronto-Socorro todo mês. Desses, mais ou menos 700 são vítimas de acidentes de trânsito. É uma das principais causas de internações e com certeza responde pela maior parcela de casos graves”, conta o médico e diretor do hospital. “Nesses casos mais graves, em que o paciente necessita de atendimento de emergência, cirurgia e UTI, isso pode gerar um custo ao SUS, por paciente, de R$ 100 mil”.

Reponsáveis por 57,2% do total de internações em acidentes de trânsito, os ciclistas e motociclistas são também as vítimas em dois terços dos casos mais graves que chegam ao hospital. Para Gasparetto, o crescimento da frota de motocicletas, o uso mais frequente de bicicletas e até mesmo algumas questões de física explicam o porque desses números.

“O número de motos ele cresceu muito nos últimos anos. Temos uma crise econômica e hoje é mais barato andar de moto, comprar uma moto, até do que andar de ônibus. Então mais pessoas trabalham com motos também. Outro ponto é que temos mais pessoas usando bicicleta para se locomover. Mas porque é grave o acidente em duas rodas? Porque todo a força do trauma, da colisão, é trasmitida para a epssoa. Na prática, ele (motociclista ou ciclista) é o parachoque do veículo”.

Acidentados atendidos no Hospital Cajuru

Total de atendimentos

2017

5.383

2018

5.193

Variação

– 3,53%

 

Atendimentos segundo modal (dados de 2018)

Ônibus

67

Automóvel

1.355

Bicicleta

438

Caminhão

48

Moto

2.536

Atropelamento

749