Curitiba é conhecida como uma das Capitais mais verdes do País e também pela expertise na questão da mobilidade viária. No entanto, moradores da cidade que costumam andar pelas ruas têm sérias reclamações sobre a situação das calçadas de Curitiba. Uma recente pesquisa elencou as seis principais queixas sobre a qualidade do espaço dedicado aos pedestres da Capital do Paraná.
Para mais da metade dos participantes (58%) a falta de acessibilidade é o maior problema das calçadas da capital. A pesquisa ouviu a população sobre os principais problemas das calçadas de Curitiba. O formulário online “RECLAME AQUI: Calçadas de Curitiba! O que precisa melhorar?” foi divulgado nas redes sociais e captou as percepções da população sobre o tema. O levantamento foi realizado pela vereadora Laís Leão (PDT).
A iniciativa surgiu diante das recorrentes reclamações recebidas pela vereadora sobre a precariedade das calçadas, afetando diretamente o deslocamento diário dos curitibanos e curitibanas.
“A nossa ideia era de alguma maneira compilar e deixar claro pra população que a gente quer ouvi-la, ter uma visão mais geral de como estava o panorama das nossas calçadas para poder também levar pro Poder Executivo, porque essa é a função do Legislativo, fazer essa ponte entre a população e a prefeitura”, explica Laís Leão.
Dados serão para reivindicar melhorias às calçadas de Curitiba
O levantamento colheu dados concretos para dialogar com o Poder Executivo sobre a urgência de intervenções que garantam segurança, acessibilidade e dignidade no espaço urbano. Além disso, o material qualificará os debates sobre a revisão das regras de construção de calçadas e ajudará a mapear pontos que demandam maior atenção.
De 7 a 12 abril, os participantes relataram quais obstáculos observam pelas ruas da cidade. A pesquisa recebeu 166 respostas sobre 9 das 10 regionais da cidade. Além disso, o mandato realizou coletas presenciais de dados com segmentos específicos.
A vereadora avalia que há muito a ser feito e destaca que há muitas críticas sobre o fato de proprietários dos imóveis serem os responsáveis pelas calçadas, considerando que trata-se de um espaço público.
Outro ponto levantado pela parlamentar é a importância de as regras de construção de calçadas serem claras e possíveis de serem aplicadas.
No “Reclame Aqui” os participantes podiam selecionar qual é o maior problema das calçadas de Curitiba.
Lista das seis maiores queixas sobre as calçadas de Curitiba
• Material da calçada
• Tamanho/Largura da calçada
• Regras muito complicadas para proprietários
• Falta de acessibilidade
• Falta de mobiliário urbano
• Falta de arborização e sombra
Veja a seguir quais os principais problemas apontados em cada área:
- Acessibilidade: falta de padronização dos tamanhos e materiais das calçadas;
falta de manutenção; problemas com obstruções no caminho (como a raízes de árvores); - Mobiliário: falta de iluminação ou iluminação insuficiente; falta de lixeiras e de arborização;
- Material: descontentamento com pavers por conta da irregularidade e trepidação; críticas à lajota e ao petitpavé, considerados lisos e escorregadios; falta de padronização dos tamanhos e tipos de materiais.
- Regras difíceis: comunicação ruim sobre as regras; dificuldade de compreender as regras das leis e decreto;
O questionário abria ainda a opção de responder “Outros”. Vários participantes selecionaram essa opção para reclamar de trechos da cidade onde sequer há calçada.
Confira algumas respostas ao questionário*:
“As calçadas de paralelepípedo geralmente são as mais deformadas, o que dificulta muito para pessoas com alguma dificuldade de locomoção, além de serem escorregadias. Sem falar do paver.”
“As calçadas com pedras de basalto são péssimas, além de superfície irregular, não proporcionam acessibilidade, as peças desprendem muito fácil, causam acidentes, espirram água suja pra cima quando pisamos após chuvas”.
“Não existe padrão entre as calçadas, cada uma de um material diferente.”
“A maior parte das calçadas da cidade estão precisando de manutenção, pois muitas são irregulares, estão quebradas, e ainda têm raízes de árvores causando desníveis e dificultando a acessibilidade.”
“As calçadas precisam ser modernizadas, niveladas, arborizadas, colocar lixeiras porque tem muito falta principalmente em bairros”
“Calçadas sem nenhuma acessibilidade, não tem nenhuma lixeira, mesmo sendo local de comércios, escolas, etc.”
“As calçadas no meu bairro são estreitas, algumas quadras o proprietário deixou com grama, dificultando ou fazendo o pedestre ter que andar na rua mesmo.”
Bares e restaurantes
O mandato teve atenção especial à situação enfrentada pelos bares e restaurantes da cidade. Entre as questões levantadas pelos empresários estão a necessidade de condições mais claras e flexíveis de construção das calçadas, além da disponibilização pelo poder público de manuais e maior transparência quanto aos pareceres em caso de irregularidades. Uma das ideias propostas pelo grupo é a criação de um canal aberto e disponível para o esclarecimento de dúvidas.
Sugestões foram encaminhadas pelo Ippuc
No dia 8 de maio a vereadora participou de uma oficina sobre melhorias das calçadas da capital promovida pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). O evento reuniu arquitetos e urbanistas, engenheiros, acadêmicos, organizações de proteção aos direitos de pessoas com deficiência, representantes da sociedade civil organizada e do Ministério Público.
Na ocasião, Laís entregou em mãos à diretora de Projetos do Ippuc, Daniela Mizuta, o relatório sobre as calçadas elaborado pelo mandato. O material se juntará às contribuições colhidas na oficina e que serão analisadas pelo Ippuc na revisão do decreto 1066/2006, que regra a construção de calçadas na cidade.
“A nossa ideia é realmente publicizar esses dados o máximo possível para garantir também que a população saiba da produção desse material e saiba qual é o direcionamento que a gente pretende tomar. Então, tem um espaço de transparência também no sentido de abrir um debate, abrir um diálogo sobre esse tema, para que a população entenda as questões que são mais difíceis e mais fáceis de serem resolvidas, quais são os pontos mais problemáticos”,
conclui.