O caso do assassinato do jogador de futebol, Daniel Corrêa Freitas, encontrado morto na manhã de 27 de outubro do ano passado, na zona rural de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, terá dois capítulos importantges no mês de agosto. No dia 6 de agosto, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), deve julgar o habeas corpus de Allana Brittes, 18 anos, uma das sete pessoas acusadas de participar da morte do jogador Daniel. Já a partir do dia 13 de agosto, na 1ª Vara Criminal de São José dos Pinhais, os sete acusados do crime prestarão depoimentos. Na oportunidade, serão ouvidos Edison Luiz Brittes Junior, que confessou o crime, Eduardo Henrique Ribeiro da Silva, Ygor King, David Willian Vollero da Silva, Allana Brittes, Cristiana Rodrigues Brittes e Evellyn Brisola Perusso.
O pedido de Allana, presa desde o dia 1 de novembro, foi incluído na pauta do STJ pelo ministro Sebastião Reis Júnior, que negou habeas-corpus de forma monocrática em março. A defesa da jovem alega que ela não representa risco para as investigações, e que as testemunhas não apontaram qualquer ato de Allana durante a morte do jogador.
Depoimentos – Já foram ouvidas pela Justiça as testemunhas de acusação e defesa em em fevereiro e em abril deste ano. Prestaram depoimento pessoas que estavam na festa de aniversário de Allana Brittes, na véspera do crime, e familiares do jogador e dos acusados. Ao todo, são 77 testemunhas arroladas no caso.
O crime
O corpo de Daniel foi encontrado na zona rural de São José dos Pinhais na manhã de 27 de outubro de 2018. Ele apresentava degola parcial e estava com o pênis decepado. As investigações apontaram que o jovem foi assassinado após uma confusão na casa da família Brittes. O jogador havia participado da festa de aniversário de 18 anos de Allana, que ocorreu em uma casa noturna de Curitiba (Boate Shed) e na sequência, seguiu com a família e amigos da jovem para continuar a festinha na casa da garota.
As investigações apontaram que durante a madrugada Daniel entrou no quarto de Cristina Brittes enquanto ela dormia, tirou fotos ao lado dela e enviou para amigos pelo Whatsapp. Foi quando Edison Brittes teria entrado no quarto e espancado o rapaz com ajuda de outras pessoas. Essa parte do crime ainda deve ser esclarecida, para apontar os responsáveis pelo espancamento e de que forma isso aconteceu. Eduardo da Silva, Ygor King, David Silva, convidados da festa, também foram acusados de envolvimento na morte do jogador. Evellyn Perusso, que não está presa, é acusada de falso testemunho.
Acusações e versões
Acusado de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual, corrupção de menor (pelo fato de ter uma pessoa de 17 anos na casa no dia do crime) e coação no curso do processo, Edison Brittes disse que agiu “sob forte emoção” ao ver Daniel Correa deitado na cama com Cristiana Brittes. O empresário falou também que queria humilhar o jogador e abandoná-lo nu fora da casa da família. Edison Brittes, no entanto, preferiu ficar em silêncio quando foi questionado sobre como o jogador foi morto. Ele assumiu a autoria do crime sozinho.
Acusada de homicídio qualificado por motivo torpe, coação do curso de processo, fraude processual e corrupção de menor, Cristiana Brittes disse que acordou com Daniel Correa deitado sobre ela e que começou a gritar assustada ao supostamente notar que ele estaria apenas de cueca. Cristiana disse ainda que o jogador estava “excitado”, “trajando apenas cueca” e que passava a mão pelo corpo dela. Cristiana afirmou ainda que, enquanto ela gritava, o jogador dizia: “Calma, é o Daniel”.
Allana Brittes é acusada coação no curso do processo, fraude processual e corrupção de menor. Ela disse que, depois de ouvir gritos da mãe, foi ao quarto de Edison e de Cristiana Brittes e encontrou o pai segurando Daniel Correa pelo pescoço, “como se o enforcasse”. A mãe, segundo Allana Brittes, já não estava mais no quarto porque tinha ido procurar ajuda.
Entre os outros réus, Eduardo Henrique da Silva, acusado de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor, admitiu que espancou o jogador, mas disse que não teria aceitado participar das agressões se soubesse que Daniel Correa seria morto. Falou também que Edison Brittes saiu de casa com o objetivo de “castrá-lo” e abandoná-lo na rua.
Ygor King, acusado de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor, e David William da Silva, acusado dos mesmos crimes, mais denunciação caluniosa, disseram que pediram para que Edison parasse de bater no jogador e que agiram por medo. David da Silva disse também que Edison Brittes mudou de ideia e decidiu matar Daniel Correa depois de ver algo no celular do jogador.
Já Evellyn Brisola Perusso, que está solta, é acusada de denunciação caluniosa e falso testemunho. Ela disse que Edison Brittes Júnior “ordenou” que ela e outros convidados limpassem as manchas de sangue que ficaram pela casa depois das agressões. Também falou que que viu Cristiana Brittes chamando Allana Brittes e dizendo: “Ajuda, desce, senão seu pai vai matar o menino”.