A Polícia Federal confirmou nesta quinta-feira (26) que a empresa Força Rota, contratada pelo Super Muffato, atua de forma clandestina. Um dos seguranças preso por envolvimento na morte do jovem Rodrigo da Silva Boschen, de 22 anos, é funcionário da empresa. Rodrigo foi brutalmente espancado, amarrado, assassinado nas dependências do supermercado Muffato e desovado em via pública, na quinta-feira (19), no bairro Portão, em Curitiba. O caso é tratado pela polícia como homicídio doloso.
Em nota encaminhada ao Bem Paraná, a assessoria do Muffato informou que solicitou da empresa Força Rota o envio de documentação regulatória. “Com relação ao questionamento sobre a empresa terceirizada citada, informamos que os contratos firmados com o Grupo Muffato estão formalizados e ativos. Tão logo tomamos conhecimento da informação, entramos em contato com a prestadora de serviços e solicitamos o envio imediato da documentação regulatória pertinente”, diz a nota.
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“A atuação de uma empresa clandestina no Muffato torna a situação ainda mais revoltante”, disse o deputado estadual Renato Freitas (PT), que obteve as informações da Polícia Federal.
“A empresa RTA ROTA SISTEMA INTEGRADO DE SEGURANCA LTDA, nome de fantasia GRUPO FORCA ROTA, CNPJ 03.625.358/0001-06 não é credenciada pela Polícia Federal para atuar em segurança privada. A PF credencia e fiscaliza o setor de segurança privada, com base na Lei 14.967/2024”, informou a Polícia Federal. Segundo a PF, foi lavrado auto de encerramento de atividades de segurança privada. A empresa não foi fechada, a lei permite que ela atue em outros ramos de atividade econômica, que não caracterizem atividade de segurança privada.
Mas a PF confirmou que um “auto de encerramento” da empresa Força Rota foi lavrado depois do registro da ocorrência relacionada à morte de Rodrigo.
Relembre o Caso Rodrigo
O jovem foi assassinado depois de supostamente furtar uma barra de chocolate e chicletes, segundo depoimentos à Polícia Civil. O caso veio a público depois que uma testemunha gravou com celular vídeos que mostram a “desova” do corpo em via paralela ao supermercado.
“O Muffato divulgou só as imagens do Rodrigo correndo para tentar induzir a Justiça a acreditar que ele não foi morto dentro do supermercado. Isso já foi desmentido pelas evidências. Segundo testemunhas e a própria polícia, Rodrigo estava com os pés amarrados e o rosto desfigurado. Ele foi arrastado para o estacionamento do mercado onde foi espancado e morto dentro do Muffato”, aponta Renato Freitas.
A polícia prendeu três pessoas desde o início das investigações. Os envolvidos identificados são Bryan Gustavo Teixeira, segurança do supermercado, e o motociclista Henrique Moreira Alves Pinheiro do Carmo, presos preventivamente. O funcionário do Muffato, Luiz Eduardo Alves, não teria envolvimento direto e, por isso, conseguiu liberdade provisória após audiência de custódia.
O quarto envolvido foi identificado apenas como “Luiz” e, segundo a polícia, está foragido. Ele seria “Agente de Prevenção de Perdas (APP)”, que, segundo o presidente do sindicato dos Vigilantes do Paraná, João Soares, é um “Leão de Chácara” que atua de forma irregular.
Vítima trabalhava em multinacional e morava com a mãe
Rodrigo da Silva Boschen, de 22 anos, trabalhava em uma multinacional em Curitiba. Morava com a mãe e quatro irmãos perto do supermercado. Ele frequentava o supermercado em Curitiba por causa da proximidade.
“Neste momento de profunda dor, a família de Rodrigo está buscando compreender as circunstâncias do brutal crime que ceifou sua vida. Confiamos que as autoridades competentes irão apurar os fatos com rigor e celeridade, identificando os responsáveis e garantindo que sejam devidamente responsabilizados. Reiteramos nossa esperança na Justiça”, afirmou o advogado Leonardo Mestre Negri, que representa a família da vítima.
O que diz o boletim de ocorrência sobre o caso Rodrigo
Conforme o Boletim de Ocorrência, os policiais foram acionados posteriormente para prestar atendimento a um indivíduo caído. Ao chegarem, se depararam com a vítima de bruços já sem vida.
Testemunhas foram ouvidas pela equipe policial. Uma delas, que estaria de moto, relatou ter visto os três homens – 1 funcionário e dois seguranças do supermercado – deixando o corpo na rua. Ele relatou ainda ter ouvido conversar entre eles.
Um deles, segundo essa testemunha, teria questionado os demais sobre o estado do homem. ‘Será que está morto?, teria dito. Um deles respondeu: ‘Está só desmaiado”. Após deixarem o corpo, teriam seguido sentido Avenida Wenscelau Braz.
Neste momento, conforme a testemunha, ele teriam acionado o 192. Ele fez um vídeo do local ao perceber que o atendimento a ocorrência iria demorar. Em seguida, de posse das imagens, se dirigiu até o 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros, localizado no Portão. Após verem o vídeo, os bombeiros foram então verificar a ocorrência, segundo descrito no BO. Essa testemunha retornou ao local.
Simultaneamente, uma equipe estava na loja do Muffato do Portão, em atendimento a uma ocorrência repassada como furto. O gerente da loja teria dito que nenhum dos três, que teriam deixado o corpo do homem, já não estavam mais na loja.
Uma das testemunhas ouvidas, teria ainda relatado que o homem estaria fugindo, após furtar o mercado. Os funcionários teriam dado um ‘mata-leão’ e agredido a vítima.