Casos de Covid-19 voltam a lotar hospitais de Curitiba e cirurgias eletivas são suspensas

Ana Ehlert e Josianne Ritz

Geraldo Bubniak/AEN

Com a alta de casos diários e ativos de coronavírus e aumento na lotação de UTIs do SUS e de hospitais particulares, a Prefeitura de Curitiba suspendeu, nesta terça (17), a realização de cirurgias eletivas nos hospitais da cidade.   “Com a experiência sobre o comportamento da doença e com os casos novos, é possível que tenhamos um aumento de internamentos na próxima semana e a medida é de precaução para tenhamos um pouco mais de leitos de covid-19 disponíveis e que ninguém fique sem assistência”, disse Márcia Huçulak, secretária municipal da Saúde de Curitiba. A capital paranaense, no entanto, continua na bandeira amarela e, segundo entrevista do prefeito Rafael Greca, na segunda (16), deve permanecer assim nos próximos dias. Ele também descartou o lockdown.

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Segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), três hospitais da cidade chegaram, na segunda (16), à lotação máxima de leitos de UTI adultos do SUS para tratamento da doença: Hospital Evangélico Mackenzie, com 33 leitos ocupados (100%), Hospital do Idoso, com 52 leitos ocupados (100%) e Hospital do Trabalhador, com 17 leitos (100%). No Hospital de Clinicas, 49 das 51 vagas estão ocupadas e na Santa Casa, 45 dos 55 leitos também estão com pacientes. A cidade está com 230 leitos do SUS para Covid-19 ocupados, e 43 livres.

Após uma sequência de queda nos internamentos, a ponto de serem desativados 72 leitos de UTI SUS exclusivos para covid-19, o movimento de pacientes com sintomas respiratórios nas nove Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) vem aumentando, especialmente depois do feriado de 2 de novembro. Na semana de 2 a 8 de novembro foram 6.752 atendimentos de sintomas de covid-19 nas UPAs. Na semana seguinte, entre os dias 9 e 15, foram 8.300 atendimentos. “Esse aumento também na procura pelo serviço certamente se refletirá em mais internamentos, portanto, já estamos nos adiantando”, afirma Márcia Huçulak.

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O Hospital Marcelino Champagnat divulgou uma nota na manhã desta terça (17) que o Pronto Atendimento está trabalhando no limite da capacidade máxima. Na mesma nota, a alta demanda por atendimentos foi atribuída ao aumento de casos de Covid-19 em Curitiba. Em nota, o Hospital declarou estar com 100% dos leitos ocupados. 

O presidente  Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Fehospar), Rangel da Silva, informou que a organização trabalha em um levantamento para saber como estão os casos de Covid-19 em todo o Paraná. “A princípio parce que está tendo o início de uma nova onda como a que está acontecendo em São Paulo”, disse. “Realmente é bastante importante a gente ficar alerta”, reiterou Rangel.

O Hospital Marcelino Champagnat, em nota ainda, informou que todos os pacientes que buscarem o Pronto Atendimento serão submetidos à estratificação de risco e atendidos conforme escala de gravidade, sendo priorizados os casos mais graves. “Os casos mais leves serão orientados a buscar atendimento em consultórios médicos com horário agendado ou demais serviços de emergência disponíveis”. 

“Tudo depende da população”, diz Greca

O prefeito Rafael Greca (DEM) reafirmou, em entrevista ao Bem Paraná, na segunda (16) que não pretende alterar a bandeira amarela em vigor atualmente em Curitiba em relação à pandemia do Covid-19, ou promover um “lockdown”, como adversários teriam espalhado na reta final da campanha eleitoral. Ele insiste, porém, que tudo dependerá do comportamento da população nos próximos dias, em relação à manutenção das medidas de prevenção e distanciamento.

“A média ponderada ainda está equilibrada. Mas claro que eu preferia ter 400 casos ativos por dia do que 700. Mas eu preciso que a população use máscara, lave às mãos, passe álcool em gel, mantenha o distanciamento social, areje os ambientes. E que ninguém ponha o pé na jaca se for para o bar, ou for para o restaurante, para a praia, o parque. Não se amontoem”, pediu Greca.