Chuva de novembro pode garantir dezembro, mas crise hídrica vai até 2021

Volume de precipitação, ontem, passou dos 60 milímetros em algumas áreas da Região Metropolitana de Curitiba

Redação Bem Paraná

Valquir Aureliano - Choveu praticamente o dia todo em Curitiba

Depois de semanas sem chuvas significativas, Curitiba e região enfim registraram preciptação consistente. Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em 24 horas choveu o equivalente a 62 mm em Curitiba. A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) passa pela pior estiagem das últimas décadas e, desde março, está no sistema de rodízio no abastecimento de água.

O volume de chuva de quarta-feira (11) não resolve a situação, mas pode dar um alívio ao sistema de armazenamento de água da região, que vinha definhando. Ontem, o volume associado das quatro barragens que servem a RMC atingiu seu menor nível histórico — apenas 26,77%.

Se — e quando — chegar a 25%, a Sanepar será obrigada a tomar medidas mais drásticas, com o rodízio no abastecimento, que hoje é de 36 horas com água e 36 horas com o fornecimento, subindo para 48 por 24.

Mas, se a água da chuva de ontem chegar aos reservatórios — Iraí, Pirquara I, Piraquara II e Passaúna — pode dar um alívio por mais um mês pelo menos. Segundo a Sanepar, a região precisa de no mínimo 100 mm de chuva por mês para garantir o abastecimento de água para a população.

A semana ainda deve ter mais chuva. Segundo a previsão do Simepar, as condições do tempo pouco mudam no Paraná hoje, ou seja, continua com chuvas isoladas e rápidas preferencialmente a partir da tarde. O risco de algum temporal localizado não está descartado. No Leste, entre a região de Curitiba e litoral, não esquenta tanto.

Em Curitiba, nesta sexta-feira (13) a chuva dá uma trégua, mas volta a ter previsão de chuva a partir do domingo (15) e a próxima semana também deve ter pancadas diárias.

Meta 20
Consumidores residenciais da Região Metropolitana de Curitiba reduziram em 20% o consumo de água. A Meta20 – a campanha lançada com esse objetivo – foi atingida em outubro, segundo levantamento da Sanepar. A combinação dessa economia com o rodízio e as captações emergenciais de água permite que a companhia mantenha o abastecimento. Ontem, a crise hídrica chegou ao seu pior cenário, com 26,7% de reservação, o mais baixo da história de medição das barragens que compõem o Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba e Região Metropolitana.

A Sanepar também fez uma projeção de como estariam os níveis das barragens sem as ações mitigatórias de rodízio, captações emergenciais e a Meta20. Os cálculos mostram que, sem essas medidas, o sistema entraria em colapso no dia 29 de novembro. Ou seja, a partir dessa data, não haveria mais água disponível para o abastecimento público. Nesta quarta, os níveis que estão em 26,7% estariam em torno de 7%.

Mas a situação segue alarmante. Dados do observatório Monitor da Seca mostram que 62% do território paranaense está afetado pela seca e 8%, incluindo a Região Metropolitana de Curitiba, enquadra-se em seca severa. Dados meteorológicos preveem o prolongamento da estiagem, com chuvas abaixo da média, até o primeiro trimestre de 2021.

Capital registrou vários estragos

A chuva torrencial durante o dia todo deixou estragos. A Defesa Civil de Curitiba registrou 21 pedidos para retirada de árvores e galhos grandes caídos, além de seis solicitações emergenciais para entrega de lona a famílias atingidas após a chuva de ontem. Os pedidos ao município chegaram dos bairros Xaxim, CIC, Ganchinho, Sítio Cercado, Uberaba e Tingui.

Na Regional CIC, desde o início da tarde, técnicos percorreram o território para acompanhar de perto as famílias. Nenhuma delas precisou de atendimento. O Cras Parolin, na Regional Portão, e os cinco Cras instalados na Regional CIC estenderam o horário de funcionamento em uma hora para atender famílias que pudessem precisar de colchões, cobertores e alimentos.

Durante todo o dia, todas as unidades de acolhimento a pessoas em situação de rua funcionaram com capacidade máxima de atendimento. Se a chuva persistir e a demanda aumentar, a FAS abrirá vagas emergenciais.

Em caso de emergência, o cidadão deve recorrer aos telefones 199 (Defesa Civil – alagamentos), 153 (Guarda Municipal – fornecimento de lona), 156 (Central de Atendimento ao Cidadão da Prefeitura – quedas de árvore) e 193 (Corpo de Bombeiros – resgate).