Chuva intensa adia eventos e provoca estragos na Grande Curitiba

Em Curitiba, da sexta até ontem foram 200 mm de chuva, volume bem acima da média para o mês todo; São José dos Pinhais arrecada doações

Redação Bem Paraná
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Parque Barigui alagado: área recebeu 200 mm de chuva em quatro dias (Franklin de Freitas)

Desde o final de semana o Paraná é atingido por chuvas constantes. Todas as regiões do Estado foram afetadas em algum grau. E o volume de chuva em apenas quatro dias — de sexta-feira (6) até segunda-feira (9) — já superava a média histórica para o mês de dezembro em várias regiões.

Em Curitiba, o acumulado alcançou 200 milímetros de chuva desde a sexta-feira até o final da tarde de ontem, muito acima da média para os 31 dias de dezembro (130 mm).

Neste período de chuva forte e constante, a Capital registrou 116 quedas de árvores e 227 pontos de alagamento, além de 12 riscos de desabamento.

Em Curitiba, da sexta-feira até a tarde de ontem, o Parque Barigui recebeu 200 mm de chuva, o suficiente para deixar o parque alagado em uma boa extensão. Desde o sábado as águas tomaram parte da pista de caminhada no entorno do parque.

Grande Curitiba

A chuva intensa e sem trégua também provoca transtornos na Grande Curitiba, e até adiou eventos.

Em Pinhais, a Corrida de Natal marcada para o fim de semana foi adiada para o próximo domingo.

Em Araucária, a Feira Sabores das Colônias no Parque Cachoeira ganhou novas datas para que a comunidade local possa aproveitar melhor o evento: de 12 a 15 de dezembro. A inclusão de novas datas levou em conta as fortes chuvas nos últimos dias.

Em São José dos Pinhais, a Defesa Civil iniciou uma campanha de arrecadação de donativos para famílias afetadas pelas chuvas.

Ontem, cerca de 50 famílias que residem em áreas de ocupação irregular no Jardim Independência estavam enfrentando alagamentos. A Prefeitura disponibilizou um local para abrigo temporário, mas as famílias optaram por permanecer em suas residências por motivos pessoais.

Além disso, bairros como Jardim Modelo, Nemari e Colônia Mergulhão também foram afetados pelas chuvas intensas.

Em Campo Largo, a Defesa Civil esteve em algumas áreas de risco de inundações e alagamentos para vistorias: Botiatuva, Campina, Itaqui, Itaboa, Jardim Social, Rivabem, Cercadinho, Rondinha e São Luiz.

Na noite da última sexta-feira, devido à chuva excessiva, os feirantes foram impossibilitados de manter a exposição de produtos na Feira de Natal na Praça Getúlio Vargas (do Museu), pois as barracas foram fortemente danificadas. O retorno da feira fica condicionado à melhora das condições climáticas.

Interior do Paraná

Em alguns pontos do Estado, como nas regiões Centro-Oeste e o Noroeste, a precipitação acumulada já era 84% superior à média histórica para dezembro até a manhã de segunda-feira.

Em Campo Mourão, por exemplo, choveu 313 milímetros (mm) entre sábado e domingo, ante uma estimativa de 170 mm para todo o mês. Em Cianorte o total alcançou 315 mm (média de 179,1 mm). Essa foi a área com maior acumulado de água, de acordo com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar). Choveu bastante também em outras localidades, como as fatias Leste, Sul e Central do Estado.

No Litoral a média dos dois dias (sábado e domingo) foi de 110 mm para uma expectativa mensal de 174,4 mm. Já em Guarapuava, na parte Central, choveu 150 mm de um total de 186 mm para dezembro.

Vem mais

“(Isso tudo é) reflexo de um sistema frontal uniforme que fica até quarta-feira (11) no Paraná, quando começa a se dissipar para a região Sudeste do País. Aí sim teremos pontos de abertura de sol”, explica a meteorologista do Simepar, Júlia Crepaldi Munhoz.

A trégua, porém, será curta. Na sexta-feira (13) chega uma frente fria ao Paraná, deixando o clima mais gelado, com possibilidade de tempestades na parte Oeste e novamente chuva generalizada entre sábado (14) e domingo (15). “O fim de semana também será chuvoso”, diz.

Para a segunda quinzena do mês, com celebrações de Natal e Ano-Novo, a tendência é que os acumulados de chuva fiquem dentro ou abaixo da média.

(Franklin de Freitas)

Parque Barigui: Função de alagar

Os 200 milímetros de chuva que caíram no Parque Barigui nos últimos dias, desde a sexta, mais uma vez comprovaram a eficácia do parque como uma área alagável de Curitiba, seguindo o conceito de “cidade esponja”. A função de retenção de águas do Parque Barigui foi pensada na década de 1970, e desde a inauguração do parque, em 1972, vem evitando que outras áreas residenciais, que ficam após o parque, alaguem. Mas não é somente o Parque Barigui que tem essa função na cidade.

Os lagos dos parques São Lourenço, Bacacheri, Tingui e Atuba também têm a mesma função de fazer a contenção da água das chuvas. Os dois principais rios da cidade, o Barigui e o Belém, passam dentro dos parques Tingui, Barigui (Rio Barigui) e São Lourenço (Rio Belém). Todos os parques da cidade foram implantados em áreas estratégicas para evitar enchentes em espaços residenciais. Quando as fortes chuvas chegam na cidade, como foi neste fim de semana, os rios sobem e extravasam dentro das áreas dos parques, que conseguem absorver melhor essa grande quantidade de água e evitam enchentes em outras partes da cidade.