A Prefeitura de Prudentópolis, na região central do Paraná, encaminhou ofício, nesta quinta (24), para Ternópil, cidade da Ucrânia, oferecendo refúgio para moradores do país frente ao ataque da Rússia. A cidade abriga a maior comunidade de ucranianos do Brasil e é cidada-irmã de Ternópil.  “Prudentópolis segue com as portas e com o coração aberto ao povo ucraniano como o fez há mais de cem anos, quando recebeu os primeiros imigrantes que aqui construíram sua história e influenciaram diretamente no modo de vida de nossa terra”, diz trecho da nota, referenciando a data de chegada dos primeiros imigrantes ucranianos à Prudentópolis, em 1896.

O documento, assinado pelo prefeito de Prudentópolis Osnei Stadler (DEM), foi encaminhado ao prefeito Serhij Nadal.De acordo com a prefeitura, 52.776 moradores de Prudentópolis, cerca de 75% tem descendência ucraniana.

O Brasil abriga a maior comunidade ucraniana da América Latina. São mais de um milhão de pessoas, entre ucranianos e descendentes. Destes, 600.000 mil, ou seja, 80% vivem no Paraná,  com maiores concentrações em Prudentópolis, Curitiba e União da Vitória.

Um dos primeiros grupos que chegou ao Brasil, em 1891, desembarcou no Rio de Janeiro e se instalou na Colônia Rio Claro, no município de Mallet, interior do Paraná. Hoje, o Estado conta com dezenas de sociedades culturais e mais de 30 grupos folclóricos, escolas e grupos de artesãos. Só a estrutura da Igreja Greco Católica Ucraniana é composta por 27 paróquias, aproximadamente 240 igrejas. A Igreja Ortodoxa Ucraniana no Brasil tem outras 18 igrejas.

Em 2021 foi comemorado os 130 anos da imigração ucraniana no Brasil.

Desespero

O embaixador da Ucrânia no Brasil, Rostyslav Tronenko, que está em uma das regiões atacadas pela Rússia, fez contato com a família, que mora em Curitiba. A esposa dele, a curitibana Fabiana Tronenko, usou as redes sociais para relatar todo o desespero: ” Amigos queridos, meu marido acabou de me ligar (01:40 am, hora de Brasília), dizendo que a invasão à Ucrânia começou, pedindo para que eu reze muito, mas que procure (na medida do possível), manter a calma. Ele me disse que segundo informações há várias explosões, que são ouvidas em diversas regiões do país! Estou desesperada! Que Deus tenha misericórdia do meu marido, dos soldados, das pessoas inocentes que moram na região e todo povo ucraniano”.

Comunidade paranaense preocupada

A comunidade ucraniana paranaense, a maior do País, emitiu um apelo ao povo brasileiro para que condene o ataque russo à Ucrânia, segundo o comunicado, assinado pelo presidente da Representação Central Ucraniano Brasileira, Vitório Sorotiuk. “Chamamos a toda a nossa comunidade ucraniana brasileira a reunir-se nas igrejas no domingo dia 27 e na quarta feira dia 2 de março”, diz.

A Rússia atacou a Ucrânia nesta quinta-feira, 24, com bombardeios contra alvos militares em Kiev, Kharkiv e outras cidades no centro e no leste depois de o presidente Vladimir Putin ter autorizado uma operação militar nos enclaves separatistas do leste do país, segundo o ministério da Defesa da Rússia. O governo ucraniano fala em oito mortos pelo bombardeio russo. Foram registradas explosões ainda nas cidades portuárias de Kiev e Mariupol. No começo da manhã, no horário local, sirenes antiaéreas soaram nas cidades de Kiev e Lviv, numa cena rara na Europa desde o fim da 2ª Guerra.

O comunicado ressalta que a comunidade é formada por 600.000 descendentes de ucranianos, que condenam “a cruel agressão russa a Ucrânia e chama todos o povo brasileiro a dar o apoio à soberania e integridade territorial da Ucrânia e a ajuda humanitária”. 

Sorotiuk afirma que a agressão russa à Nação ucraniana não é uma agressão somente ao povo ucraniano, pois ela atinge os fundamentos da Carta das Nações Unidas que é a busca da paz e da não agressão, da convivência pacífica dos povos e a solução pacífica dos conflitos. “A agressão militar russa a Ucrânia atinge toda a humanidade”, pontua.