Paraná Uso excessivo

Cientistas da UFPR falam sobre os efeitos colaterais do uso do álcool 70%

Da Redação Bem Paraná com UFPR

Jose Fernando Ogura/AEN

Os efeitos colaterais do uso do álcool gel na pele e a opção por outros desinfetantes foram algumas das dúvidas da sociedade enviadas para a campanha “Pergunte aos Cientistas” nessa semana. A dica dos 12 pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que responderam às perguntas é priorizar lavar as mãos com água e sabão quando estiver em casa e usar o álcool 70% líquido ou gel somente quando estiver na rua. “Ainda, para evitar o ressecamento das mãos, depois de secá-las, use um hidratante, que ajuda devido à sua capacidade de retenção de água na epiderme, restaurando a barreira cutânea e prevenindo irritações”, orientam.

Veja as perguntas e a resposta da equipe da UFPR:

“Quais são os efeitos colaterais que podemos ter devido ao uso de álcool gel 70% na pele?” (Maria Rosinei, técnica em enfermagem, Rio Negro-PR)
“Posso trocar o álcool em gel 70% pelo uso do Lysoform sem misturar com água? Enquanto usava o Lysoform puro minhas mãos ficavam lisas, agora com o álcool em gel minhas mãos parecem uma lixa. Não há hidratante que dê jeito nelas. Não entendo a composição dele e minha dúvida é se realmente vou higienizar corretamente” (Maria Lucia, advogada, Toledo-PR)
Cientistas UFPR – Olá, Maria Rosinei e Maria Lucia! A primeira informação importante é que nossa pele funciona como uma barreira protetora para nosso corpo – aliás, é o maior órgão do corpo humano. Formada por três camadas, a mais externa é a epiderme, que possui uma camada natural de gordura, chamado manto hidrolipídico, ou seja, uma emulsão de água e lipídeos (gordura) secretados pelas glândulas sudoríparas e sebáceas. Esse filme hidrolipídico tem como função proteger nossa pele contra agressões naturais e impede que a pele perca água e se torne ressecada. A recomendação do Ministério da Saúde é mantermos nossas mãos higienizadas, lavando-as com água e sabão, e quando não for possível, usar o álcool gel 70% para evitar infecção se tocarmos em superfícies possivelmente contaminadas com o vírus SARS-COV-2. Quando usamos o álcool 70% para higienizar as mãos, removemos essa proteção, pois o álcool é um solvente que tem a capacidade de dissolver as gorduras (lipídios). Desta forma, nossa pele perde água e torna-se ressecada. Isso acontece também quando lavamos as mãos com água e sabão muitas vezes. O uso do álcool 70% em gel diminui um pouco esse ressecamento, pois nesta formulação há substâncias que protegem a pele, que são usadas normalmente em produtos cosméticos. Como estamos fazendo essa desinfecção das mãos muito mais vezes ao dia, o resultado é que perdemos parte dessa camada protetora, levando ao ressecamento da pele. Por isso fica mais áspera e é possível que ocorram rachaduras, irritação e dermatites. A dica para evitar que isso ocorra é priorizar lavar as mãos com água e sabão quando estiver em casa e usar o álcool 70% líquido ou gel somente quando estiver na rua.

Quanto ao uso de outros desinfetantes, como o Lysoform e a água sanitária, estes não são indicados para higienizar as mãos. O Lysoform é um desinfetante líquido cujo princípio ativo é o cloreto de benzalcônio, que possui ação germicida contra um grande número de fungos e bactérias, mas alguns resultados indicam que não é tão eficiente quanto o álcool na eliminação de coronavírus. O Lysoform é regularizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso doméstico, ou seja, pode ser utilizado na higienização de superfícies, pisos, azulejos e vasos sanitários, e também para lavar as roupas, mas o uso bruto ou diluído não é recomendado. De acordo com as especificações do fabricante, isso significa que não deve ser utilizado puro ou diluído para higienizar as mãos, pois seus componentes podem ser prejudiciais à saúde, sendo recomendado usar luvas e evitar o contato com a pele. Por isso leia o rótulo com atenção e use apenas os que são recomendados para higienização das mãos.

Esperamos que suas dúvidas tenham sido esclarecidas e ressaltamos que o ideal continua sendo a higienização das mãos com água e sabão ou álcool 70%. Alguns produtos a base de álcool 70%, em gel ou líquido, contêm em sua formulação agentes umectantes, como a glicerina, que reduzem a perda de água. Se puderem, procurem por esses produtos. Ainda, para evitar o ressecamento das mãos, depois de secá-las, use um hidratante, que ajuda devido à sua capacidade de retenção de água na epiderme, restaurando a barreira cutânea e prevenindo irritações.

Para participar da campanha “Pergunte aos Cientistas”, da Agência Escola de Comunicação Pública e Divulgação Científica e Cultural da UFPR, basta enviar a pergunta ao e-mail agenciacomunicacaoufpr@gmail.com ou no direct do perfil @agenciaescolaufpr no Instagram, com nome completo, idade, profissão e cidade onde reside.