A boemia curitibana está de luto. Nas últimas semanas, dois tradicionais bares do Centro da cidade fecharam suas portas e se despediram do público. Um deles foi o Ligeirinho, que ficava na esquina da Carlos de Carvalho com a Voluntários da Pátria e estava na ativa desde 1998. O outro, o Kapele, ficava na Saldanha Marinho e encerrou suas atividades no último dia 22, após 51 anos de bons serviços à noite curitibana.
Nos dois casos, a despedida foi silenciosa. Nada de anúncios oficiais, com a divulgação de notas póstumas só depois do fechamento das duas casas já ter sido sacramentado. Ou seja, a maior parte das pessoas nem teve a chance de se despedir.
Para que uma tragédia dessas não volte a acontecer, então, o Bem Paraná preparou uma lista com cinco verdadeiros “dinossauros” da boemia curitibana que você DEVE visitar antes que entrem em extinção. São estabelecimentos que marcaram e ainda marcam a história e até mesmo o folclore curitibano, resistindo ao tempo e ainda servindo com excelência.
Bar Mignon e Bar e Restaurante Triângulo
Duas indicações em uma só. Mas é que os dois lugares são vizinhos e estão quase que umbilicalmente conectados. O primeiro estabelecimento completa 100 anos no final deste ano, enquanto o outro caminha para o seu centenário no começo da próxima década. Ambos são testemunhas da história da Rua XV e também pioneiros de um prato adorado na cidade: o cachorro-quente, aqui servido com linguiça, e não com vina. Não à toa, ambos ostentam até hoje em suas placas dois cachorros.
“Os dois [Bar Mignon e Bar Triângulo] são pioneiros, né? Hoje em dia o cachorro-quente já é uma coisa diferente, então para saber como era o cachorro-quente original tem de vir aqui. O pessoal mais novo, por exemplo, não conhece. É bem diferente do cachorro que você come no carrinho, bem diferente mesmo”, conta Paulo Roberto Cordeiro, gerente do Bar Mignon.
Pote Chopp
A esquina entre as ruas José Loureiro e Dr. Muricy, no Centro de Curitiba, é também a casa de um dos mais tradicionais restaurantes curitibanos. Trata-se do Pote Chopp, que recentemente (no dia 17 de maio) celebrou 60 anos de história. São seis décadas funcionando no mesmo endereço e oferecendo o mesmo cardápio (com uma ou outra novidade), que conquistou gerações de clientes fiéis.
Na casa, os clientes vão encontrar no cardápio alguns pratos do dia e opções à la carte. Na segunda, por exemplo, é dia de virado paulista. Terça, língua com ervilhas. Na quarta, feijoada. Quinta, dobradinha. Na sexta, moqueca com peixe. E no sábado, novamente a feijoada. Já no serviço à la carte, os destaques são o alcatrão, conhecido como orelha de elefante, o churrasco de igreja, o mignon à cavalo e o mignon ao alho. Mas o prato mais pedido e conhecido é o tradicionalíssimo mignon à parmegiana.
Bar Palácio
Está desde a década de 1990 localizado na Rua André de Barros, mas já faz parte da vida e da boemia curitibana desde a década de 1930. Funciona das 19 horas até 1 da madrugada durante a semana e até as 3 da manhã aos finais de semana. E no cardápio, tem como principais destaques as carnes. O churrasco paranaense e o mignon na manteiga, por exemplo, são duas pedidas quase que obrigatórias da casa.
Além disso, história ao local é o que não falta. Em 2003, o bar e restaurante foi visitado pelo multipremiado diretor Francis Ford Coppola, responsável por filmes como “O Poderoso Chefão” e “Apocalypse Now”. Na época, o estadunidense estava em busca de cenários para um filme que acabou não sendo realizado e decidiu visitar Curitiba. Anos depois, o Bar Palácio ainda virou cenário num verdadeiro clássico do cinema brasileiro: “Estômago”, de 2007.
Gato Preto
Um espaço 100% democrático, frequentado por gente de todos os níveis – desde auxiliar de pedreiro e garota de programa até desembargador e artista de renome internacional. Esse é o Gato Preto (ou Pantera Negra), um restaurante dançante que há 50 anos está no coração de Curitiba, na Rua Ermelino de Leão, e desde sempre é um símbolo da boemia, da noite curitibana.
Desde sempre, o carro-chefe da casa é a costela de forno. A porção completa serve pelo menos três pessoas e acompanha arroz, salada de maionese, salada de cebola e tomate, farofa e porção de fritas. O cardápio, porém, apresenta outras delícias, como o mignon recheado, o mignon completo, a pizza, a dobradinha, a alcatra na chapa e a canja.
Maneko’s Bar
A casa foi fundada, há 40 anos, poir Manoel Alves, o “Maneko”, que mora desde o final da década de 1970 em Curitiba e começou a trabalhar aos 15 anos no histórico Stuart Bar. Iniciou como copeiro e garçom e adquiriu em 1984 o Manus Bar, que ficava na Galeria Osório. Depois mudou o nome (para o atual Maneko’s) e desde então tornou o estabelecimento um sucesso.
Hoje funcionando na Alameda Cabral (nº 19), a casa serve almoço e janta durante a semana (funcionando de segunda a sexta das 9 às 21h20> No sábado, vai das 9 Às 16h; e no domingo e feriados, das 9 às 14h30. No cardápio, os destaques são pratos como viradinho, rabada, bife a rolê e costela de panela.
E o histórico Stuart, o mais antigo bar da cidade?
Outros lugares poderiam e mereciam ter sido mencionados na reportagem, como o tradicionalíssimo Restaurante São Francisco e o Bife Sujo. Mas um lugar que não poderia deixar de ser citado, definitivamente, é o Bar Stuart.
Fundado em 1904, o lugar é considerado o mais antigo bar curitibano, localizado próximo da Praça Osório. No final de 2023, no entanto, fechou as portas devido a problemas administrativos e financeiros.
Após alguns imbróglios envolvendo a Justiça do Trabalho, no entanto, um grupo de empresários conseguiu adquirir o bar. Agora, o local está sendo reformado e deverá ser inaugurado em breve. Ainda não há, contudo, uma data definida para que isso ocorra.