Ao embarcar nos ônibus Circular Centro que circulam no sentido horário, a Praça Santos Andrade, ponto de partida, abriga, em cada um dos extremos, dois ícones da arquitetura e da cultura locais: o prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), fundada em 1912; na outra ponta, o Teatro Guaíra, projeto arquitetônico dos anos 1950, do falecido arquiteto Rubens Meister. Nome da praça homenageia o presidente da Província, José Pereira dos Santos Andrade, que governou o Paraná de 1896 a 1900. Destaque para o pinheiro – árvore nativa regional -, plantado em 7 de setembro de 1922, centenário da Independência do Brasil, pelo então governador do Estado, Caetano Munhoz da Rocha.
Praça abriga ainda bustos de professores fundadores da UFPR, Plínio Monteiro Tourinho e João Ribeiro Macedo Filho. Guarda ainda busto do jurista Rui Barbos e de Júlia Wanderley, primeira professora formada pela Escola Normal de Curitiba. E também bustos do aviador Santos Dumont, do professor e engenheiro Lysímaco Ferreira da Costa e do Padre Ildefonso Ferreira.
A linha permite acesso rápido à Estação Rodoferroviária, que fica na Avenida Presidente Affonso Camargo. O desembarque é no ponto da Avenida Sete de Setembro, quando o ônibus, vindo da Rua Tibagi, vira à direita. O terminal rodoviário fia a cerca de 200m desse ponto.
Ao longo da Avenida Sete de Setembro, outro ponto de parada do ônibus, e de referência, é a Praça Eufrásio Correia, que guarda a escultura O Semeador, do artista paraense Zaco Paraná. A praça fica defronte ao moderno centro comercial que preserva o prédio histórico da antiga estação ferroviária, projetada pelo arquiteto italiano Ernesto Guaita, ainda no século XIX.
Nova parada na Praça Rui Barbosa, nome que homenageia o jurista baiano também chamado Águia de Haia. A cerca de 200 metros do ponto está a Rua da Cidadania Matriz, que abriga o Mercado Central, administrado pela Urbs, com seu artesanato, lojas e diversos serviços, além do Restaurante Popular, que serve almoços, nos dias úteis, custando R$ 1. A praça é também o maior terminal de transporte coletivo central da cidade.
A praça já foi Largo da Misericórdia, pela proximidade da centenária Santa Casa de Misericórdia, inaugurada elo imperador Pedro II. Em 1877, o hospital ganhou relógio importado pelo presidente da Província, Lamenha Lins. Veio de Hamburgo, na Alemanha, foi instalado pelo relojoeiro Julius Lange, e até hoje dá a hora certa. Em frente ao histórico Colégio São José, há o busto do professor Alfredo Parodi, fundador e proprietário do Colégio Iguaçu – espaço onde hoje está uma loja de materiais de construção.
O ponto seguinte é na Praça Osório – na continuação da Avenida Vicente Machado, esquina com a Alameda Cabral. Nome homenageia o general que, em 1894, apaziguou os ânimos da Revolução Federalista, ocasião em que revoltosos gaúchos, sob o comando de Gumercindo Saraiva, contrários ao governo do marechal Floriano Peixoto, promoveram o histórico Cerco da Lapa.
No acesso que fica no início da Avenida Luís Xavier, no cruzamento com a Rua Voluntários da Pátria, está a coluna de granito com cerca de 12 metros de altura, sobre a qual está relógio elétrico, redondo, de duas faces. Modelo original, de 1914, ficava perto do repuxo e foi inaugurado pelo então prefeito Cândido de Abreu. Tinha mostradores em quatro lados.
A praça abriga também área de esporte e lazer; Centro de Operações, de onde Polícia Militar e Guarda Municipal monitoram trânsito de veículos e de pedestres, no centro, com ajuda de câmeras de segurança. E de bustos, como do maestro Raul Menssing; do general Osório e dos escritores Emílio de Menezes, Emiliano Perneta e Domingos Nascimento, e do professor Leôncio Correia, entre outros.
Ao desembarcarem no ponto do Circular Centro, usuários da linha têm fácil acesso ao comércio do entorno, ou às lojas e serviços ao longo do calçadão da Avenida Luís Xavier e Rua XV de Novembro, inaugurado em 1972 e primeira via exclusiva para pedestres.
A última parada, antes de o ônibus retornar ao ponto inicial, é a que fica em frente à Praça Tiradentes, que homenageia Joaquim José da Silva Xavier. Na face sudeste da praça está o monumento de Tiradentes, inaugurado em 1927, obra dos escultores João Turin e Zaco Paraná. Patrono da Polícia Militar, o mártir da Inconfidência Mineira é anualmente homenageado pela corporação, em 21 de abril.
Os dois artistas moldaram também o monumento à República, desde 1939 na face norte da praça, simbolizada pelo republicano e militar Benjamin Constant, de corpo inteiro. E na face oeste – a voltada à Avenida Marechal Floriano, desde 1904 o Marechal Floriano Peixoto guarda o endereço. Poucos metros adiante, desde 1957, lá está o presidente Getulio Vargas, lembrado ao lado de sua carta-testamento, de 1954, gravada em mármore.
Na face nordeste da praça está a Catedral Basílica Menor, cuja construção, em estilo gótico, semelhante à Catedral da Sé de Barcelona, na Espanha, iniciou em 1865 e só terminou 26 anos depois, com inauguração em 7 de setembro de 1893. Em frente à Catedral está o Marco Zero da cidade. É o que revela o pedestal de pedra em que uma placa de bronze assinala o chão ocupado pelos pioneiros ainda no século 17.
No sentido anti-horário também há muito o que conhecer da história regional, enquanto os micro-ônibus rodam no trajeto que contorna a área onde estão as ruas mais cen trais. O ponto de partida é aPraça Dezenove de Dezembro, delimitada pelas ruas Presidente Carlos Cavalcanti, Barão do Serro Azul, Paula Gomes e Riachuelo. Cercada por comércio variado, praça está a poucos metros de um centro comercial instalado em uma antiga fundição, do Passeio Público, inaugurado no fim do século 18, e do Colégio Estadual – maior complexo de ensino da cidade, construído nos anos 1940.
A praça já foi Largo do Nogueira – passagem dos carroções puxados por parelhas de até seis cavalos conduzindo a erva-mate para o litoral, então a maior riqueza econômica regional. De 1914 a 1916 abrigou chalé, em madeira, sede do Mercado Municipal, transferido para ali por causa da desativação da unidade na Praça Generoso Marques. Ali, deu lugar ao Paço da Liberdade, sede da Prefeitura de Curitiba, mandado construir pelo prefeito e engenheiro Cândido de Abreu.
Na praça, atualmente, destaque para o conjunto de monumentos que remetem ao centenário da emancipação política do Paraná, em 1853, inaugurados pelo governador Bento Munhoz da Rocha Netto, em 1953. No ano do centenário, escultor Erbo Stenzel entrega estátuas do homem e da mulher, ambos nus, em concreto – tributo ao trabalhador paranaense que constrói o progresso. Também é de Stenzel, o obelisco, com 30 metros de altura, que simboliza a pujança do Paraná.
Ainda na praça está painel de azulejos, do artista paranaense Poty Lazzarotto, que conta a trajetória da economia do Brasil Meridional. No passado, nesse espaço estava o Colégio Progresso – a antiga Escola Alemã. E onde hoje, em frente à praça, está a Escola Tiradentes, ficava a residência da família Groetzner, então proprietária da fábrica das conhecidas bolachas Lucinda.
No Setor Histórico, o micro-ônibus tem ponto na Praça Garibaldi, em frente à sede da Sociedade Garibaldi, mandada construir por imigrantes italianos. O nome homenageia Giuseppe Garibaldi, chamado herói dos dois mundos, enquanto militar e político pela unificação da Itália. No Brasil participou da Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul. Foi também, ao lado do general Canabarro, fundador da breve República Juliana, em Laguna (SC), onde conheceu e se casou com Ana Ribeiro de Jesus – a Anita Garibaldi.
Ao passar na antiga Praça Presidente Fari, no Alto São Francisco (a atual Garibaldi), o passageiro vê as igrejas Presbiteriana Independente e Rosário (construída por escravos); o Relógio das Flores, de 1972, primeiro do gênero do país, com 8 metros de diâmetro, todo florido e movido a quartzo. Lá, também, em meio ao casario preservado, está o Palácio Wolf. Foi sede de governo, delegacia de polícia, mas durante anos abrigou a Fundação Cultural de Curitiba.
A partir da praça, ônibus desce a Alameda Doutor Muricy. É ladeira até o cruzamento com a Rua Cruz Machado (ex-Rua do Thezouro). Alameda inicia no Setor Histórico, e Circular vai até a Rua Cândido Lopes, onde vira à direita. Já foi Rua do Jogo da Bola; depois, Rua da Assembléia. E cenário, no fim do século 19, do primeiro acidente com um bonde puxado por mula, na esquina com a então Rua do Commercio, hoje Marechal Deodoro. Alameda, na altura do cruzamento com a trincheira da Rua Augusto Stellfeld, guarda duas relíquias arquitetônicas projetadas pelo quase desconhecido engenheiro curitibano Eduardo Chaves: à esquerda, o antigo Colégio Divina Providência, originalmente residência particular; à direita, pintado de vermelho, casarão que abrigou a família Hauer, hoje restaurante.
Na Rua Cândido Lopes, Circular tem ponto defronte à Biblioteca Pública do Paraná, mandada construir pelo governador Bento Munhoz da Rocha Netto, dentro da programação da emancipação política do Paraná, em 1953. Antes, área abrigou quartel do Corpo de Bombeiros.
Depois de percorrer a Alameda Doutor Carlos de Carvalho e ruas Visconde de Nacar e Comendador Araújo, a linha tem ponto na Rua Desembargador Motta, esquina com Rua Emiliano Perneta. Largo que fica na esquina, na década de 1930 abrigou o Mercado Municipal. Ponto é estratégico pra quem se dirige ao comércio e centro comercial com acesso pela Avenida do Batel – continuidade da Rua Emiliano Perneta.
Ao longo de todo o trecho da Avenida Sete de Setembro, que vai da Rua Desembargador Motta até a Rua Tibagi, existe uma infinidade de lojas comerciais e de prestação de serviços. Na pista central da avenida, vão e vêm os ônibus expressos. Um dos pontos da linha é em frente à antiga Estação Ferroviária, na Praça Eufrásio Correia. O imóvel, histórico do fim do século 19, projetado pelo arquiteto italiano Ernesto Guaita, preservado, faz parte de um moderno complexo comercial.
A partir do cruzamento com a Rua Conselheiro Laurindo, o Circular Centro segue pela Avenida Presidente Affonso Camargo – nome homenageia um dos presidentes do Paraná, no tempo da República Velha. Já foi Avenida Capanema, nome que remete ao engenheiro Guilherme Schüch, o barão de Capanema, que implantou o Telegrapho Nacional, a convite do amigo e imperador Dom Pedro II. Brão foi proprietário de gleba na região do Cajuru, e chegou a receber Sua Majestade Imperial e família, em 1880.
O Circular Centro tem dois pontos em dois trechos da avenida: no sentido Cajuru,em frente à Rodoferroviária, construída em 1972 e projetada pelo falecido arquiteto Rubens Meister. Ao cruzar a avenida nesse ponto, em frente ao terminal rodoviário, o passageiro vê o Mercado Municipal, referência para compras desde 1958. Ainda na avenida, mas na pista oposta, sentido centro, outro ponto fica debaixo do Viaduto do Capanema, obra com maior vão livre do gênero, acesso ao litoral paranaense, via BR-277.
Depois de percorrer toda a extensão da Rua Mariano Torres, também endereço de comércio variado, os micro-ônibus têm ponto na esquina com a Rua Presidente Carlos Cavalcanti, no Largo Bittencourt, defronte ao tradicional Círculo Militar do Paraná. É a penúltima parada antes de chegar à Praça Dezenove de Dezembro. Rua Presidente Carlos Cavalcanti já foi Rua do Serrito, depois Conselheiro Barradas. Margeia o Passeio Público, implantado nos anos 80 do século XIX e inaugurado pelo presidente da Província, Alfredo d´Escragnolle Taunay. Ao dobrar à direita, Circular se dirige ao ponto inicial pela Rua Riachuelo, que já foi Carioca de Baixo (onde a população buscava água fresca na fonte), e endereço dos velhos depósitos de erva-mate.