“Clínica” de Curitiba recupera brinquedos quebrados e antigos

Hoje é a única da cidade que trabalha especificamente com o conserto e restauração de praticamente todo tipo de brinquedo.

Ana Ehlert

Engana-se quem pensa que bonecas, carrinhos e bolas perderam espaço entre os pequenos.  E, em plena era dos produtos descartáveis, ainda há quem procure o conserto de brinquedos, principalmente os mais antigos. Luciane Maria Bochnia, mãe de dois filhos, Lucas de 21 anos, e Natália de 1 ano e sete meses, é uma das adeptas desta prática. Eu mandei arrumar muitos brinquedos que eram do Lucas e que, hoje, a Natália brinca como se fossem novos, revela. Ela vai descobrindo, do jeito dela, novas formas de brincar e aprender com os mesmos brinquedos que divertiram e ensinaram o irmão, explica.
Luciane conta que embora tenha guardado alguns brinquedos jogou muitos outros fora. Se soubesse que seria mãe mais uma vez teria guardado mais, ressalta. Não peguei todos os que ficaram, até porque o Lucas tem alguns que são dele e ele já disse que quer guardar. Ela revela que para a criança não faz diferença se são novos ou antigos. É uma forma de você passar para a criança um carinho, pois é um brinquedo que vai passando de geração em geração. Por isso, não é só mais um brinquedo, resume.
Uma das poucas clínicas especializadas em resgatar a beleza e a afetividade que há no brinquedo antigo em Curitiba é Cirandinha Brinquedos, criada em 1982. O cliente mais comum da loja é aquele pai na casa dos 35, 40 anos, que leva os brinquedos de quando eram crianças para serem consertados. Por conta da boa lembrança que a peça traz, esses pais costumam consertar para dar aos filhos em datas especiais, como Natal, aniversário ou Dia das Crianças.

Criada há 32 anos, a loja é um negócio familiar.  Nossa ‘missão’ é restaurar sonhos de infância e resgatar a memória afetiva que existe em cada brinquedo, resume o descritivo de apresentação da loja, que também atende em uma loja virtual.
Vanessa Oliveira, uma das proprietárias da loja, conta que o negócio começou como uma oficina, em 1982, quando o tio comprou a loja de um senhor que já estava cansado e, por isso, queria se aposentar. Hoje é a única de Curitiba que trabalha especificamente com o conserto e restauração de praticamente todo tipo de brinquedo.

Vanessa conta que atualmente trabalham apenas ela e outras duas pessoas. A minha avó é quem costura o corpinho das bonecas de pano, tipo bebezão (as mais comuns a aparecerem na loja). Eu trabalho mais com restauração e temos mais um funcionário, conta. Por conta do número de funcionários, o trabalho que antes era feito em uma semana, agora exige cerca de 20 dias dependendo do que precisa ser feito.