A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou, nesta quinta-feira (4), uma operação contra uma organização criminosa que produzia cogumelos mágicos em larga escala e abastecia consumidores e traficantes em todo o país. O centro de cultivo era em Campo Magro, na Região Metropolitana de Curitiba e servia como o principal polo de produção e logística dos cogumelos mágicos. Ele funcionava como o coração da distribuição ilícita por todo o país. As investigações apontaram que, entre 2024 e 2025, o esquema enviou 3.718 encomendas pelos Correios, totalizando cerca de 1,3 quilo de cogumelos. Cada dose de 3 gramas era vendida por R$ 60, o que levou a um faturamento estimado de R$ 26,5 milhões no período. As vendas eram pela internet.
Os cogumelos alucinógenos, também conhecidos como cogumelos mágicos, possuem psilocibina, um composto psicodélico natural que altera a percepção sensorial e a noção de tempo e espaço. A substância é proibida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
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A Operação Psicose foi conduzida pela Cord (Coordenação de Repressão às Drogas) da Polícia Civil do Distrito Federal, com apoio do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), da Receita Federal e dos Correios.
Foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão e nove de prisão em Brasília (DF), Curitiba (PR), Joinville (SC), São Paulo (SP), Belém (PA), Belo Horizonte (MG) e Vitória (ES) visando locais de produção, armazenamento e distribuição.
Segundo a Polícia Civil, a investigação começou em 2025 a partir do monitoramento de redes sociais e sites que anunciavam a venda dos entorpecentes. Perfis no Instagram eram usados para atrair interessados, que eram redirecionados a páginas específicas e grupos de aplicativos de mensagens, onde as negociações aconteciam.
Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, a plataforma de vendas do Distrito Federal possuía um cultivo próprio de cogumelos. Entretanto, a capacidade era insuficiente para suprir a demanda da rede de distribuição.
As investigações apontam que o centro tinha capacidade média de produzir 200 quilos por mês, com planos de dobrar esse volume a partir da locação de um novo galpão de cultivo.
Como os cogumelos mágicos eram vendidos
As drogas eram enviadas pelos Correios e por empresas de logística em um esquema semelhante ao dropshipping, no qual os pedidos eram despachados por terceiros, dificultando a fiscalização e o rastreamento.
A organização também investia em marketing digital, usando sites de apelo visual, anúncios pagos em redes sociais e parcerias com influenciadores e DJs para atingir principalmente o público jovem e frequentadores de festas de música eletrônica.
Cogumelos mágicos eram vendidos em feiras
Os produtos chegaram a ser promovidos em feiras e eventos, em uma estratégia que buscava associar os entorpecentes a supostos benefícios à saúde, sem respaldo científico.
Diante das apurações, os envolvidos poderão responder por tráfico de drogas qualificado, lavagem de dinheiro, associação criminosa, crimes ambientais e contra a saúde pública, além de publicidade abusiva e curandeirismo. As penas podem chegar a 53 anos de prisão para os líderes da organização.
Dono de chácara não sabia do crime
Em nota encaminhada à imprensa, o proprietário do chácara, onde os cogumelos mágicos eram produzidos, que não sabia do crime. “Na manhã desta quinta-feira, 04/09/2025, um galpão localizado em Campo Magro/PR foi alvo de mandado de busca e apreensão, ensejando a divulgação de
imagens do local por diferentes veículos de imprensa e mídias sociais. O proprietário do imóvel esclarece que o galpão foi locado dentro do estrito cumprimento legal, com assessoria imobiliária e contrato firmado em outubro de 2024 com uma empresa que possui como atividade o comércio atacadista de mercadorias em geral, com foco em alimentos e cestas básicas. Desde o início da locação, a empresa
manteve-se adimplente com suas obrigações contratuais.
O proprietário reforça que está à inteira disposição para colaborar com a Autoridade Policial, fornecendo documentos e esclarecimentos necessários, e solicita a não exposição dos dados pessoais dos proprietários nem das demais empresas regularmente instaladas no local, a fim de preservação de imagem e a continuidade das atividades comerciais ali desenvolvidas”, diz a nota.