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Foto: Lucilia Guimarães/SMCS

Após 10 dias de pressão no sistema de saúde, com prontos atendimentos lotados e leitos normais e de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) lotados em Curitiba, as secretarias de Saúde resolveram colocar em prática planos de contingência. Os motivos da alta do movimento, segundo os órgãos de saúde, são a disparada do número de traumas, principalmente por acidentes, e o crescimento de problemas respiratórios pela alta de casos de Síndrome Aguda Respiratória Grave (SRAG) pelos vírus Influenza A, Influenza B e Covid, que estão em alta na capital paranaense. Nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da Prefeitura de Curitiba a pressão é ainda maior por causa das suspeitas de dengue, crises hipertensivas e de glicemia. O movimento nos hospitais aumentou, em média, 30%, e nas UPAs, 25%.

Com a alta demanda por atendimentos de saúde pressionando todos os pontos de atenção, principalmente o setor de Urgência e Emergência, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba resolveu alterar os fluxos de atendimento das UPAs. “A ideia é modularmos o sistema da melhor forma para atravessarmos essa fase de grande pressão, que afeta não apenas o sistema público de saúde, como o sistema privado”, explica a secretária municipal da Saúde de Curitiba, Beatriz Battistella.

Os hospitais, além disso, têm recebido bastante demanda ocasionada por traumas (principalmente acidentes de trânsito). E, ao contrário do que ocorria na pandemia, desta vez as cirurgias eletivas não foram suspensas pela SMS.

“Na pandemia usamos esse recurso de suspender as cirurgias eletivas algumas vezes para aliviar a pressão do sistema, mas entendemos que neste momento não podemos deixar de atender essas situações”, afirma a superintendente de Gestão em Saúde da SMS, Flávia Quadros.

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Atendimento especial para casos respiratórios e suspeitas de dengue

A partir desta quarta-feira (10), o fluxo em Y utilizado várias vezes durante a pandemia voltará a ser adotado gradativamente nas UPAs do município, neste período de maior alta de demanda por atendimento. O fluxo em Y prevê um eixo de atendimento específico para casos respiratórios e pacientes com suspeita de dengue e outro eixo para os demais atendimentos.

Além disso, será ampliada a carga horária dos médicos das UPAs e haverá a instalação de tendas, para melhor acomodar o atendimento, na UPA Boa Vista e UPA Cajuru, as mais impactadas neste momento.

Haverá, ainda, a exemplo do que já acontece na UPA Fazendinha, a expansão, a partir da próxima semana, da estratégia das cabines com conexão direta para teleatendimento de casos leves pela Central Saúde Já Curitiba, nas UPAs Boa Vista, Sítio Cercado e Cajuru.

As UPAs do município, ainda, poderão ter, quando necessário, parte dos leitos direcionados para internamento hospitalar, funcionando como unidades de retaguarda dos hospitais do SUS Curitibano.

Secretaria de Estado

Em entrevista ao Meio Dia Paraná, da RPC, César Neves, diretor-geral da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), disse que já está ocorrendo uma remanejamento interno no Hospital do Trabalhador, em Curitiba, de acordo com o grau de gravidade. “Também estão sendo transferidos pacientes para outros hospitais sobe gestão da Sesa, como o Hospital de Reabilitação, o Hospital Oswaldo Cruz, e até o Hospital da Lapa”, afirmou ele.

O Hospital do Trabalhador também segue com lotação máxima, sobretudo com pacientes de trauma. Todos os 30 leitos de UTI para adultos, oito de UTI para recém-nascidos e dois para a UTI pediátrica, estão ocupados. A situação segue sendo monitorada pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesa).

A Sesa ressalta que o Paraná possui um processo permanente de encaminhamento de pacientes de acordo com a demanda e a gravidade de cada caso – é a atuação do Complexo Regulador. “É válido esclarecer, ainda, que nenhum paciente está desassistido”, afirmou a secretaria em nota.

Cenário epidemiológico


Em março de 2024, a média de pessoas atendidas nas UPAs foi de 4.285 por dia, um número 25% maior comparado ao mesmo mês do ano passado.

Em janeiro deste ano, as UPAs atendiam, em média, a 3.223 pacientes por dia. Ou seja: dois meses depois, as unidades passaram a receber mais 1.000 pacientes todos os dias.

Em 2024, até 13/4 foram realizados 17.034 atendimentos por suspeita de dengue em toda a rede municipal. Neste mesmo período no ano passado, tinham sido apenas 378 atendimentos por conta desta doença. Ou seja, houve um aumento do número do atendimento por suspeita de dengue em 45 vezes.

Atendimento de dengue é demorado

De acordo com a secretária, não apenas o volume de atendimento é um fator complicador, como também o tipo de atendimento necessário nestes casos. “O atendimento dos pacientes de dengue é demorado”, explica. “O paciente com suspeita de dengue precisa fazer prova do laço, ter seu caso notificado, ficar recebendo soro, receber medicação”, completa.

Nesta mesma conjuntura, a cidade também passa por um aumento de atendimento de casos respiratórios. Em 2024, a rede municipal de saúde registrou desde o início do ano até 6/4, 162.327 atendimentos por sintomas respiratórios, um número 64% superior ao esperado para este período, que seria de 98.970 atendimentos, de acordo com a série histórica.

Os atendimentos por sintomas respiratórios em 2024 superam não apenas a média da série histórica, como também os números registrados por atendimentos respiratórios especificamente nos últimos anos (pandemia e pós-pandemia).

Em 2020, no mesmo período, haviam sido registrados 112.409 atendimentos respiratórios. Em 2021, 149.030. Em 2023, 116.606. Somente 2022 registrou número de atendimentos superiores a 2024, com 200.609, no mesmo período.

Orientações


A SMS reforça à população para que procure as 104 unidades básicas de saúde em casos leves ou não urgentes.

Os pacientes de Curitiba também podem procurar atendimento via Central Saúde Já, para queixas leves agudas. A Central Saúde Já funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 22h, inclusive nos feriados. Nos sábados e domingos funciona das 8h às 20h.

As UPAs são unidades voltadas ao atendimento de casos graves e de emergências de saúde. As UPAs trabalham com um sistema de classificação de risco. Assim, aqueles pacientes com queixas mais urgentes são priorizados, enquanto os demais casos podem aguardar mais tempo.