CREMATORIO
Crematório na Grande Curitiba: demanda crescendo nos últimos anos, especialmente após a pandemia (Franklin de Freitas)

Seguindo um movimento que diversos outros países já vivenciaram a nível mundial, os ritos fúnebres passam por um processo de transformação no Paraná, na medida em que a procura pela cremação cresce ao longo dos anos. Há 20 anos, por exemplo, apenas duas empresas na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) ofereciam esse tipo de serviço. Hoje, já são pelo menos sete crematórios na Grande Curitiba, com um crescimento mais acelerado da demanda após a pandemia de Covid-19, coincidentemente.

Trabalhando há 18 anos no setor funerário, a gerente de relacionamento do Jardim da Saudade, Fabiana Miranda, recorda que até 2006 a demanda por cremações era muito baixa, restrita mesmo. Na época, apenas duas empresas da Capital e região ofereciam o serviço: o próprio Jardim da Saudade e a Vaticano (que foi o primeiro crematório do Paraná).

Ao longo dos últimos anos, contudo, a demanda por cremações foi crescendo e essa cultura fúnebre se disseminou, tornando-se até a primeira opção de muitas famílias, principalmente aquelas que não possuem ainda um terreno familiar no cemitério.

“O valor para sepultar num cemitério acaba sendo um pouco maior porque a família adquire um direito de uso familiar e perpétuo, como se fosse um terreno mesmo, e tem de pagar taxa de manutenção. Já o serviço de cremação pode ser contratado por um valor a partir de R$ 1,8 mil, considerando só a cremação em si. Aí vai ter cerimonial, urna funerária… Temos opções para todos os gostos e disponibilidades financeiras”, explica Miranda.

Já Mylena Cooper, diretora da Vaticano, destaca que a região Sul do Brasil é onde já se disseminou mais fortemente a cultura de se cremar os mortos, com especial destaque para o Rio Grande do Sul e, em seguida, o Paraná. “No Brasil, estima-se que 9% das pessoas optem pela cremação. No Paraná, e especialmente Curitiba, estimamos que esse porcentual seja de 15%, com base no comportamento da nossa empresa”, aponta ela.

“Cerimonial estimulou muito a cremação”
Até antes do último adeus ao ente querido, os ritos fúnebres da cremação e do sepultamento são basicamente os mesmos. O Jardim da Saudade, por exemplo, oferece até um sepultamento simbólico no cerimonial de despedida, realizado no anfiteatro do crematório. A Vaticano, por sua vez, tem a opção de uma despedida em auditório, com uma chuva de pétalas seguida pelo encerramento de cortinas.
Depois da cremação em si, porém, as possibilidades são diversas. E uma opção cada vez mais comum é deixar as cinzas num cinerário. “Muita gente não quer guardar em casa nem se desfazer, então damos essa opção de guardar as cinzas no cemitério, sepultando mesmo, ou no crematório, onde pode fazer as orações e homenagens”, comenta a gerente do Jardim da Saudade.

“Percebemos que pessoas mais novas não vão mais em cemitério, e isso gera até um peso emocional na família por não visitar, fica com remorso. A cremação fica mais prática também por isso”, complementa a diretora da Vaticano, ressaltando que a qualidade dos cerimoniais é algo que tem estimulado muito a procura pela cremação. “As pessoas passaram a achar bonito, e abriu-se também as possibilidades de homenagem com as cinzas”, antecipa.

Sem qualquer exagero, o céu é o limite
“Dá para fazer cristais, diamantes, guardar no cinerário ou ainda usar urnas biodegradáveis com sementes, que você planta e daí a cinza vai servir para nascer uma nova vida, uma árvore. São inúmeras possibilidades de homenagem”, destaca Mylena Cooper, comentando ainda sobre um serviço bastante peculiar oferecido pela Vaticano. “Outro serviço que temos é o envio de cinzas para o espaço. É uma parceria com a Nasa, vão 10 gramas de cinza em um voo memorial, que é realizado todo semestre. Hoje também é possível fazer obras de arte com as cinzas, como escultura, pintar quadros… Tudo isso ajuda na personalização para homenagear a vida da pessoa”.

Cinzas podem se transformar em joias
Além da opção por um cinerário, existem ainda várias outras possibilidades, formas de homenagem com as cinzas. Uma delas é dividir as cinzas em várias urnas e entregar essa lembrança para diversas pessoas queridas, espalhar as cinzas de quem se foi em alto-mar ou por lugares de onde ela gostava, colocar numa joia, dentro de uma pulseira, anel ou colar, entre outras opções