Comércio flagrado com cabos de metal irregular poderá perder alvará em Curitiba

Editada por Ana Ehlert
cabos roubados

Guarda Municipal realiza duas prisões na segunda fase da Operação Cabo Seguro em Curitiba. Curitiba, 11/02/2025. Foto: Ricardo Deverson/GMC

Tramita na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) uma proposta que prevê penas mais duras a quem for flagrado comercializando cabos de metal irregular em Curitiba. Entre as medidas estão multas que podem chegar a R$ 20 mil, em caso de reincidência, e até a cassação de alvará de funcionamento. A proposta é da vereadora Tathiana Guzella (União).

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A proposta altera a lei municipal 14.274/2013 e institui sanções administrativas mais rigorosas, com objetivo de reprimir a circulação de cabos, fios de cobre, baterias, transformadores e placas metálicas de procedência duvidosa.

O texto atinge diretamente fornecedores, compradores e estabelecimentos de reciclagem, sucata e ferro-velho que não comprovarem a origem dos materiais. As multas podem alcançar até R$ 20 mil em caso de reincidência, além da possibilidade de cassação do alvará de funcionamento. Hoje, o valor é de R$ 1 mil.

Obrigatoriedade de cadastro da origem dos cabos de metal

Pelo substitutivo, todas as pessoas físicas e jurídicas que adquirirem, transportarem, armazenarem, reciclarem, comercializarem ou utilizarem materiais metálicos — como fios de cobre, alumínio, aço, ferro ou fibra óptica — deverão manter registros da origem e cadastrar os fornecedores no ato da compra. Essa documentação deve incluir identidade, endereço, descrição do material, quantidade e data da operação.

O descumprimento das exigências sujeita os infratores a advertências formais, multas de R$ 10 mil para quem fornece e R$ 20 mil para quem adquire os materiais, com previsão de dobramento em caso de reincidência. Em situações mais graves, como fraude ou obstrução da fiscalização, o substitutivo prevê a cassação do alvará do estabelecimento. As penalidades poderão ser aplicadas também a sócios e administradores, se comprovada participação, omissão ou anuência.

Repressão à receptação de metais busca proteger serviços essenciais

A justificativa da proposição destaca o impacto do furto de cabos na segurança pública, na infraestrutura urbana e na prestação de serviços essenciais, como transporte público, energia elétrica e telecomunicações. Entre janeiro e julho de 2024, Curitiba registrou 501 casos de furto de cabos, número equivalente a 76% de todo o ano anterior, que teve 657 ocorrências. Segundo a Delegada Tathiana, “esse tipo de crime coloca em risco a vida de milhares de cidadãos, que podem sofrer acidentes devido a fios expostos ou falhas em sistemas elétricos críticos”.

A parlamentar também cita dados nacionais. Em 2023, o estado do Paraná ficou em segundo lugar no país em número de furtos de cabos de telecomunicações, com 955 quilômetros subtraídos, conforme levantamento do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia. O projeto propõe uma resposta local contundente à persistência desse problema.