
Curitiba, cidade centenária, tem muita história contada a partir da sua arquitetura. São muitos os prédios com mais de 100 anos que guardam a memória de tempos passados. Muitos deste prédios eram palácios ou palacetes ou até castelos.
O que antes eram palacetes da elite, sedes de clubes ou residências de governadores, hoje se reinventaram: alguns abrigam restaurantes, lojas, escritórios e espaços para eventos, mantendo viva a memória da capital paranaense enquanto acompanham seu ritmo contemporâneo.
Palacete Tigre Royal
No coração do centro de Curitiba, entre a Praça Generoso Marques e a Rua Riachuelo, ergue-se um edifício que atravessou mais de um século de história: o Palacete Tigre Royal.
Em localização estratégica, em 1916, a família José Pacífico Fatuch e Irmãos inaugurou o prédio que se tornaria o Palacete Tigre Royal. A data está estampada no frontão do edifício. Logo em seguida, no primeiro andar, foi aberto o Cine Parisiense, da empresa A. Zanicotti funcionou até meados da década de 1920, quando o espaço passou a abrigar lojas como a Hermes Macedo, companhias de seguro, lotérica e a Empresa Hoepcke.
Hoje, o Tigre Royal mantém viva sua tradição de espaço comercial: abriga um restaurante e uma loja de calçados.
Palacete Joaquim Augusto de Andrade

Palacete Joaquim Augusto de Andrade (José Fernando Ogura/SMCS)
Quase vizinho do Tigre Royal, na esquina da Praça Generoso Marques com a Rua Riachuelo, ergueu-se um dos grandes exemplos da arquitetura novecentista de Curitiba, o Palacete Joaquim Augusto de Andrade.
Construído em 1915 por Joaquim Augusto de Andrade, o prédio de três andares se destaca pela cor bege, dezenas de portas e janelas venezianas brancas e uma cúpula com um galo de ferro no topo. Andrade pertencia à elite curitibana: era filho de Manoel Antônio de Andrade e Maria de Luz Andrade, personalidades influentes da cidade. A partir da década de 1910, participou ativamente dos círculos políticos e culturais, sendo eleito caramista municipal pelo Partido Republicano.
Seu nome aparecia frequentemente nos jornais, tanto pelos investimentos quanto pelos eventos sociais e culturais em que estava presente. Andrade também foi presidente do Jóquei Clube Paranaense e era parente de Afonso Alves de Camargo.
A proximidade do palacete ao Paço Municipal não foi por acaso: ali, Andrade podia acompanhar de perto a política local e manter suas atividades comerciais. Durante décadas, o edifício passou por diferentes usos. Hoje, o primeiro andar abriga um supermercado.
Castelo do Batel

Castelo do Batel (Foto: Pedro Ribas/SMCS)
Entre as mais imponentes construções de Curitiba, o Castelo do Batel é um marco arquitetônico e cultural da cidade. Inspirado nos castelos franceses do Vale do Loire, foi construído entre 1924 e 1928 pelo cafeicultor Luiz Guimarães, que sonhava em trazer à capital paranaense um pouco do requinte europeu que conheceu em suas viagens. O resultado foi uma residência “sem paralelo no Brasil”, segundo ele próprio.
Projetado pelo arquiteto Eduardo Fernandes Chaves, o castelo impressionava pela elegância: detalhes artísticos, materiais importados e uma harmonia arquitetônica rara. O local se tornou ponto de encontro da alta sociedade curitibana e palco de recepções que entraram para a história.
Durante as décadas seguintes, o Castelo recebeu figuras ilustres. Em 1947, tornou-se residência oficial do então governador Moysés Lupion. Abrigou visitas de presidentes da República como Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros, além de personalidades internacionais como Nelson Rockefeller e o Príncipe Takahito Mikasa, irmão do imperador japonês Hirohito.
Após um cuidadoso processo de restauração e ampliação, o Castelo do Batel ganhou nova função. Hoje, abriga um centro de eventos de alto padrão, que combina o charme histórico com estrutura moderna em vidro e metal. O edifício, que já foi símbolo da ostentação e da política, agora celebra novos encontros.
Palácio Avenida

Palácio Avenida, durante apresentação de Natal (Foto: Franklin de Freitas)
Ícone da capital paranaense, o Palácio Avenida é um dos edifícios mais emblemáticos de Curitiba. Tornou-se conhecido em todo o Brasil pelo tradicional espetáculo de Natal, que transforma sua fachada em um verdadeiro coral luminoso. Tombado como patrimônio histórico estadual em 1974, o prédio é um símbolo vivo da história e da arquitetura curitibana.
Localizado no calçadão da Rua XV de Novembro, em plena Boca Maldita, o Palácio Avenida foi uma das primeiras construções de grande porte da cidade, erguido em 1929. Sua presença imponente e sua fachada em estilo eclético rapidamente se tornaram marcos da paisagem urbana.
Nos primeiros anos, o edifício abrigava lojas, escritórios e apartamentos residenciais, além de um elegante restaurante e do antigo Cine-Theatro Avenida, ponto de encontro da elite curitibana da época. Hoje é uma importante agência bancária na região central de Curitiba.
Palacete dos Leões

Palacete dos Leões (Foto: Divulgação/BRDE)
Concluído em 1902 pelo engenheiro Cândido de Abreu para ser a residência da família Leão, o Palacete dos Leões abrigou, por oito décadas, os descendentes de Maria Clara Abreu de Leão (1870-1935) e Agostinho Ermelino de Leão Júnior (1866-1907), empresários de destaque na sociedade da época e fundadores da Leão Jr. O Palacete dos Leões, apresenta grande liberdade estilística, aliando com raro equilíbrio elementos neoclássicos, barrocos e art nouveau.
Em 2003, o Palacete dos Leões passou a integrar a relação dos bens tombados como Patrimônio Cultural do Paraná. Desde 2005, o Palacete é sede do Espaço Cultural BRDE.
O espaço oferece uma programação gratuita relacionada à artes visuais, arquitetura, história e patrimônio cultural, além de realizar exposições que refletem a diversidade e a riqueza da produção artística e práticas contemporâneas.
Nicole Salomón, sob supervisão de Mario Akira