Contra ameaças, escolas e universidades do Paraná reforçam segurança e mensagens de paz

Autoridades também fizeram operação e dois adolescentes foram apreendidos no Estado; pais se dividem sobre mandar alunos para as aulas

Josianne Ritz e agências

“Árvore da Paz”, no Colégio Santo Anjo, em Curitiba: nesta quinta é dia de “colheita” (Valquir Aureliano)

Contra as ameaças de ataques nesta quinta-feira (20), as instituições de educação do Paraná responderam de diversas formas, com reforço de segurança, ações preventivas, presença facultativa, aulas remotas e até mensagens de paz. As autoridades, por sua vez, também reforçaram a segurança e nesta quarta-feira (19) fizeram uma operação comandada pelo Ministério da Justiça sobre o assunto, que culminou em duas apreensões de adolescentes no Paraná, uma em Curitiba e outra em Guaíra.

O dia 20 está sendo especialmente visado por marcar o aniversário da tragédia que vitimou estudantes em Columbine, nos Estados Unidos, em 1999.

A Polícia Federal fará ações voluntárias e preventivas em setores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) hoje, devido às ameaças de ataques. A UFPR ainda pede a colaboração de todos nas unidades. As aulas seguem normalmente.

No caso da UTFPR, a Polícia Federal informou que vai realizar monitoramento de segurança nas três sedes: Centro, Ecoville e Neoville. Desde o início da semana, a Polícia Militar reforçou o policiamento nos arredores.

A Universidade Tuiuti do Paraná informou que nesta quinta as aulas da graduação e pós-graduação lato sensu e stricto sensu, assim como o técnico – administrativo ocorrerão na modalidade remota, em todos os períodos. As aulas serão ministradas via Teams e as provas agendadas para esse dia serão postergadas para data a ser informada pelo docente à turma. Os atendimentos da área da saúde nas Clínicas–Escola da Tuiuti acontecerão normalmente, seguindo os agendamentos já realizados. O acesso à Universidade será restrito.

A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) anunciou no dia 11 de abril que reforçou a segurança em todos os câmpus para os próximos dias por conta das ameaças de ataques que circulam nas redes sociais, como whatsapp e Instagram.

“Criamos um comitê para monitorarmos este assunto com a seriedade que a situação nos impõe”, informa a PUC em comunicado. “Sabemos que essas mensagens com teor de pânico fragilizam nossa saúde; por isso, pedimos que não compartilhem informações que incitem medo ou que coloquem a vida de outras pessoas em risco”. As aulas foram mantidas.


Colégio cria “árvore da paz” contra onda de fake news e medo
Os alunos do Colégio Santo Anjo vão ter um dia diferente nesta quinta. Eles vão “colher” mensagens que estão sendo escritas por eles mesmos e colocadas durante toda a semana em uma grande “árvore”. É o projeto “Plante Amor – Colha Paz”, desenvolvido pelo colégio em contraposição aos ataques de ódio às escolas e à onda de fake news semeando medo na sociedade sobre novos ataques.

Além de treinar funcionários e professores com a ajuda da Polícia Militar e da Polícia Civil, dentro do Projeto de Segurança Escolar, o Colégio Santo Anjo está trabalhando sobre o tema em sala de aula com todos os alunos, desenvolvendo conteúdos de acordo com a faixa etária e a capacidade de compreensão de cada uma.

A abordagem é sempre de acolhimento a eventuais temores e de esclarecimentos sobre a importância da participação de todos na construção de um mundo de paz. Nesta semana, os alunos foram convidados a expressar em desenhos, cartas e mensagens sentimentos que gostariam de plantar com os colegas e professores. Todo o material está colorindo uma árvore afixada na Unidade Barigui do Colégio Santo Anjo, onde haverá a “colheita” hoje. Cada aluno pegará uma mensagem e a levará para casa.

Também nesta quinta-feira, o delegado chefe, do Nuciber (Núcleo de Combate aos Cibercrimes), José Barreto de Macedo Junior, fará uma palestra sobre Rede de Proteção para os alunos do Colégio, às 9h30, e estará disponível para entrevistas.


Dois adolescentes são apreendidos no Paraná na Operação Escola Segura
Um adolescente de 16 anos foi apreendido na manhã de quarta-feira em Curitiba durante uma operação comandada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública contra a violência em escolas. Segundo informações da polícia, eram várias denúncias sobre as ameaças que o jovem vinha fazendo. Por decisão da Justiça, ele foi encaminhado para internação.

Também foi expedido mandado contra um adolescente de Guaíra e ele foi internado. A Operação Escola Segura cumpriu ontem dez ordens para internações provisórias, além de 13 mandados de busca e apreensão e 11 afastamentos de sigilo de dados dos adolescentes.

Os adolescentes apreendidos foram encaminhados para internação provisória. Eles têm entre 11 e 17 anos e são investigados “pela prática de atos infracionais equiparados aos delitos de ameaça, incitação ao crime, apologia ao crime ou criminoso, associação criminosa, além de incorrerem nos artigos 12 e 14 do Estatuto do Desarmamento”.

Rede Municipal — A rede municipal de ensino de Curitiba ganhou protocolos de segurança atualizados para que profissionais da Educação, crianças e estudantes saibam como agir em caso de um agressor invadir uma unidade.

Todas as escolas e os Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) já estão recebendo os treinamentos, realizados por equipes do Defesa Civil na Educação – Conhecer Para Prevenir (CPP). O programa é desenvolvido em parceria pelas secretariais municipais da Defesa Social e Trânsito e Educação.

Prefeitura reforça patrulha preventiva
A Prefeitura também reforçou o policiamento preventivo e ostensivo nas unidades educacionais e a cobertura da Muralha Digital nas unidades, que contam com câmeras e botão pânico. A Muralha Digital é o cerco de segurança com videomonitoramento implantado pela Prefeitura e que tem ajudado a reduzir crimes na cidade.

Ontem, a secretária Maria Sílvia Bacila (Educação) e o comandante da Guarda Municipal, Carlos Celso dos Santos Júnior, acompanharam os procedimentos do novo CPP na Escola Municipal Júlia Amaral Di Lenna, na Barreirinha. Após as orientações foram feitas em menos de cinco minutos para os 500 estudantes do pré ao 9º ano do Fundamental.

A Secretaria Municipal da Educação também passou a contar com um comitê interno criado para debater cultura da paz e segurança nas escolas.

O grupo de estudos vai integrar as reuniões da Escola de Pais, iniciativa que desde 2019 aproxima e orienta as famílias sobre diversos assuntos, como inclusão e equidade.

No último dia 11, segurança na rede municipal de ensino de Curitiba foi o tema da sessão plenária da Câmara Municipal. A convite dos vereadores, os secretários municipais Péricles de Matos (Defesa Social e Trânsito) e Maria Sílvia Bacila (Educação) falaram sobre patrulhamento preventivo, Muralha Digital e o CPP. “Prevenção é muito importante e fazemos nossa lição de casa. Temos protocolos e pessoas preparadas”, disse o secretário da Defesa Social.

Decisão
Presença facultativa

Apesar de o Sindicato de Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR) recomendar que as escolas mantenham suas atividades normalmente nesta quinta (20) diante das ameaças de ataques, muitas entidades de Curitiba desmarcaram avaliações e deixaram a presença dos alunos facultativa. Nos grupos de whatsapp, os pais estão divididos. “Vou mandar meus filhos para a escola, porque não quero fomentar essa onda de fakenews. Temos que confiar na segurança do colégio e da polícia.

Nossa resposta é não ter medo”, afirmou uma mãe, que tem três filhos em idade escolar. Outro pai afirmou que não vai correr o risco: “A gente sabe que não vai acontecer nada, mas dá uma insegurança, como temos como ficar com nosso filho, vamos deixa-lo em casa”. Eles preferiram não se identificar.