Coração do comércio de Curitiba, Rua XV sofre com onda de arrombamentos

Desde o final de julho, pelo menos sete ocorrências desse tipo foram registradas em estabelecimentos diferentes

Rodolfo Luis Kowalski
BANCAS ARROBADAS NA RUA XV

Rua XV de Novembro: coração do comércio curitibano vem sofrendo com arrombamentos na madrugada (Foto: Franklin de Freitas)

Considerada o coração do comércio de Curitiba, a Rua XV de Novembro tem enfrentado uma onda de crimes nas últimas semanas. Desde o final de julho, comerciantes que trabalham na região vêm sofrendo com uma série de arrombamentos que deixaram milhares de reais de prejuízo. As ações criminosas, que costumam acontecer durante a madrugada (quando a rua está menos movimentada e policiada), já afetaram pelo menos sete estabelecimentos em nove ocorrências diferentes. Lojas de roupas e de sapatos parecem ser os alvos prioritários, mas bancas e até floriculturas já se tornaram vítimas.

Um dos comerciantes ouvidos pela reportagem é dono há 14 anos de uma banca na XV e há 10 anos ele não sofria com arrombamentos. Mas agora teve de lidar duas vezes com esse tipo de situação em apenas uma semana. Com as ocorrências, sofreu um prejuízo de aproximadamente R$ 5 mil, o equivalente ao faturamento de duas semanas do comércio.

“Eu tive prejuízo com as portas que foram arrombadas, que são portas de vidros, e as grades que foram danificadas. Além disso, também tive prejuízo com cigarros que foram levados, sucos, águas, refrigerantes… Bebidas em geral”, diz o empresário. “Há 10 anos não tinha esse tipo de problema. Depois que coloquei as grades, não sofri mais com isso. Mas agora teve essa onda de vandalismo e eu fui uma das vítimas”, lamenta ainda ele.

“Todo dia tem uma loja que é assaltada”

A situação é a mesma de uma loja de roupas e sapatos que há dois anos funciona no Centro. Segundo o dono do comércio, até então nunca havia sido registrado qualquer situação desse tipo. No final de julho, porém, veio o primeiro arrombamento. E menos de duas semanas depois, a segunda ocorrência, ambas ocorridas durante a madrugada. Ao todo, um prejuízo de mais ou menos R$ 4 mil.

“Eles fazem o arrombamento e em questão de 10, 15 minutos, conseguem entrar na loja. Além dos tênis que levaram, tive que fazer uma troca de porta, mudar o sistema de alarme e colocar mais câmeras do lado de fora, para poder tentar pegar os caras no ato, alguma coisa do tipo, e poder chamar a polícia para resolver. Está bem complicado. Todo dia tem uma loja que é assaltada”, desabafa o empreendedor.

Entre as vítimas da onda de arrombamentos está até mesmo uma floricultura, invadida na última semana. Não eram as flores, no entanto, que os bandidos queriam, mas sim acessórios como vasos de alumínio, tesouras e bichos de pelúcia. “São mais itens que eles conseguem fazer uma revenda mais fácil”, explica o comerciante.

Arrombamentos têm afetado banquinhas, lojas de roupa e floriculturas (Foto: Franklin de Freitas)

A culpa é de quem?

Ainda de acordo com o dono da floricultura, os arrombamentos na Rua XV teriam crescido ao longo dos últimos anos, mas se intensificado de sobremaneira no último mês. O aumento no número de pessoas em situação de rua, opina ainda ele, estaria contribuindo para o aumento da criminalidade. Além disso, ele também nota a presença de “muita gente estranha, muita gente de fora”, principalmente vindo de São Paulo para Curitiba, já que os moradores de rua conhecidos e de longa data ele já conhece.

O dono da loja de sapatos e da banca arrombada, no entanto, tem uma opinião diferente. Para eles, a onda de crimes na região é fruto da ação de bandidos mesmo, talvez até uma quadrilha. “A gente viu pelas filmagens, o tênis que um dos caras [assaltantes] usava custa uns R$ 500. Pelas roupas, também. O estado em que eles estavam, não parece ser morador de rua, mas sim uma quadrilha organizada”, diz o empresário, citando que a suspeita dele e de outros comerciantes é que três homens e uma mulher estariam agindo.

“A primeira vez que entraram aqui tinha um que invadiu a loja e mais dois do lado de fora. Mas pelo que todo mundo fala, o que escuto nas conversas aqui, são três caras e uma mulher. A mulher provavelmente só fica fazendo a segurança dos ladrões, observando se a polícia aparece e, se aparecer, grita para avisar e eles poderem correr”, explica.