Maior projeto de reprodução de harpias em cativeiro do Sul do País, o Criadouro de Animais Silvestres da Itaipu Binacional (Casib), do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), recebe, nesta terça-feira (22), mais dois exemplares da espécie – que está ameaçada de extinção.
As aves serão transferidas do Parque Zoobotânico Vale (PZV), em Marabá, no Pará, onde vinham sendo tratadas desde 2011, depois de serem resgatadas pelo Ibama em um cativeiro particular na região do Tucuruí.
As harpias estão sendo transportadas de avião. O horário de chegada em Foz do Iguaçu ainda não foi confirmado. De acordo com o veterinário Wanderlei de Moraes, da Divisão de Áreas Protegidas (MARP.CD), que receberá as aves, logo depois do desembarque as harpias seguirão diretamente para o Casib, onde passarão por um período de quarentena.
Entre os primeiros cuidados, as harpias, identificadas como fêmeas, serão submetidas a exames de rotina e também de DNA, para a confirmação do sexo. A liberação da quarentena e o resultado da investigação da sexagem devem ocorrer em 20 dias. A transferência das harpias foi acertada pelo biólogo Marcos José de Oliveira, da MARP.CD.
Segundo Moraes, a transferência desses animais para o Casib é emblemática por alguns motivos. Primeiro porque amplia a diversidade genética do plantel de Itaipu e a própria população de harpias em cativeiro, visando a um futuro manejo da espécie no Sul do Brasil, onde está praticamente extinta.
Outro aspecto importante, para o veterinário, é que, atualmente, além de receber animais para a formação do plantel de reprodução, o Casib está buscando parceiros com a finalidade de montar uma rede de criadores interessados em colaborar com o aumento da população da ave.
Com a montagem da rede de criadores, explica Moraes, poderemos destinar nossos excedentes e ampliar o número de mantenedores da espécie. Este é o nosso grande desafio.
A harpia
Também conhecida como gavião-real, a harpia (Harpia harpyja) é uma das maiores aves de rapina do planeta, chegando a medir 2,5m de uma ponta a outra da asa. Originalmente, a espécie habitava uma ampla região que ia do Sul do México ao Norte da Argentina, compreendendo todo o atual território brasileiro. O contínuo desaparecimento das florestas, no entanto, fez reduzir drasticamente a população dessas aves, que precisam de grandes áreas de mata contínua para sobreviver.
Hoje, no Brasil, ela só é encontrada em abundância na região do bioma amazônico, além de poucos registros no que restou da Mata Atlântica. No Paraná, embora sua imagem esteja representada no alto do brasão de armas, sua presença é rara. O mais recente registro foi em 2005, no município de General Carneiro, no Sul do Estado.