
Pelo sétimo ano consecutivo, Curitiba registrou uma queda no número de adolescentes grávidas. Em 2023, 5,3% das gestantes da capital paranaense eram adolescentes, marcando uma redução de 11,6% em comparação com 2022, quando esse índice era de 6%. Esse é o menor percentual já registrado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) desde 1998.
Curitiba se destaca nacionalmente, sendo a segunda capital melhor posicionada em termos de gravidez na adolescência, atrás apenas de Florianópolis (SC). O índice curitibano está significativamente abaixo da média nacional de 12% e da média estadual de 9,5%, de acordo com dados preliminares de 2023 do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos do Ministério da Saúde.
- BR-116, entre o Paraná e SC, terá sistema pare e siga para obras a partir desta segunda; veja onde
- Pais devem comunicar as necessidades especiais de alimentação dos filhos às escolas em Curitiba
Trabalho Multissetorial
A redução do número de adolescentes grávidas é fruto de um trabalho conjunto, realizado por diversas Secretarias Municipais, com destaque para as Secretarias de Saúde, Educação e a Fundação de Ação Social, integradas pela Rede Mãe Curitibana Vale a Vida. A coordenadora da área de Saúde Reprodutiva da SMS, Ângela Leite Mendes, explica que a abordagem multissetorial é um dos principais diferenciais desse trabalho.
“Desde 2019, realizamos capacitações e conversas entre as secretarias, além de promover um diálogo constante com os profissionais de saúde sobre gravidez na adolescencia, tanto dentro quanto fora das unidades de saúde”, afirma Ângela.
A secretária municipal da Saúde, Tatiane Filipak, ressalta a importância do tema. “Temos equipes preparadas para orientar os jovens e fornecer informações qualificadas sobre saúde reprodutiva e os métodos contraceptivos disponíveis”, diz a secretária.
Programas e Ações Práticas
O trabalho entre as Secretarias de Saúde, Educação e a Fundação de Ação Social se materializa por meio de programas como #TAMOJUNTO, ELOS, Famílias Fortes e o Programa Saúde na Escola (PSE), que abordam questões de saúde reprodutiva e a prevenção de comportamentos de risco, como iniciação sexual precoce e o uso de drogas e álcool. Flávia Silva, técnica em prevenção e promoção da saúde da SMS, explica que também são realizadas ações focadas no fortalecimento dos vínculos familiares, especialmente em contextos de maior vulnerabilidade social.
“O objetivo de todas essas iniciativas é estimular o pensamento crítico nos jovens, com base em situações reais e como lidar com elas”, detalha Flávia.
No Serviço de Atenção Integral à Família (SAIF), vinculado à FAS, o tema da gravidez precoce é abordado em grupos de convivência, especialmente voltados para mulheres e adolescentes, nos 39 Centros de Referência de Assistência Social (Cras) de Curitiba. As equipes de Saúde participam ativamente dessas ações, trazendo informações sobre saúde sexual e reprodutiva. Cintia Aumann, diretora de Proteção Social Básica da FAS, explica que o trabalho socioeducativo busca fornecer mais informações para mães e adolescentes.
A Importância da Escolha
A adesão dos jovens aos programas de prevenção é fundamental para o sucesso das ações. A doutora Ângela Leite Mendes destaca que, apesar da oferta de orientação e métodos contraceptivos nas unidades de saúde, a decisão de usá-los é uma escolha dos jovens.
“O impacto positivo na redução das taxas de gravidez na adolescência é, em grande parte, uma questão comportamental. A orientação está disponível, mas cabe ao jovem decidir utilizá-la”, afirma a coordenadora.
Prevenção e Impactos Sociais
A Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, instituída em 2019, visa chamar a atenção para os impactos da iniciação sexual precoce e os desafios enfrentados pelas meninas grávidas, que vão além das questões de saúde.
“É importante lembrar que 50% das gestações no mundo não são planejadas, o que traz grandes impactos na vida das mães, que perdem oportunidades de estudar, trabalhar e exercer a autonomia sobre suas escolhas”, finaliza Ângela.
Esse conjunto de ações e estratégias têm contribuído para a significativa redução da gravidez na adolescência em Curitiba, um reflexo de um esforço contínuo em oferecer informações e apoio aos jovens da cidade.