
Curitiba está entre as primeiras cidades a receber equipes de cuidados paliativos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A capital receberá dez equipes de Equipe Matricial de Cuidados Paliativos (EMCP). Com investimento anual de R$ 5,3 milhões, a equipe será composta por médicos, enfermeiros, assistentes sociais psicólogos e técnicos de enfermagem, garantindo suporte especializado e humanizado para a população paranaense que necessita desse cuidado.
Leia mais
- Oficina da UFPR: receitas saudáveis para festa de 1 ano dos pequenos. Veja como participar
- Quer parar de fumar? 337 cidades do Paraná oferecem programa gratuito contra tabagismo
- Brasil registra mais de 34 mil casos de leucemia em dois anos; especialistas alertam sobre diagnóstico precoce
A medida integra o conjunto das 14 primeiras equipes matriciais e assistenciais do país, oficializadas pela Portaria GM/MS nº 8.032/2025, publicada em 1º de setembro. Além de Curitiba, também foram contemplados os municípios de Araguaína (TO), Blumenau (SC), Pelotas (RS). O investimento federal será de R$ 8 milhões por ano para custeio das equipes.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilhq destacou que a iniciativa busca “fortalecer a rede de cuidado e oferecer suporte técnico para levar alívio e dignidade a todos os brasileiros que precisam desse atendimento especializado”. Já o secretário de Atenção Especializada, Mozart Sales, reforçou: “Esses profissionais têm expertise e atuação fundamental. Vamos avançar rápido para credenciar mais equipes e consolidar essa política em todo o país”.
A meta do Ministério da Saúde é que até 2026 cada macrorregião do Brasil conte com pelo menos uma Equipe Matricial de Cuidados Paliativos (EMCP), que atuará como referência regional, apoiando outros serviços principalmente por telessaúde. Paralelamente, serão habilitadas gradualmente as Equipes Assistenciais (EACP), vinculadas diretamente a hospitais e serviços de saúde.
A Política Nacional de Cuidados Paliativos (PNCP), instituída em 2024, também dialoga com o programa Agora Tem Especialistas, que amplia o acesso a consultas, exames e cirurgias especializadas no SUS. Assim como o programa, a PNCP reforça o cuidado integral, com foco em áreas como oncologia e cardiologia, onde há maior incidência de sofrimento grave.
O que são cuidados paliativos
Cuidados paliativos são o conjunto de práticas médicas, psicológicas e sociais voltadas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Trata-se de uma abordagem multiprofissional, que envolve médicos, assistentes sociais, enfermeiros, dentistas, psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros. O objetivo não é necessariamente curar, mas aliviar o sofrimento, controlar sintomas (como dor, falta de ar e ansiedade) e oferecer suporte emocional, tanto para o paciente quanto para sua família.
“É uma abordagem da saúde que, se eu pudesse simplificar em uma palavra, seria conforto. Eu uso a metáfora de que receber um diagnóstico de uma doença grave é como estar num voo turbulento. O destino é incerto e o voo vai ser difícil, mas eu tenho uma boa notícia: nós vamos levar você para a primeira classe. O voo vai seguir difícil, turbulento e incerto, mas lá você vai ter mais conforto e uma equipe que é especializada para te acolher, para te atender, para conversar com você, entendeu?”, explica Tom Almeida, fundador do Movimento inFINITO, uma iniciativa que promove diálogos sobre a vida, a morte e os cuidados paliativos.
A médica e escritora Ana Claudia Quintana Arantes se define como uma ativista da cultura de cuidado. Autora de livros como “A morte é um dia que vale a pena viver”, ela afirma que a entrada precoce em cuidados paliativos é pode melhorar a qualidade de vida das pessoas e fazer com que elas vivam mais. “Como nós temos uma atenção muito cuidadosa para todas as dimensões do sofrimento, consegue-se fazer com que essa pessoa tenha um desempenho clínico melhor. Se ela está sem dor, se está dormindo bem, se a família está pacificada e ela tem acesso ao tratamento que é necessário, é isso que vai realmente fazer com que ela viva bem”, explica.
Toda pessoa que estiver com uma doença que ameace a continuidade da vida pode ser beneficiada por o tratamento. Um exemplo é o de Robert Thompson, um senhor inglês de 91 anos, que mora em Brasília e vive, há 13 anos, em cuidados paliativos. Atendido pelo Hospital de Apoio na capital, ele convive com um câncer metastático. Bob, como é chamado, passa os dias pintando telas em sua casa e fazendo pequenas embarcações de madeira.
Princípios dos cuidados paliativos
- Propiciam alívio da dor e outros sintomas desagradáveis;
- Afirmam a vida e consideram a morte como um processo natural;
- Não pretendem apressar e nem prolongar a morte;
- Integram os aspectos psicológicos e espirituais do atendimento ao paciente;
- Oferecem um sistema de apoio a ajudar os pacientes a viver o mais ativamente possível;
- Oferecem um sistema de apoio para ajudar a família a lidar com a doença do paciente e em seu próprio luto;
- Melhoram a qualidade de vida e podem influenciar positivamente no curso da doença;
- São aplicáveis no início do curso da doença e, em conjunto, com outras terapias modificadoras de doença destinadas a prolongar a vida (quimioterapia e radioterapia), gerenciando melhor as complicações clínicas angustiantes.