Curitiba guarda a única múmia inteira do Brasil.”Tothmea” faz parte do acervo do Museu Egípcio Rosacruz de Curitiba e ela é pelo menos 500 anos mais antiga que Jesus Cristo. A múmia de uma dama egípcia com aproximadamente 2.700 anos está no museu desde 1995.
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“Tothmea” foi uma egípcia que viveu provavelmente no final do Terceiro Período Intermediário (1070 – 712 a. C.) ou no início do Período Tardio (c. 712 – 332 a. C.) – entre os séculos VI ou VII a. C.. Não tem muitas informações sobre sua vida, até mesmo seu nome verdadeiro não é conhecido. Ela recebeu o apelido de “Tothmea” de um senhor chamado Farrar, em 1888, como homenagem aos faraós Tothmés, os quais governaram o Egito durante a 18ª dinastia (entre os anos de 1504 e 1425 a. C.).
De acordo com fontes escritas, datadas de 1888, havia uma inscrição no ataúde de “Tothmea” a qual mencionava que ela teria se dedicado a serviço de Ísis. Segundo historiadores, as funções que ela exercia não eram propriamente sacerdotais, mas não se descarta a possibilidade que ela tenha atuado como cantora ou até mesmo como musicista de um santuário da deusa.
O caminho da múmia Tothmea até Curitiba
A múmia foi doada em 1995 ao Museu Egípcio de Curitiba pelo Museu Rosacruz da Califórnia, nos Estados Unidos. Ela foi encontrada em Tebas, na segunda metade do século XVIII. O infortúnio até o descanso em Curitiba estava apenas começando para Tothmea.
Em 1885 a múmia foi dada de presente ao governo americano que visitava o Egito. Depois disso, foi adquirida pelo Museu de Round Lake, George West. Em 1888 ela foi desenfaixada, em um evento que teve até cobrança de ingresso nos Estados Unidos.
A múmia ficou exposta até 1918 no George West e quando o museu fechou foi colocada numa caixa e guardada em um celeiro, sem nenhum cuidado até 1939, quando um professor a levou para o Museu de Schenectady, local onde após ser exposta algumas vezes foi parar no porão.
De um porão para outro, em 1984 ela regressou para Round Lake e em 1987 adquirida pelo Museu Rosa Cruz San Jose, na Califórnia, que é a exemplo do Museu Egípcio de Curitiba integra a Ordem Rosacruz.
Foram anos guardada na reserva técnica até ser doada ao Museu de Curitiba, em 1995.
Tothmea foi embalsamada. Teve o cérebro extraído por meio das narinas e resina vegetal inserida no crânio. Os olhos não foram retirados, embora intestinos, estômago e fígado tenham sido. Essas descobertas foram feitas porque a múmia passou por tomografias em 1999, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Para servir de tumba para a múmia “Tothmea”, foi construída uma antecâmara e uma câmara funerária em um espaço interno do Museu Egípcio e Rosacruz. As pinturas murais e as inscrições foram inspiradas nas tumbas tebanas do Reino Novo (1550-1070 a.C.). A Antecâmara apresenta cenas cotidianas como os portadores de oferendas, festas com músicos e musicistas tocando instrumentos da época, representações da colheita e joeiramento do trigo. Na entrada para a câmara funerária figuram duas representações de Anúbis, na forma de chacal, protegendo a passagem. A Câmara Funerária exibe cenas religiosas, tais como: oferendas feitas aos deuses, adoração a uma das principais tríades egípcias (formada por Osíris, sua esposa Ísis e o filho Hórus), a preparação da múmia pelo deus Anúbis e o “Julgamento do Morto”. No teto abobadado temos uma representação do mito da criação do mundo, originário da cidade de Heliópolis. A decoração das duas câmaras foi elaborada e executada pelo artista plástico paranaense Luiz César Vieira Branco.
Trabalho de reconstrução facial da múmia Tothmea
Em 2013 um trabalho de reconstrução facial da Tothmea foi realizado pelo Designer 3D Cicero André da Costa Moraes, em conjunto com o Museu Egípcio e Rosacruz.
Quando foi realizado o Projeto Tothmea foi possível coletar diversos dados sobre a múmia com a pesquisa podendo revelar a todos os detalhes de como ela foi mumificada, sua idade e sua história, desde que ela foi levada do Egito para os Estados Unidos até a sua chegada no Brasil. Em algum momento, entre a década de 1930 e 1972, a face de Thotmea foi quebrada e a partir dos fragmentos dos ossos que permaneceram dentro do crânio tornou-se possível não apenas devolver a estrutura anatômica dos mesmos como possibilitou a realização da aproximação facial forense.
Serviço
Para conhecer o Museu Egípcio Rosa Cruz é preciso comprar ingresso AQUI.
O Museu abre de terça a sexta das 10 horas às 17h30 e aos fins de semana e feriados das 10 às 17 horas. E fica na Rua Nicarágua, 2620 – Bacacheri.