Curitiba inaugura 1º Museu Virtual Cigano

Redação Bem Paraná

Curitiba inaugura o primeiro Museu Virtual de Memórias da Imigração Cigana. Será no dia 8 de abril, que é o Dia Internacional dos Povos Ciganos.

O Museu Romanô Curitiba é pioneiro no Brasil e foi idealizado pela cigana Hayanne Iovanovitchi, neta de Cláudio Iovanovitchi, que morreu na última sexta-feira (28). Cláudio era um grande nome na luta pela preservação dos povos ciganos, representante da Associação de Preservação da Cultura Cigana e o Museu era um grande sonho. “Esse museu foi construído pelas mãos do meu avô, em cada detalhe, cada história e cada lembrança”, disse Hayanne.

“Dois dias antes de ele falecer inesperadamente, ele fez a aprovação final do projeto, e ele estava animado com o lançamento. Agora, estamos lutando para que ainda mais a cultura cigana e, sobretudo a trajetória dele, seja valorizada”. O projeto, que vinha sendo pensado há mais de um ano, foi viabilizado por meio da Lei de Incentivo à Cultura da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e tem curadoria de Neiva Camargo Iovanovitchi e conta com o patrocínio da PESA-Cat – Paraná Equipamentos S.A.

O Museu Virtual de Memórias da Imigração Cigana em Curitiba, que teve um investimento de cerca de R$ 80 mil, surge como uma iniciativa inovadora para registrar e preservar a história da comunidade cigana no estado, que tradicionalmente se baseia na oralidade e que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil chega a quase 1 milhão de pessoas. “A nossa história, quando registrada, foi muitas vezes contada por não ciganos, carregada de estereótipos e fantasias. Com o Museu, finalmente temos a chance de narrar nossa trajetória com nossa própria voz, sem distorções. Era esse o desejo do meu avô, trazer protagonismo para o povo cigano e, sobretudo, entender que o povo de Curitiba também é formado por essa cultura”, afirma Hayanne.

O acervo, disponibilizado de forma 100% online, é estimado em cerca de 180 peças e reúne documentos históricos, fotografias, vídeos e relatos exclusivos, incluindo materiais inéditos sobre a chegada dos ciganos da etnia Rom ao Paraná. A curadoria foi conduzida com base na pesquisa de Cláudio, neto de Duchan Iovanovitch – cigano que chegou da Iugoslávia em terras paranaenses em 1926. Por muitos anos, Cláudio conservou e resgatou a história da família a partir de documentos herdados de seu avô. “A vida do meu avô foi dedicada em valorizar o nosso povo, e apesar da tristeza, temos certeza que será um momento inclusive, de celebrar a sua vida”, diz Hayanne. O Museu Virtual contará com recursos de acessibilidade e registros audiovisuais para proporcionar uma experiência inclusiva e interativa.

A inauguração oficial acontecerá no dia 08 de abril no Museu Paranaense, a partir das 19h, em um evento aberto ao público e que contará com uma roda de conversa sobre o processo de criação do museu e exposição de algumas peças físicas do acervo. A cerimônia, que seria conduzida por Cláudio, terá a participação da antropóloga do Museu Paranaense Josi Spenassatto, da proponente do projeto Hay Iovanovitchi, além de autoridades convidadas do governo estadual e federal. “Para nós, povos ciganos, vai ser um momento de homenagear meu avô e o legado que ele deixou. Ainda, vai ser um momento de fortalecer ainda mais a necessidade de valorizar a cultura cigana”, celebra Hayanne.

O projeto busca ampliar o conhecimento sobre a cultura cigana e combater preconceitos por meio da preservação da memória e do acesso à informação verídica. Além do público em geral, o museu pretende engajar pesquisadores, estudantes, professores e agentes públicos que trabalham com os direitos dos povos ciganos. “Nossa ideia é mostrar ao público uma nova perspectiva do povo cigano e da nossa história. Tenho certeza que o Museu Romanô trará uma contribuição significativa para a cultura do estado”, finaliza a idealizadora do projeto.

Sobre Hayanne Iovanovitchi
Cigana de etnia Rom, Hayanne Iovanovitchi é trineta de Duchan Iovanovitch e pertence à quinta geração da Família Iovanovitchi em Curitiba. Bacharel em Direito, atriz e produtora cultural, é idealizadora do Coletivo de Mulheres Ciganas do Brasil e membro do Coletivo Ciganagens.

Sobre Cláudio Iovanovitchi (in memoriam)

Cláudio Iovanovitchi era importante liderança cigana Rom, fundador da Associação de Preservação da Cultura Cigana no Paraná (APRECI/PR) e defensor incansável da valorização das tradições ciganas. Cláudio também integrava o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) e atuava como vice-presidente do Sindicato dos Produtores Culturais do Estado do Paraná. Natural de Ponta Grossa e residente em Curitiba desde a década de 1970, Cláudio desenvolveu uma forte relação com o teatro e a pesquisa histórica. Deixa um legado importante para a preservação e difusão da cultura cigana no Brasil.

Serviço:
Evento de lançamento do Museu Romanô de Curitiba
Data: 08/04/2025
Horário: 19h
Local: Museu Paranaense – R. Kellers, 289 – São Francisco, Curitiba – PR

https://www.museuromanocuritiba.com/