Franklin de Freitas

O ano é 1693. O dia, 29 de março. Foi nessa data que o capitão-povoador Matheus Martins Leme, ao coroar os “apeloz de paz, quietação e bem comum do povo”, promoveu a primeira eleição direta para a Câmara de Vereadores e a instação da Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, que mais tarde viria a se chamar Curitiba.

O primeiro morador da cidade, segundo conta o livro “O Centro Histórico de Curitiba”, de Edilberto Trevisan, foi um senhor chamado Lourenço de Andrade. Sua residência ficava na Rua Fechada, atual José Bonifácio (ao lado da Catedral Nossa Senhora da Luz), uma região que foi de fundamental importância para a Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais – nome que só viria a ser alterado em 1721, com a visita do ouvidor Raphael Pires Pardinho, hoje nome de praça na cidade.

Desde então, Curitiba cresceu. E muito. Prova disso é que a cidade, segundo o Instituto de Pesquisa e Planejamento urbano de Curitiba (Ippuc), conta atualmente com 9.648 ruas, das quais 1.206 são logradouros não denominados ou com as denominações em fase de oficialização.

Para quem quer conhecer um pouco mais sobre a cidade, então, o Bem Paraná preparou uma lista com algumas das ruas mais curiosas da cidade.

Rua José Bonifácio, no Centro

Foi ali onde tudo começou. A José Bonifácio, nome que homenageia o Patriarca da Independência do Brasil, é considerada a primeira rua de Curitiba. Na época, porém, a rua era conhecida pelo nome “Fechada”. Como o Pelourinho, instalado no ano de 1668, ficava próximo dali, os moradores recém-chegados à região passaram a procurar locais próximos para servir como residência.


Rua Amilton Breda, no bairro Cajuru

Se você procurar no Google Maps, não irá encontrar esse logradouro. Mas trata-se da menor rua de Curitiba, com apenas 21,17 metros. Olhando, até parece mais um beco do que uma rua. O logradouro fica próximo do número 1.230 da Rua Trindade, mais fácil de ser encon trada.


Rua Deputado Wanderley Junior, no bairro Ahú

Localizada entre as ruas Doutor Nelson de Souza Pinto e a Antonio Correia Bittencourt, a Deputado Wanderley Junior é uma rua residencial que se destaca por sua beleza, parecendo uma espécie de túnel de árvores.


Avenida Luiz Xavier, no Centro

A Luiz Xavier foi criada no início do século XX e batizada em homenagem ao ex-prefeito de Curitiba, Luiz Antõnio Xavier, que ficou no cargo de 1900 a 1907 (foi o primeiro chefe do Executivo a ser reeleito na cidade). Com extensão de 152 metros, é popularmente conhecida como a menor avenida do mundo, mas o título é falacioso: em Curitiba mesmo há uma avenida menor, com 136 metros: a Avenida IV Centenário da Cidade do Rio de janeiro, na CIC.


Avenida Marechal Floriano Peixoto

É a maior via de Curitiba em extensão, com 12,5 km. Mas há quem diga que a avenida mais longa é o trecho urbano da Linha Verde (BR-476), que vai do Atuba ao Pinheirinho, com 22 km. A avenida Juscelino Kubitschek, na CIC, tem 13,7 km, mas também é considerada um trecho de estrada (a BR-376) que passa por Curitiba. Outra concorrente é uma via que tem mais de 18 km de extensão e só não ostenta o título da mais extensa porque muda de nome nove vezes: começa como Rua Eduardo Sprada, vira Avenida Nossa Senhora Aparecida, depois Rua Gonçalves Dias, e Avenida do Batel, que vira Rua Benjamin Lins, e passa a ser a Doutor Pedrosa e André de Barros, logo após se torna a Rua Nilo Cairo até terminar como Avenida Senador Souza Naves.


Rua São Francisco, no Centro

Uma das mais badaladas vias na noite curitibana, tornou-se também símbolo de uma nova forma de ocupação das vias públicas, o que provocou polêmica por um bom tempo na cidade, com acusações de abusos de drogas no local e incômodo aos moradores. Mais recentemente, a Praça de Bolso do Ciclista, que fica no começo da rua, foi revitalizada numa ação que reuniu artistas, ciclistas e a comunidade em geral.


Rua XV de Novembro, no Centro

É a via mais movimentada de Curitiba e foi também a primeira grande via pública exclusiva para pedestres do Brasil, inaugurada em 1972. Já foi também chamada de Rua da Imperatriz, mas o nome foi trocado pelo atual dias após a proclamação da República. Já seu apelido, Rua das Flores, remete ainda ao tempo da monarquia, época em que as casas de madeira possuíam jardins muito floridos.


Livro conta a história do nome das ruas curitibanas
Histórias de algumas personalidades, conhecidas e desconhecidas, e outros nomes curiosos que denominam as ruas da cidade, estão no livro “1001 Ruas de Curitiba”. Organizado pela arquiteta do Ippuc, Camila Muzzillo, a obra foi lançada em 2011 é fruto de uma pesquisa sobre as ruas de Curitiba que a profissional começou a fazer antes mesmo de passar no concurso público e ser contratada pelo Ippuc.

Junto com as histórias e a denominação, está identificado ainda o bairro de localização da rua, como por exemplo, Rua Jackson de Figueiredo – Parolin. A fonte da pesquisadora foram bibliotecas, tanto da Universidade Federal do Paraná como na Biblioteca Pública do Paraná, e o próprio Ippuc, instituição que Camila veio há trabalhar três anos depois de começar o levantamento.

O nome das ruas sempre despertou a curiosidade dos cidadãos. A procura por esse tipo de informação fez o Ippuc montar um banco dados sobre o assunto e disponibilizar no site (www.ippuc.org.br). Quem quiser acessar bastar acessar o Curitiba em Dados, do lado direito da tela e clicar em Curitiba. Na segunda tela de informações aparecerá o ícone Nomes de Rua, que trará as informações por ordem alfabética.

Rua e avenida: qual a diferença?

Rua, avenida, alameda, travessa, viela… Os nomes são muitos. Mas afinal, qual a diferença entre os diversos logradouros?

– Rua: Via com largura entre 7,2 e 19,99 metros
– Viela: espaço de circulação exclusiva para pedestres que interliga dois logradouros.
– Passarela: Via aérea ou subterrânea para circulação exclusiva de pedestres
– Avenida: via com largura igual ou superior a 20 metros
– Travessa ou passagem: Via com largura entre 3,61 e 7,19 metros
– Parque: Local com grandes dimensões e equipamentos destinados á cultura e aos esportes
– Praça: logradouro destinado ao lazer e cercado por outras vias ou imóveis

Quais os critérios para dar nome às ruas?
Cabe aos vereadores de Curitiba criar nomes para as ruas da cidade. Mas para que as denominações sejam aprovadas, precisam estar de acordo com os critérios definidos pela Lei Municipal 8.670, de 1995.

Se o nome da rua se referir a algum momento histórico, por exemplo, este deve ter acontecido há mais de 25 anos e o nome também deve ser curto.

Não é permitido dar nome de pessoas vivas a bens públicos. Se o homenageado já tiver morrido, é ainda preciso provar a relevância da denominação e o nome dele não pode ser muito extenso.

Também é possível dar nomes que façam referências a lugares, animais, vegetais e coisas. Já nomes com finalidade propagandística ou que incite o ódio são proibidos.